Erro de dosagem em frascos causa desperdício de vacinas da AstraZeneca no DF
Preocupada com sobra do insumo, Secretaria de Saúde do DF enviou ofício ao Ministério da Saúde cobrando providências
atualizado
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Num momento em que ser vacinado contra a Covid-19 é privilégio de poucos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal foi obrigada a desprezar pequenas quantidades da vacina da Universidade de Oxford/Astrazeneca, produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por causa de erros no processo de envase.
Segundo memorando enviado pela Gerência de Serviços de Atenção Primária Nº 4 do Guará (GSAP 4 Guará), por três dias seguidos, as doses do imunizante vieram com 0,5 mililitro para mais ou para menos.
“No dia 01/02/2021 recebemos 10 frascos da vacina supracitada, os mesmos deveriam totalizar 100 doses da vacina, porém, ao final do dia, o conteúdo disponibilizado apenas ofertou 96 doses da vacina, restando 0,4 ml que foram desprezados”, afirma um trecho do documento.
O memorando foi enviado à Diretoria Regional de Atenção Primária à Saúde (Diraps). Além disso, a mesma gerência abriu um registro no Ministério da Saúde (MS), na quarta-feira (3/2).
O relato conta sobre outras duas ocorrências em dias consecutivos, em 2 e 3 de fevereiro. No dia 2, foram registradas doses a mais do imunizante: deveriam ser 150, mas chegaram 156. No dia 3, quando estavam previstas 30 doses, na verdade, foram 31, mas com 0,3 ml desprezado.
Veja o texto:
Este é o primeiro lote da vacina AstraZeneca usado pelo DF, que chegou ao Brasil em 22 de janeiro, com 2 milhões de doses. O imunizante foi comprado do Instituto Serum, da Índia, e liberado para ser distribuído no país após análise pela equipe técnica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
A logística de envio para as unidades da Federação é de responsabilidade do Ministério da Saúde, por meio do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
O que dizem os envolvidos
A AstraZeneca afirmou que o acordo realizado entre a empresa e o governo federal “abrange apenas os 100,4 milhões de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) que, posteriormente, terão sua produção finalizada pela Fiocruz. Esses IFAs virão da fábrica parceira da empresa na China”.
Ela diz ainda que, em relação aos 2 milhões de doses provenientes do Serum Institute of India, a farmacêutica atuou somente como mediadora entre a Fiocruz e o instituto. “Esse acordo foi fechado apenas pelas partes, ou seja, entre Fiocruz e Serum Institute of India”, ressaltou.
A Fiocruz disse que “a vacina produzida pelo Serum Institute é envasada de modo a garantir que o frasco tenha 10 doses utilizáveis, considerando possíveis variações no envase e pequenas perdas no manuseio dos frascos nos postos de vacinação”.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) informou, em nota, que foi observado, no DF e em outras unidades da Federação, que alguns frascos da vacina AstraZeneca apresentava “conteúdo acima dos 5 ml previstos pelo laboratório, ou seja, ao final da aplicação da vacina em 10 pessoas – sendo 0,5 ml em cada – observou-se a sobra de 0,2 a 0,3 ml em alguns frascos”.
Como a dosagem que sobra não é suficiente para ser utilizada na imunização, acaba sendo desprezada, acrescentou.