Segundo exame, policial do DF que baleou menino não estava bêbado
Sílvio está preso em Goiânia e responderá por tripla tentativa de homicídio, uma vez que assumiu o risco de matar pai, mãe e filho
atualizado
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Exames clínicos realizados no policial civil Sílvio Moreira Rosa, 53 anos, revelam que ele não estava sob efeito de álcool no momento em que baleou um menino de seis anos na BR-070, próximo a Águas Lindas (GO), Entorno do DF. O agente brasiliense disparou três vezes contra o carro em que estava a família da criança, durante uma ultrapassagem.
A Polícia Civil de Águas Lindas solicitou a perícia na arma usada pelo agente, para verificar a eficácia do equipamento e a análise sobre os disparos efetuados. Ambos os laudos têm o prazo de até 30 dias para serem concluídos.
A investigação será encaminhada para a Delegacia de Cocalzinho (GO), tendo em vista que a tentativa de homicídio ocorreu na região. “O que se verificou, por meio do relatório médico elaborado no dia da prisão, é que o policial não apresentava indícios de embriaguez. Sendo assim, os policiais do plantão não viram motivos para pedir o teste. Ele também não apresentou sintomas visíveis de alcoolemia”, explicou o delgado-chefe Ricardo Pereira nesta segunda-feira (9/1)Silvio, a namorada e mais duas menores que estavam no carro seguiam paro Salto de Corumbá (GO), onde iriam se divertir. Eles levavam um isopor cheio de cerveja no porta-malas do veículo, o que levantou a possibilidade de o motorista estar embriagado.
Sílvio responderá por tripla tentativa de homicídio, uma vez que disparou contra o carro e assumiu o risco de matar pai, mãe e o filho. A criança está internada em estado grave no Hospital Santa Helena, na Asa Norte, com o coração perfurado pela bala.
Ao ser preso, depois de tentar fugir, Sílvio alegou que pensava se tratar de uma tentativa de assalto. Mas a mãe do menino, Paula Caxias, contou neste domingo (8) que o policial vinha “provocando” a família desde o momento em que o trânsito ficou lento em um trecho da rodovia que estava em obras.
Colado
Segundo Paula, em determinado momento, Sílvio teria começado a brecar o carro. “Parece que ele queria que a gente batesse nele”, explicou. Preocupada, ela pediu ao marido que ultrapassasse o policial assim que possível:
Depois que ultrapassamos, ele emparelhou na contramão e ficou lado a lado conosco. Mas não conseguiu passar porque vinha um carro no outro sentido. Então, ficou colado na nossa traseira, como se fosse bater
Paula Caxias, mãe da criança baleada
A mãe ressaltou que nessa hora falou para o marido acelerar. “Comecei a ouvir tiros…. muitos tiros”, disse. Em depoimento à polícia, a namorada de Sílvio negou que a família tenha ameaçado o policial em algum momento.
Na madrugada de sábado (7), o garoto passou por um procedimento para retirar o projétil que estava alojado em seu coração. De acordo com os pais da criança, mesmo após seis horas de operação, os cirurgiões não conseguiram retirar a bala e há dúvidas sobre o local onde o projétil está.
O menino permanecerá em observação pelas próximas 24 horas. Durante esse período, ele continuará fazendo exames.
BR-070
A criança foi baleada na BR-070, na altura de Águas Lindas (GO), Entorno do DF, na manhã de sexta (6). Autor do crime, o agente policial de custódia Sílvio Moreira Rosa, foi preso após fugir do local. O agente fez três disparos contra o carro da família durante uma ultrapassagem no trânsito.
O servidor tem um histórico de violência e chegou a ser demitido da Polícia Civil por tentativa de fraude em aposentadoria, mas acabou reintegrado ao órgão. O agente está preso em Goiânia (GO) e a Justiça deve decidir nesta segunda se ele permanecerá na capital goiana ou será transferido para Cocalzinho.