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Envenenamento: Secretaria recua e decide esperar investigação

Ex-diretor do CEF 410 Norte, Odailton passou mal na escola na última quinta-feira (30/01/2020) após tomar um suco e morreu

atualizado

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professor Charles
1 de 1 professor Charles - Foto: Reprodução

A Secretaria de Educação informou que vai aguardar a conclusão do inquérito policial para adotar as medidas “que forem cabíveis” no caso de suposto envenenamento do professor Odailton Charles Albuquerque Silva, 50 anos, ocorrido no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte. Às 9h16 desta quinta-feira (05/02/2020), a assessoria de imprensa da pasta confirmou ao Metrópoles que seria instaurado um processo administrativo disciplinar (PAD) para apurar conduta da servidora que estava com ex-diretor. No entanto, às 13h04, recuou e garantiu que as investigações no âmbito da secretaria serão feitas após o término do inquérito policial.

Odailton (foto em destaque) passou mal na escola na última quinta-feira (30/01/2020) após tomar um suco. Ele morreu nessa terça-feira (04/02/2020). A suspeita é que ele tenha sido envenenado dentro do colégio. A mulher teria oferecido a bebida ao professor. Em áudios enviados a amigos, o ex-diretor conta que o suco o fez sentir-se mal.

O caso foi revelado pelo Metrópoles na tarde dessa terça. O docente afirma nas gravações de WhatsApp que desconfiava de alguma substância estranha em sua bebida. “Alguém me ajuda, alguém me ajuda. Eu cheguei aqui, tomei um suco e acho que colocaram laxante, estou com muita diarreia”, disse o educador.

À medida que os áudios eram enviados, a situação piorava, o que ficou perceptível devido ao tom de voz e pela dificuldade de respiração do professor.

A servidora que estava com o docente em reunião e presenciou o episódio telefonou para a esposa de Odailton e informou que ele estava passando mal. A mulher do professor sugeriu que levassem o marido para o hospital. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conduziu o ex-diretor ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

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Faixa no CEF 410 Norte: "Luto"
A faixa foi colocada momentos após a morte do docente
Escola onde Charles trabalhava
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Professor Charles: Polícia Civil investiga o caso

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A faixa foi colocada momentos após a morte do docente

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O caso foi tipificado inicialmente como tentativa de homicídio e está sob investigação da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), agora como homicídio. O Metrópoles teve acesso a laudo preliminar com material biológico da vítima, o qual constatou que o educador teria sofrido intoxicação, provavelmente por algum organofosforado, substância presente em inseticidas e agrotóxicos.

Diante da situação, a família decidiu registrar a ocorrência com base no conteúdo dos áudios, que podem apontar a existência de um crime.

Dificuldades com colega

Segundo a reportagem apurou com pessoas próximas ao professor, ele chegou a relatar dificuldade de relacionamento com uma colega da escola, justamente a que teria oferecido o suco no dia da reunião.

Em uma das mensagens enviadas a um amigo que também trabalha na instituição, o docente pontuou que sua interlocutora “estava com a cara de poucos amigos”. Frisou ainda que não queria beber o suco, mas acabou aceitando a bebida para não fazer desfeita. Odailton desconfiava de que o líquido teria lhe feito mal.

O Metrópoles não vai divulgar o nome da servidora porque o caso está sob apuração e a polícia aguarda o laudo definitivo para tirar conclusões.

“A investigação não descarta nenhuma possibilidade. As pessoas que prestaram depoimento apresentaram versões divergentes, que estão em análise”, disse o delegado-chefe da 2ª DP, Laércio Rossetto. Agentes da Polícia Civil do Distrito Federal estiveram na escola em busca de provas, mas não localizaram a garrafa de suco.

A instituição de ensino possui câmeras que poderiam ter registrado a dinâmica do incidente, mas servidores informaram à reportagem, na manhã dessa terça-feira (04/02/2020), que os equipamentos estavam desligados.

Odailton Charles, ou Charles como era conhecido, foi diretor do CEF 410 Norte por seis anos e, no dia em que passou mal, teria ido ao colégio justamente para passar a função à atual administração.

Tanto amigos como familiares disseram à polícia que Odailton vivia uma fase boa e fazia planos para o futuro. Casado e pai de uma menina de 7 anos, o morador de Águas Claras planejava abrir uma empresa de assessoria. Recentemente, ele havia sido promovido pela Secretaria de Educação.

Nesta quarta-feira (05/02/2020), não há movimentação no colégio. Os vizinhos do CEF 410 Norte estão chocados com o caso.

Governo lamenta
Após o lançamento dos programas de cartões para creches e pequenos reparos em escolas, nesta quarta-feira (05/02/2020) o governador Ibaneis Rocha (MDB) e o secretário de Educação, João Pedro Ferraz, lamentaram a morte do professor da rede pública Odailton Charles Albuquerque Silva. “Uma situação bastante triste”, disse o emedebista.

“Olha, a informação que tenho é a da imprensa. A rede está toda muito triste com o episódio. Mas não podemos adiantar absolutamente nada. Porque nem as autoridades que fazem as investigações nos passaram qualquer sinalização”, afirmou o secretário.

Colaborou Francisco Dutra

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