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Padrasto suspeito de matar e ocultar corpo de estudante é preso

Thayna Ferreira foi vista pela última vez na companhia de Valdezar Cordeiro. Câmeras flagraram o homem saindo de casa com malas e um facão

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1 de 1 Thayna-700×5771 - Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Goiás prendeu na tarde desta quinta-feira (20/06/2018) Valdezar Cordeiro de Matos, 67 anos. Ele foi indiciado pela morte e ocultação de cadáver da estudante Thayna Ferreira Alves, 21. A jovem desapareceu em 16 de fevereiro de 2017 e, segundo os investigadores, a última pessoa que esteve com ela foi Valdezar, padrasto da universitária. Ele foi detido em sua fazenda, em Alvorada do Norte, município goiano situado a 253 quilômetros de Brasília.

Ao receber a notícia da detenção do ex-marido, a mãe de Thayna, Regina Jussara Ferreira Lacerda, 42, mostrou-se aliviada. Agora, mantém a esperança de que o homem indique o lugar onde teria enterrado o corpo da filha. “Não tenho esperança de encontrá-la viva, mas quero que, pelo menos, ele indique onde estão os restos mortais dela. Quero poder dar um sepultamento digno, nem que seja para enterrar só os ossos ou restos de cabelo”, disse Regina ao Metrópoles.

De acordo com o titular do Grupo de Investigação de Homicídios de Valparaíso de Goiás, delegado Rafael Abrão, a prisão do suspeito tem caráter preventivo, ou seja, sem prazo de validade. “É um grande avanço essa prisão preventiva, porque indica que realmente temos elementos que incriminem o padrasto por homicídio e ocultação de cadáver”, declarou.

Busca por respostas

Desde o desaparecimento de Thayna, a vida de Jussara passou a girar em torno da busca por justiça e respostas. Ela deixou o emprego e passou a investigar, por conta própria, a localização da filha. Na versão apresentada por Valdezar, a estudante pegou uma carona no veículo dele até uma parada de ônibus na passarela de Valparaíso (GO), hipótese rechaçada pela mãe, pois a menina tinha carro e não usava transporte público.

“Era costume ela andar no carro dele, tanto que não me assustei. Só queria ver na câmera do prédio a roupa que ela estava usando, e não era alguma que ela fosse usar para sair e demorar. Era uma roupa mais simples, de ficar em casa”, lembra Jussara.

Na noite do desaparecimento, a mãe mandou duas mensagens – nenhuma delas respondida – e ligou para a filha por volta das 22h30. “Fiquei preocupada e acionei uma amiga, que já estava chorando, dizendo que não conseguia falar com a Thayna desde as 14h. Eu fiquei desesperada, perguntei para ele [o padrasto e ex-marido]: ‘Você não perguntou aonde ela iria?’. E ele disse que não.”

Passadas 24 horas do desaparecimento da filha, Jussara registrou uma ocorrência no Centro Integrado de Operações Policiais (Ciops) de Valparaíso, mas teve de esperar por quatro dias, até a segunda-feira seguinte, para que a delegacia especializada desse início às investigações.

Após ter o seu primeiro depoimento agendado, Valdezar compareceu perante a polícia acompanhado de dois advogados. “Eu, inclusive, gritei com ele e com o delegado, dizendo que estava ali procurando a minha filha e que não precisava de advogado.”

Flagrado por câmeras

Valdezar foi flagrado por câmeras de segurança voltando e entrando três vezes no apartamento da família algumas horas depois de sair na companhia de Thayna. Na primeira, ele sai com uma mala grande. Depois, é filmado com a bolsa de Thayna embrulhada em uma sacola plástica e, por fim, deixa o local com um facão em uma bainha.

Em depoimento, o suspeito disse que a estudante havia pedido para ele pegar a mala, pois nela havia roupas que ela queria doar. “Ela não tinha essas roupas para doação. As coisas dela estão do mesmo jeito que ela deixou até hoje, nunca tive coragem de mexer”, emociona-se a mãe.

Uma das hipóteses das investigações, na qual Jussara acredita, é que o facão tenha sido usado para matar e esquartejar o corpo, e a mala, para ocultação do cadáver. A mala, os pertences e o celular de Thayna – um iPhone 7, o mais moderno na época – nunca foram encontrados.

