Entrevista de medalhista olímpico do DF emociona e viraliza. Assista
Morador de Sobradinho (DF), atleta de marcha atlética conseguiu medalha inédita para o Brasil durante 4ª participação em Jogos Olímpicos
atualizado
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Após a conquista inédita da medalha de prata na marcha atlética de 20 km nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, o atleta Caio Bonfim, 33 anos, fez um desabafo comovente sobre a trajetória no esporte durante a celebração do pódio, nesta quinta-feira (1º/8).
“Um cara me perguntou: ‘Foi difícil essa prova?’. Eu falei: ‘Não. Difícil foi desde o dia em que fui marchar na rua pela primeira vez e fui xingado’. E eu disse: ‘Estou pronto, pai, quero ser marchador’. Quando falei isso para meu pai, foi o dia em que decidi ser xingado sem problema”, contou o atleta à CazéTV, logo após o fim da prova.
A vitória que garantiu um lugar no pódio para o atleta foi o melhor resultado da história do Brasil na marcha atlética em Jogos Olímpicos. Na edição do Rio de Janeiro, em 2016, Caio ficou na quarta colocação. Em mundiais, ele conseguiu bronze em duas oportunidades, em 2017 e 2023.
“São quatro Olimpíadas [de que participei]. Terminei carregado em uma cadeira de rodas, em 2012; em quarto no meu país [nos jogos de 2016], com minha família; em 13º [nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020]; e, aqui [em Paris], virei medalhista olímpico. Esse momento é eterno. Tem de ter muita coragem para viver da marcha atlética”, completou Caio durante a entrevista.
Nascido no Distrito Federal e até hoje morador da capital do país, o atleta cresceu e treinou durante toda a trajetória esportiva no Centro de Atletismo de Sobradinho, fundado pela mãe e pelo pai dele, que tentavam democratizar o acesso ao atletismo na região administrativa.
A relação do atleta com a marcha atlética vem de gerações. A mãe, Gianette Bonfim, foi campeã brasileira oito vezes e quase chegou a disputar uma Olimpíada. O treinador dela foi o atual marido, pai de Caio, João Sena.
Hoje, o esportista é treinado pelos pais. “Valeu a pena pagar o preço [do esforço]. Hoje, pude falar para meu pai e para minha mãe: ‘Nós somos medalhistas olímpicos’. Eu brinco que o Brasil tem dois esportes – um é o futebol, o outro é o que está ganhando. Se você quer aparecer, tem de estar nesse outro que está ganhando”, ponderou Caio.
O brasiliense também comentou que os sul-americanos enfrentam dificuldades extras no circuito internacional do atletismo. Na prova de que Caio participou, Daniel Pintado, do Equador, fez o melhor tempo, de 1h18min55s, e ficou com o ouro. O espanhol Alvaro Martin fechou o pódio em terceiro, com 1h19min11s.
Caio chegou a receber duas advertências durante a disputa, mas, ainda assim, manteve a técnica e levou a medalha para casa, como ele mesmo contou.
Assista à entrevista completa:
Trajetória
A primeira participação de Caio nas Olimpíadas ocorreu em Londres, em 2012. Na primeira disputa em jogos, ele terminou na 39º colocação.
Nos jogos seguintes, também competiu: no Rio, teve o melhor resultado da história do Brasil na modalidade, mas ficou em quarto lugar; em Tóquio, acabou em 13º.
O atleta também tem no currículo duas medalhas de prata e duas de bronze, nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023. Bonfim conta, ainda, com outros dois bronzes, em mundiais de marcha atlética.
Em 2024, ele chegou aos Jogos Olímpicos de Paris como recordista sul-americano (1h19min52s) e na terceira posição do ranking mundial da modalidade esportiva.