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Padre acusado de embolsar doações de fiéis faz greve de fome na prisão

Juiz eclesiástico Tiago Wenceslau iniciou um jejum em protesto contra o cárcere. Ele é acusado de integrar um grupo que lesou a igreja

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O padre e juiz eclesiástico Tiago Wenceslau, 58 anos, um dos presos na Operação Caifás, que investigou desvios nas paróquias de Formosa (GO), está em greve de fome há quatro dias. Pouco depois de ingressar no Presídio Estadual de Formosa, o religioso deu início a um jejum em oração, conforme informou ao Metrópoles o advogado que representa o pároco, Thiago de Pádua.

O defensor relatou que o religioso encontra-se muito debilitado e necessita de atendimento médico. “Hoje eu tentei ingressar no presídio com um médico, mas os agentes penitenciários que estavam na entrada não autorizaram. Saí de lá bastante impressionado, porque questão de saúde sempre é urgente”, raclama.

De acordo com o representante do juiz eclesiástico, o promotor Douglas Chegury, responsável pelas investigações, tem praticado “perseguição religiosa”. “Ele se veste como um paramilitar, inclusive com coturno, o que viola as recomendações internas do Ministério Público. Não tenho dúvidas de que isso é uma perseguição que tenta atingir a religião Católica Apostólica Romana”, acusa o advogado Thiago de Pádua.

Pádua sustenta que o cliente não mantém contato com os outros investigados e que só se encontrou duas vezes com o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo. “Ele tem um modo de vida muito simples. Vive com R$ 1,1 por mês e tem um Cros Fox 2011”, garante.

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Grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 2 milhões da Diocese de Formosa
Fiéis esperaram, do lado de fora do MP de Formosa, os padres que foram prestar depoimento na quarta-feira (21)
Onze pessoas foram alvo da Operação Caifás
Juiz eclesiástico Tiago Wenceslau depôs no mesmo dia
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Celebração da Semana Santa: padres e bispos passaram a Páscoa encarcerados

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Grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 2 milhões da Diocese de Formosa

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Fiéis esperaram, do lado de fora do MP de Formosa, os padres que foram prestar depoimento na quarta-feira (21)

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Denúncia partiu dos fiéis
Sobre as acusações, o promotor Douglas Chegury respondeu que a defesa tenta desqualificar as investigações. “Como a história recente de combate à corrupção de nosso país revela, quando um investigado não é capaz de refutar os fatos criminosos a ele imputados, porquanto a prova colhida dentro da lei é esmagadora, resta apenas a tentativa de desqualificar o investigador”.

Chegury também rechaçou qualquer viés pessoal nas apurações. “Cabe destacar que a apuração do MP teve início a partir de denúncias apresentadas por fiéis católicos inconformados com práticas dos investigados nem um pouco cristãs. A tentativa rasteira dos advogados de defesa em tentar conferir conteúdo ideológico à investigação presta um desserviço aos fiéis católicos e ao cidadão do mundo, sobretudo em uma quadra da história em que conflitos religiosos instigados por pessoas mal intencionadas tem trazido tanta dor e sofrimento à humanidade”, completa o promotor.

Páscoa presos
Acostumadas a comandar missas lotadas durante a Semana Santa, as autoridades religiosas detidas na Operação Caifás permanecerão encarceradas durante a Páscoa. Na terça (27), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu, liminarmente, habeas corpus a dom José Ronaldo e ao juiz eclesiástico Thiago Wenceslau.

No mesmo dia, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) negou a liberdade para os padres Mário Vieira de Brito, Moacyr Santana, Valdison José de Melo e Epitácio Cardoso Pereira, além dos empresários Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa – apontados como laranjas do esquema.

Ao todo, 11 acusados passaram a ser réus perante a 2ª Vara Criminal do município goiano. Eles responderão por delitos como associação criminosa, falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. Um dos motivos que embasaram o pedido de prisão preventiva foi o fato de que, durante as escutas, os promotores identificaram risco de fuga de dom José Ronaldo para a Itália.

Para a defesa dos acusados, eles não cometeram irregularidades. Ainda de acordo com os defensores, todos os recursos são fruto do “trabalho árduo” dos religiosos nas 33 igrejas que fazem parte da Diocese de Formosa. Em um ano, elas movimentam entre R$ 15 milhões e R$ 16 milhões.

Após o escândalo de desvio de dízimos e doações envolvendo a sede episcopal de Formosa, o papa Francisco nomeou, no dia 21 de março, dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG), como novo administrador apostólico da Diocese da cidade de Goiás, no Entorno do DF.

O Vaticano já havia escolhido dom Paulo Mendes Peixoto para fazer uma “visita técnica” a Formosa, no início deste mês, antes mesmo da prisão do bispo, após receber denúncias de irregularidades na gestão da cúria.

Dom José Ronaldo está no centro das denúncias. Ele teria, inclusive, convocado o juiz eclesiástico de São Paulo para ameaçar e intimidar os clérigos que se recusavam a fazer parte do esquema. Segundo os investigadores, em 21 de dezembro de 2017, Thiago Venceslau – que teria forjado uma auditoria fiscal – e o bispo promoveram uma reunião. No encontro, os membros da Igreja Católica foram intimidados e constrangidos a declarar apoio ao líder religioso.

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