Entregadores do DF protestam contra PM que agrediu motoboy
Profissionais estiveram em frente ao prédio palco das agressões e pediram que o militar fosse punido. Caso é investigado pela 17ª DP
atualizado
Compartilhar notícia
Palco de uma discussão envolvendo um policial militar e um motoboy, o condomínio Carpe Diem, em Taguatinga, foi alvo de protesto de motoqueiros nesta segunda-feira (20/01/2020). Os condutores se concentraram em frente ao prédio e pediam que o militar fosse punido pelas agressões.
O caso ocorreu na noite de domingo (19/01/2020) e será apurado pela 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). Os investigadores também apuram a denúncia de que a placa da motocicleta é adulterada. O registro do veículo é de Aparecida Goiânia (GO).
Em entrevista ao Metrópoles, o síndico do condomínio, Rafael Curinga, conta que o entregador recebeu diversos pedidos para que saísse do lugar em que estava estacionado, pois atrapalhava os pedestres. De acordo com o administrador, ele foi xingado várias vezes, assim como o PM.
Veja o vídeo do protesto:
Segundo o síndico, o motoboy chegou à entrada do prédio às 20h26 e estacionou em frente à passagem utilizada pelos moradores. “O porteiro pediu para que ele estacionasse em outro lugar, mas o entregador disse que ia ficar ali mesmo até terminar o serviço.”
Pouco depois, às 20h30, o motoboy voltou, segundo Rafael. “Em vez de ir embora, acendeu um cigarro e ficou sentado em cima da moto.” Novo pedido teria sido feito para ele sair do local, mas, de novo, houve recusa.
Nesse meio-tempo, o PM estava chegando em casa, viu a confusão e perguntou o que acontecia. “O policial militar pediu para ele tirar [a moto] e foi xingado também. Depois disso, é o que aparece nas filmagens que outra moradora fez”, afirma.
Rafael desceu à portaria depois de o PM ter sacado a arma. “Mesmo com aquilo tudo, o motoboy não quis sair. Fui xingado e, só quando as viaturas da polícia chegaram e fomos à delegacia, ele saiu”, explica.
Um morador do condomínio, que preferiu não se identificar, confirmou que o entregador se recusou a tirar a moto da frente do prédio, mesmo tendo recebido vários pedidos. “Ele xingou o porteiro, falou que não ia sair dali. Desceu o síndico, que também falou para ele tirar, mas o motoboy não tirou”, afirma.
Na versão do vizinho, porém, foi o próprio condomínio que pediu a ajuda do PM para resolver a situação.
Vídeos
Imagens circularam em diversas redes sociais e aplicativos de mensagem. Nos vídeos, o PM, sem farda, e o motoboy discutem. Em determinado momento, o policial saca um revólver da cintura e ameaça o entregador. O caso foi registrado na 12ª DP (Taguatinga Centro).
A PMDF informou, por meio de nota, que vai “analisar as imagens e verificar a situação”. Também disse que o PM foi chamado pelo porteiro e pelo síndico do prédio, devido à “atitude agressiva e suspeita” do entregador.
A corporação diz que, na delegacia, foi constatado que o motoboy “possui várias passagens pela polícia, entre elas, por porte ilegal de arma de fogo, receptação e desacato”.
O próprio PM registrou a ocorrência na PCDF. Foram ouvidas testemunhas, e os envolvidos seguiram para o Instituto de Medicina Legal (IML). O motociclista, de 21 anos, também prestou depoimento na delegacia.
Veja as imagens:
“Grosseria”
Abel dos Santos, 28, representante da Associação de Entregadores por Aplicativo, apresenta uma versão diferente. Segundo ele, foram os porteiros quem começaram com a falta de educação. “Ele respondeu à ignorância. Foram grosseiros com o entregador, que respondeu com grosseria”, diz.
De acordo com Abel, o entregador não achou um lugar melhor para estacionar a moto e acabou parando ali, achando que seria algo rápido. “Acontece com todo motoboy. São poucos os prédios que têm lugar para moto. Aí, a gente para onde consegue”, alega.
Para ele, o PM demonstrou descontrole durante a discussão. “O entregador não oferecia nenhum tipo de ameaça. O militar que se alterou, não teve controle.”
Devido a casos como esse, Abel defende a união entre os entregadores: “A gente criou a associação por causa disso. Queremos mais respeito das empresas de aplicativo, dos restaurantes e dos moradores”.