Bispo suspeito de desviar doações é cidadão honorário de Brasília
Dom José Ronaldo recebeu título da Câmara Legislativa em 2002. Ele atuou por muitos anos em Sobradinho
atualizado
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Dom José Ronaldo, bispo da Diocese de Formosa (GO), Entorno do DF, preso nesta segunda-feira (19/3) suspeito de desviar doações e dinheiro da igreja para fins particulares, é cidadão honorário de Brasília. Ele recebeu o título da Câmara Legislativa em 2002 por seu trabalho como pároco na cidade de Sobradinho. O religioso também recebeu o prêmio de amigo da Academia Nacional de Polícia, do Departamento de Polícia Federal, em 2005.
As investigações do Ministério Público de Goiás, no âmbito da Operação Caifás, entretanto, mostram outra face do religioso, que já havia sido denunciado em Janaúba (MG). Em 2010, três anos após ser nomeado bispo pelo papa Bento XVI para a cidade mineira, Dom José Ronaldo teve de explicar os motivos de nomear um irmão a gerente de Finanças da diocese. Ele negou qualquer irregularidade, na época, e não houve investigação.
Na página da Diocese, é possível ver o currículo de feitos do religioso, principalmente com ações relacionadas a obras sociais para crianças e adolescentes em situação de risco.
Prejuízo de R$ 2 milhões
Segundo investigações do MPGO, Dom José Ronaldo faria parte de uma associação criminosa que atuava desviando recursos de igrejas católicas do Entorno do DF, incluindo Formosa e Planaltina de Goiás. O prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.
Os fundos teriam sido utilizados, conforme apontam interceptações telefônicas, para comprar fazenda de gado e casas lotéricas. Tudo para fins particulares.
O bispo de Formosa, quatro padres e um monsenhor foram presos. Os recursos eram provenientes de dízimos, doações, taxas oriundas de batismo e casamento, além de arrecadações vindas dos fiéis para a realização de festas religiosas. Ao todo, os policiais cumpriram 13 mandados de prisão e 10 de busca.
Foram apreendidas caminhonetes da cúria de Formosa em nome de terceiros, além de grande quantia de dinheiro em espécie, cujo valor ainda não foi divulgado.
Confira os religiosos que foram alvos de mandados de prisão ou de busca e apreensão:
As investigações começaram após o Ministério Público ter recebido denúncias de fiéis desconfiados dos desvios, supostamente iniciados em 2015. Entre as suspeitas, estava o fato de as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, terem passado de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto.
A reportagem fez contato com a Diocese de Formosa e com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que não se manifestaram.