Médico que atendeu vítimas de acidente na BR-020: “Cena de horror”
Motorista de carreta reforça que condutor do ônibus invadiu a contramão. Delegado quer saber se intervalo de descanso foi respeitado
atualizado
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O acidente entre o ônibus da Expresso Guanabara que fazia a linha Cajazeiras (PB)–Goiânia (GO) e duas carretas na BR-020 envolveu dezenas de profissionais de diversos órgãos de saúde. O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Adolfo Wellington Valaze, diretor-técnico do Hospital Municipal de Formosa, chegou 20 minutos depois do chamado de socorro, feito às 8h50 de quinta-feira (15/2). Ele diz que, até então, nunca tinha visto uma tragédia daquela proporção.
“Já atendi acidentes, mas não com tantos feridos graves. Foi uma verdadeira cena de horror”, afirma. Valaze socorreu pelo menos oito vítimas e ainda acompanhou os feridos até os hospitais. Ele acredita que, se a carreta carregada de adubo tivesse virado em cima do ônibus, poderia haver mais mortos e feridos.Das mais de 30 pessoas que ficaram machucadas no acidente, 20 foram levadas para o Hospital Municipal de Formosa. Apenas o motorista da Scania carregada com adubo, Luiz Carlos Dziecinny, segue internado na unidade de saúde. “Observamos que ele está assustado, mas calmo”, afirma o profissional.
Luiz Carlos, segundo o diretor, sofreu uma lesão no ombro esquerdo. “Estamos avaliando a possibilidade de uma cirurgia. No geral, o estado dele é bom, mas não há previsão de alta. Ele segue internado na ortopedia”, afirma. Conforme o médico, se for necessária a operação, Luiz deve ser transferido para outro hospital, em Goiânia. O motorista está recebendo ajuda psicológica na unidade de Formosa.
O acidente ocorreu por volta das 6h30 de quinta-feira (15) no Km 45 da rodovia que liga o DF à Bahia. Nesta sexta (16), a Secretaria de Saúde confirmou a nona morte. Dos feridos, 12 foram trazidos para o Distrito Federal, e três não resistiram após chegarem com múltiplos traumas ao Instituto Hospital de Base (IHBDF).
O delegado do 2º DDP, Jandson Bernardo Silva, disse que as investigações estão apenas começando. Segundo ele, somente o motorista da carreta descarregada, Edson Bessa, foi ouvido até agora. Além de estar inabilitado para dirigir caminhão, o homem tinha um mandado de prisão em aberto e está na cadeia.
Edson contou que o coletivo da Guanabara invadiu a contramão antes do acidente. A suspeita é de que o outro motorista tenha cochilado ou sofrido um mal súbito. “Nenhum passageiro foi ouvido. A primeira preocupação foi com o socorro das vítimas. O que se tem até agora é que a possível causa foi um erro do condutor do ônibus. A perícia vai ajudar, mas caminhamos para isso”, destaca o delegado.
Não só passageiros e testemunhas serão ouvidos. Representantes da empresa terão de comparecer à delegacia para esclarecer, entre outros pontos, se o intervalo de descanso do motorista, de 20 minutos a cada seis horas de trabalho, foi respeitado. Edson Lopes Lima, 47 anos, o condutor do coletivo, morreu no acidente.
“Vamos checar que horas ele saiu [de Cajazeiras], ouvir os representantes da empresa para saber como funcionam as escalas e, provavelmente, a partir daí, vamos conseguir mais informações até a próxima semana”, explicou o delegado.
Confira imagens do acidente: