metropoles.com

Criança de 6 anos foi torturada com pedaço de ferro antes de morrer

Os tios agrediram a menina e os três irmãos porque eles pediram comida aos vizinhos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Andre Borges/Esp. Metrópoles
Planaltina de Goiás
1 de 1 Planaltina de Goiás - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Sabrina de Jesus Cabral, de 6 anos, que morreu após ser espancada pelos tios, foi torturada antes de falecer, em Planaltina de Goiás (ou Brasilinha), nessa quarta-feira (29/05/2019). Após apanhar, a menina teria sido deixada ao relento. O irmão, de 8 anos, relatou que ela foi castigada com um vergalhão de ferro e um pedaço de madeira. O delegado do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Planaltina de Goiás, Antônio Humberto Costa, confirmou as informações ao Metrópoles.

As crueldades cometidas contra Sabrina chocaram o próprio delegado. “A explicação é tão absurda quanto o ato em si. Eles saíram pela manhã e deixaram as crianças sozinhas, trancadas em casa, e, quando souberam que elas pediram comida aos vizinhos, ficaram com raiva, castigaram e agrediram os meninos”, revelou.

Além de Sabrina, os tios – Bruno Deocleciano da Silva, 19 anos, e uma menor de 17 – maltratavam e agrediam outras três crianças: um menino de 8 anos, uma menina de 4, e outra de 1. Elas apresentavam sinais de violência que, segundo o delegado do caso, indicam prática de tortura.

“Através da coloração das lesões, é possível ter uma ideia de quando elas foram praticadas. Isso é uma característica de tortura”, apontou Antônio Humberto. “Nós, que estamos acostumados a trabalhar com violência, achamos esse caso particularmente chocante. Uma violência absurda. Um fato animalesco. Uma selvageria sem precedentes”, completou.

Andre Borges/Esp. Metrópoles
Antônio Humberto Costa, delegado do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Planaltina de Goiás

 

Um vizinho, que chegou ao local na tentativa de socorrer Sabrina, expôs que a menina tinha espuma branca na boca e reclamava de dores no peito.

Sem arrependimentos
O delegado garantiu que os agressores não demonstraram arrependimento no momento do depoimento. Segundo a tia, Sabrina tentou se esconder debaixo da mesa e, mesmo assim, foi agredida com chutes na cabeça.

Outra menina, de 4 anos, está internada no hospital e apresenta lesões antigas, como marcas de ferro de passar roupa. Os conselheiros tutelares contaram que as crianças comeram de forma desesperada ao chegar ao centro de saúde.

7 imagens
Segundo o delegado do caso, a criança de 6 anos morta em 29 de maio foi agredida com um vergalhão de ferro
Os outros irmãos chegaram ao hospital com fome e muito machucados
Os tios teriam alegado que espancaram as crianças porque elas pediram comida aos vizinhos
O delegado afirmou que há indícios de tortura
Pedreiro Antônio Jares relatou que agressões eram constantes
1 de 7

Casa onde moravam as crianças agredidas pelos tios

Andre Borges/Esp. Metrópoles
2 de 7

Segundo o delegado do caso, a criança de 6 anos morta em 29 de maio foi agredida com um vergalhão de ferro

Andre Borges/Esp. Metrópoles
3 de 7

Os outros irmãos chegaram ao hospital com fome e muito machucados

Andre Borges/Esp. Metrópoles
4 de 7

Os tios teriam alegado que espancaram as crianças porque elas pediram comida aos vizinhos

Andre Borges/Esp. Metrópoles
5 de 7

O delegado afirmou que há indícios de tortura

Andre Borges/Esp. Metrópoles
6 de 7

Pedreiro Antônio Jares relatou que agressões eram constantes

Andre Borges/Esp. Metrópoles
7 de 7

Diarista Maria Josué disse que crianças pediam comida

Andre Borges/Esp. Metrópoles

 

Agressões constantes
De acordo com vizinhos e policiais ouvidos pela reportagem do Metrópoles, os atos de violência contra as crianças eram recorrentes. O pedreiro Antônio Jares, 33 anos, contou que o último episódio presenciado por ele ocorreu na noite de terça-feira (27/05/2019).

“Por volta de meia-noite, eu abro a janela e vejo a tia arrastando a menina pelos cabelos aqui na rua. Era um relacionamento conturbado. Escutávamos brigas todos os dias.”

Ainda segundo o vizinho, o casal circulava com as crianças no bairro, a cerca de cinco meses.

“Nós já havíamos denunciado outras vezes. A polícia vinha, eles não abriam a porta, e as autoridades iam embora. Ouvíamos os meninos chorando. Eles passavam o dia fora e deixavam as crianças chorando em casa, sem comida. Era um casal intimidador. Tínhamos medo de virar alvo e ficávamos neutros. Nessa quarta, a minha esposa resolveu chamar o conselho [Conselho Tutelar], e foi quando recebemos a informação da morte de uma das crianças”, comentou.

A diarista Maria Josué, 56, é vizinha do casal e mora na casa onde as crianças pediram comida na manhã dessa quarta-feira (29/05/2019). “Nós sempre dávamos. Às vezes, ouvia as crianças gritando e perguntava o que estava acontecendo, mas eles diziam que não era nada. Nesse dia, ele se arretou, ficou com raiva e fez o que fez”, observou.

Ela comentou ainda que tinha um bom convívio com Bruno. “Ele vinha aqui e conversávamos. As crianças deles também brincavam com as minhas. Nunca havíamos visto marcas. Eles andavam sempre limpos, calçados e vestidos. Estou chocada”, apontou Maria.

Vídeo feito por policial na hora da ocorrência:

Pais presos
Os pais das quatro crianças, Silvoney de Jesus dos Santos e Daniela de Jesus Cabral, foram presos na 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho). Depois disso, a tia foi buscar as crianças.

A reportagem esteve no Hospital Santa Rita de Cássia, onde as três vítimas continuam internadas. A assistência social confirmou que parentes e amigos dos pais das crianças estiveram na unidade de saúde para visitá-las. Durante a entrevista com o serviço social, elas foram dóceis e não quiseram se separar.

Nesta tarde, duas crianças serão encaminhadas ao orfanato. A assistência social do hospital está recebendo doações de roupas, comida e brinquedos. Eles também informaram que muitas pessoas apareceram no local com o intuito de adotar os três irmãos.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?