“A cada dia que passa, a dor fica pior”, desabafa mãe de Raphaella
Rosângela diz que não consegue comer e chora o tempo todo. Mesmo diante do sofrimento, ela promete participar de caminhada pela paz na terça
atualizado
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Desde que perdeu a filha, Raphaella Noviski, 16 anos, a comerciante Rosângela Cristina Afonso da Silva, 37, não consegue comer direito e chora o tempo todo. “A cada dia que passa, a dor fica pior. A ficha vai caindo e vejo que nunca mais vou poder tá perto e abraçá-la. Eu não sei o que fazer”, desabafa a mãe, aos prantos, por telefone.
Raphaella foi vítima de um crime bárbaro ocorrido dentro da Escola Estadual 13 de Maio, em Alexânia (GO), cidade goiana a quase 90km de Brasília. No começo da manhã de segunda-feira (6/11), Misael Pereira, 19, pulou o muro do colégio e deu 11 tiros à queima-roupa na garota. Sete deles, no rosto. Aos policiais, disse que era rejeitado pela vítima e, por isso, a matou.Rosângela mora em Vicente Pires, com o marido e a filha menor, Emily, de 13 anos. “Eles também estão muito abalados. A irmã era apaixonada por Raphaella. Quem não amava aquela menina?”, questiona a comerciante. A adolescente residia com os pais de Rosângela, em Alexânia. Cuidava da avó cadeirante, que também não se conforma com a brutalidade cometida por Misael.
O suspeito foi preso logo depois do assassinato e está na unidade prisional de Alexânia. Por questões de segurança, a Justiça determinou que ele seja transferido para a Cadeia Pública de Valparaíso, o que não havia ocorrido até a tarde desta sexta (10).
“Fiquei sabendo que o pessoal dos Direitos Humanos foi na cadeia para ver a integridade do preso, porque ele estava com olho roxo. Cadê os Direitos Humanos para amparar minha família?”, indaga Rosângela.
Segundo ela, Raphaella nunca relatou que o rapaz a assediava. Pelo o que a família sabe, ele a encarava na escola e a única vez que chegou mais perto foi em julho do ano passado, no aniversário de 15 anos da menina. Misael entrou na casa dos avós e tentou dar um colar de bijuteria para a adolescente. Raphaella teria ordenado que ele fosse embora e disse que chamaria o tio se isso não ocorresse.
Na próxima terça-feira (14), Rosângela e outros familiares da vítima vão participar de uma caminhada pela paz, marcada para começar às 9h, em Alexânia. O ponto de partida será a praça central da cidade. “Vai ser muito doloroso para mim, mas vou participar”, assegura a mãe.