Erros estruturais e atrasos: clientes alegam golpe de construtora no DF
Após contato da reportagem, as partes agendaram reunião. Empresa diz estar focada na solução e compreensão dos problemas
atualizado
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Responsável pela elaboração de projetos e construções de casas de alto padrão em Brasília, a empresa Alabarce Engenharia é acusada por seus clientes de receber os valores acordados em contrato, mas não entregar o imóvel dentro do prazo estipulado ou concluir a obra com erros estruturais.
Conforme anunciado no site da empresa, a promessa é de entregar as casas prontas em até 10 meses. No entanto, pelo menos 10 pessoas relatam o problemas com a empreiteira.
O Metrópoles foi procurado por um desses clientes, mas que preferiu não se identificar. Ele conta que contratou os serviços da empresa em maio de 2019, no Park Way, com previsão de entrega em 2020, mas que até o momento apenas 19% da obra foi executada (foto em destaque).
“Essa execução tem diversos erros estruturais básicos, pilares onde não existiam, pilares que deveriam existir e não foram colocados”, declara. “Fui em outras obras para descobrir se estava acontecendo com outras pessoas. Hoje temos um grupo no WhatsApp com 11 obras e todas com problema”, revela o cliente.
“Tem obras de pessoas que não conseguiram mais pagar e tiveram que ir morar com o projeto inacabado, outras com 11 meses além do previsto no contrato. São diversas pessoas, em momentos diferentes, que estão sendo lesadas pela construtora, que promete entregar em 10 meses”, acusa.
Ele declara ter um prejuízo de cerca de R$ 280 mil devido aos problemas com a empreiteira. “Tem casa construída com metragem a menos, em outra, a laje cedeu”, diz. O cliente afirma que ao procurar pelos responsáveis as respostas são vagas. “Ele dizem que estão passando por uma restruturação de procedimentos internos e a obra vai sair. São sempre desculpas evasivas”, lamenta.
Na última semana, o cliente comunicou o distrato, meio formal usado para anular o acordo, e aguarda pelo laudo da perícia para entrar com ação no Conselho Regional de Engenharia (Crea-DF) e na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraude (Corf), da PCDF.
Nas redes sociais, as reclamações seguem na mesma linha. “Venho aqui expressar mais uma vez a minha indignação com essa empresa. Até agora não começaram a minha obra e ficam dando desculpas incabíveis”, escreveu uma internauta.
“O meu sonho era a minha casa ser construída pela Alabarce. Forcei o meu esposo a fechar com vocês e agora estou vivendo um grande pesadelo. É inacreditável”, resumiu.
O que diz a empresa?
O Metrópoles procurou a Alabarce Engenharia, que se manifestou por meio de seu advogado. Em nota, a empresa destacou que inúmeros projetos foram finalizados com sucesso, rendendo elogios, e se comprometeu a integrar as obras.
Veja nota na íntegra:
“Diante dos reflexos negativos provocados pela pandemia de Covid-19 que causaram o adoecimento reiterado de funcionários e prestadores de serviços, bem como instabilidade no preço e no fornecimento de insumos, o gerenciamento das obras em curso se tornou bastante desafiador.
Ciente de que se trata apenas de uma fase difícil para a humanidade, o time Alabarce está engajado para concluir todas as construções de maneira adequada, sempre atenta aos caracteres legais e jurídicos de cada caso.
A Alabarce Engenharia compreende a ansiedade de alguns consumidores e, por acreditar sempre no bom relacionamento, busca o diálogo individualizado e de acordo com as fases contratuais e peculiaridades em que se encontram.
Para tanto, contratou recentemente uma equipe especializada nessa abordagem, capitaneada pelo Dr. Laerte Queiroz, a qual está focada na solução e compreensão dos problemas pontuais eventualmente observados.
Em que pese todo o seu esforço, lamenta a atitude conflituosa de três clientes, os quais buscam instar outros a aderir a suas insatisfações, provocando narrativas desarrazoadas e perniciosas.
Das mais de sessenta obras em andamento, apenas esses clientes solicitaram a interrupção de suas empreitadas, formaram grupos paralelos de diálogos e buscam com isso exercitar de forma aparentemente abusiva um direito legal e contratualmente previsto, qual seja, o de buscar a rescisão.
Por fim, consciente de sua boa conduta e de sua atuação profissional, a Alabarce Engenharia encerra este pronunciamento se valendo de uma frase famosa de Fernando Sabino, em que expressa ‘de tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro’. Com essas palavras, a empresa segue confiante na fidelidade de suas condutas”
Solução
Após o contato da reportagem, uma reunião entre as partes foi marcada na tarde dessa quinta-feira (17/6). Segundo apurado, novas reuniões individuais serão agendadas nos próximos dias.