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Grávida que teve casa apedrejada após boatos de Covid-19 tem medo

Tudo ocorreu depois de um áudio mentiroso circular pela cidade de Águas Lindas afirmando que a mulher estava infectada com coronavírus

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Teste de grávida apedrejada por boato de contaminação por coronavírus deu negativo
1 de 1 Teste de grávida apedrejada por boato de contaminação por coronavírus deu negativo - Foto: null

A família da grávida que teve a casa apedrejada após um boato de que ela estava com o novo coronavírus circular na cidade de Águas Lindas está com medo. Sem sair do imóvel desde o dia do ataque, a mulher de 41 anos tem receio de que novas agressões ocorram por causa de um áudio de uma suposta enfermeira afirmando que ela teve contato com o irmão, que estava na Itália.

De acordo com o próprio irmão da vítima, o técnico de som Juscelino Alves, 38 anos, no entanto, ele nunca viajou ao país europeu. “Eu moro em Goiânia. No dia 10, fui a Brasília e, na volta, passei em Águas Lindas para ver minha irmã. Nada além disso”, defende-se.

Um dia após encontrar a grávida, no entanto, ela apresentou febre, tosse e achou melhor ir ao Hospital Municipal Bom Jesus. “Ficou internada do dia 12 ao 14. De lá, foi transferida para Goiânia, onde fizeram o teste para coronavírus e deu negativo”, afirma.

Teste de grávida apedrejada por boato de contaminação por coronavírus deu negativo
Teste da irmã de Juscelino deu negativo

Mesmo com a confirmação de que não tinha o novo vírus, o áudio ainda circulou pelas redes sociais. Uma nova ida ao hospital, no sábado (21/03), foi o suficiente para que vizinhos desconfiados jogassem pedras no telhado da casa. “Ela estava era com pneumonia. Foi novamente ser atendida e, quando voltou, os filhos dela relataram o ataque”, conta.

A irmã não conseguiu identificar a autoria nem o tipo de pedra. Em conversa com Juscelino, ela chegou a dizer que parecia brita, e não chegou a quebrar o telhado.

Ouça o áudio que circula pelas redes sociais

Desesperado, Juscelino decidiu fazer um novo áudio explicando a situação e passou a divulgar em vários grupos. “Foi a maneira que eu encontrei para tentar acabar com isso. Foi um áudio criminoso contra a minha irmã. Isso é terrorismo”, sentencia.

Segundo ele, a irmã não tem mais coragem de sair de casa, apavorada com a possibilidade de novas retaliações. “Fica com medo de acontecer algo com ela ou com os filhos. Está trancada lá dentro”, revela.

Ouça o áudio que Juscelino gravou

Procurada, a Prefeitura de Águas Lindas, responsável pelo Hospital Municipal Bom Jesus, informou, por meio de nota, que a enfermeira citada “é servidora efetiva do Estado que estava emprestada ao Município”. Segundo o texto,  ela já foi devolvida e “foi aberto um processo administrativo contra ela”.

O executivo da cidade, no entanto, faz questão de ressaltar que ainda não sabe se o fato ocorrido contra a casa da paciente tem relação com áudio da enfermeira em questão.

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