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Jussara se emociona ao lembrar-se da filha
O quarto de Thayna está do mesmo jeito que ela deixou. A mãe nunca conseguiu mexer nos pertences
Padrasto de Thayna foi a última pessoa que esteve com ela e chegou a ser preso durante as investigações
Para Jussara, o ex-marido é o principal suspeito pelo desaparecimento
Ela começou a fazer buscas por conta própria para tentar encontrar o corpo da filha
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Regina Jussara Ferreira Lacerda, 42 anos, busca respostas sobre o desaparecimento da filha, Thayna Ferreira Alves, desde 2017

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Jussara se emociona ao lembrar-se da filha

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O quarto de Thayna está do mesmo jeito que ela deixou. A mãe nunca conseguiu mexer nos pertences

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Padrasto de Thayna foi a última pessoa que esteve com ela e chegou a ser preso durante as investigações

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Para Jussara, o ex-marido é o principal suspeito pelo desaparecimento

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Ela começou a fazer buscas por conta própria para tentar encontrar o corpo da filha

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Quebra de sigilo telefônico mostrou que o padrasto de Thayna esteve em um matagal em Valparaíso

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A mãe de Thayna acompanha de perto as investigações

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Jussara perdeu as esperanças de encontrar a filha viva e, hoje, luta para achar o corpo e enterrá-la com dignidade

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Primeira perícia indicou presença de sangue humano. Segundo exame deu resultado inconclusivo

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Foto de mãe e filha

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Fotos do álbum de 15 anos de Thayna

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Quarto de Thayna está da mesma forma como ela deixou

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Fotos da infância e adolescência de Thayna

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Córrego no matagal onde Jussara suspeita que a filha esteja

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Investigações
Poucos dias após Thayna ser vista pela última vez, segundo Jussara, o ex-marido demonstrou descaso com as buscas e começou a procurar fazendas para comprar em Goiás. Ele é proprietário de um sítio em Alvorada do Norte, município no nordeste goiano próximo à divisa com a Bahia.

“O pior dessa história toda é que eu fiquei com ele aqui em casa até o dia de ele ser preso, em 23 de maio. Eu chorava todos os dias e não via reação dele de preocupação. Se não tivesse sido ele, eu tenho certeza que teria movido o Goiás inteiro para encontrar. Quando eu vi o desinteresse, o descaso, fui desconfiando e, agora, sei que não tem outra hipótese”, acredita Jussara.

Após a quebra de sigilo telefônico dos números de aparelhos celulares de Valdezar, uma antena da empresa TIM indicou que ele esteve em um matagal em Valparaíso no dia 16 de fevereiro de 2017. O local ermo é coberto por uma vegetação densa, com árvores de copas altas e por onde passa um córrego. O caminho é de difícil acesso, e só é possível cumprir o trajeto em caminhonetes e utilitários.

A trilha do matagal não leva a lugar algum. Não há casas nem fazendas por perto e, poucos metros após a ponte sobre o córrego, o caminho está fechado pela vegetação. A região é conhecida pela polícia, pois é onde criminosos costumam ocultar cadáveres.

Comportamento violento
De acordo com a mãe de Thayna, quando ela e o ex-marido começaram a morar juntos, 17 anos atrás, ele bebia muito, costumava ter crises de fúria e descontava a raiva quebrando objetos da casa.

A convivência de Valdezar com a mulher e a enteada era descrita como tranquila. Um episódio, no entanto, chama atenção para a nem sempre pacífica relação entre padrasto e enteada. No aniversário de Jussara, em dezembro de 2016, dois meses antes do desaparecimento da jovem, Thayna organizou uma festa surpresa no apartamento onde moravam e convidou as amigas do trabalho da mãe. A estudante montou uma mesa com comidas e bebidas na sala e aguardou a chegada de Jussara para cantar os parabéns.

Valdezar, que estava no quarto do casal assistindo à televisão, não quis participar da comemoração, abriu a porta e virou a mesa com todos os quitutes e copos. “Ela ficou furiosa, pegou uma faca e o amedrontou. Depois, ela desceu e quebrou o carro dele todo, porque estava com muita raiva do que ele fez”, conta.

Ainda no dia do aniversário da mãe, Thayna denunciou a existência de uma arma ilegal no interior da Toyota Hilux. Os policiais enviados para atender a ocorrência, inicialmente, não localizaram o revólver. “Ele tinha comprado a arma desse policial que foi lá resolver a confusão e fez vista grossa, dizendo que não tinha arma.” O reforço policial foi chamado, e os militares da outra viatura encontraram o revólver no local exato apontado pela estudante. “Ele saiu dali algemado.”

Buscas por conta própria
Jussara reuniu amigos, parentes e deu enxadas e pás a cada um deles para que a ajudassem a cavar o solo da região, na tentativa de encontrar o corpo da filha. A mãe procurou por Thayna em matagais da cidade e chegou a reunir 50 pessoas, incluindo desconhecidos, para ajudar nas buscas. A procura incessante de Jussara a levou até Formosa (GO), Cristalina (GO), João Pinheiro (MG), Unaí (MG) e outras cidades mineiras e goianas.

No começo, todos os tipos de pensamento passaram pela cabeça da mãe, inclusive que ela teria sido vítima de uma quadrilha de exploração sexual e estaria em algum bordel no interior.

“Eu viajei muito para ver se ela tinha sido levada para um desses puteiros, porque queria esgotar todas as possibilidades. Nessa época, consegui com que a polícia desvendasse um puteiro em Cristalina que abrigava meninas de 13, 14 anos. Uma vizinha disse que tinha acabado de chegar uma moça com o nome de Thayna, que eu fosse lá. Mas não era ela.”

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