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Bispo de Formosa inflacionou taxas de casamentos realizados na Igreja

Ao assumir o comando da Diocese, dom José Ronaldo elevou em 284% os valores para quem deseja se casar nas paróquias subordinadas a ele

atualizado

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Catedral
1 de 1 Catedral - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Ao assumir o comando da Diocese de Formosa, em 2014, o bispo dom José Ronaldo Ribeiro adiou para muitos casais o sonho de selar o matrimônio na Igreja. O religioso, preso há 17 dias por suspeita de liderar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 2 milhões em doações de fiéis, inflacionou as taxas para a realização de eventos nas 33 paróquias subordinadas a ele no município goiano distante cerca de 100km de Brasília.

Antes, noivos com intenção de subir ao altar pagavam um valor simbólico de R$ 30 para cada serviço contratado (fotografia, filmagem e ornamentação) e executado nas igrejas, mas a gestão do bispo elevou o valor para R$ 150. Dom José Ronaldo também mandou reajustar de R$ 100 para R$ 280 a contribuição fixa que os nubentes são obrigados a pagar para cobrir despesas como água, luz e limpeza.

Ou seja, antes de 2014, casar nas igrejas ligadas à diocese custava R$ 190, considerando-se uma cerimônia com imagens, vídeos e decoração. Depois, o valor saltou para R$ 730, um reajuste de 284%. A fotógrafa Geyse Dayane Oliveira, 34 anos, é moradora de Formosa e trabalhou em diversos casamentos. Segundo ela, algumas pessoas tiveram de postergar o matrimônio para levantar os valores cobrados.

“Para casais mais humildes, que estavam com dinheiro contado, faz muita diferença essa elevação. E o mais inexplicável é que as taxas são as mesmas, tanto na Catedral [igreja matriz e imponente, situada no centro de Formosa] quanto nas paróquias que ainda estão no reboco”, diz.

Geyse ainda revelou que passou a ser norma todos os casais deixarem ao menos dois arranjos para a Igreja. “Conheci noivos que nem queriam decorar. Só queriam a bênção, mas a diocese colocou a ornamentação como obrigatória”, relata.

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Catedral de Formosa vista do alto
Padre e bispo de Formosa foram presos acusados de desviar dinheiro da Igreja
Suspeito estava foragido
O promotor Douglas Chegury investiga o caso
Nossa Senhora da Conceição, igreja onde houve celebração da Semana Santa, em 24 de março
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Fotógrafa Geyse Dayane Oliveira protesta contra o aumento das taxas cobradas pela Igreja: "Muita gente não tem condição"

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Catedral de Formosa vista do alto

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Padre e bispo de Formosa foram presos acusados de desviar dinheiro da Igreja

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Suspeito estava foragido

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O promotor Douglas Chegury investiga o caso

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Onze pessoas foram alvo da Operação Caifás

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Celebração da Semana Santa: padres e bispos passaram a Páscoa encarcerados

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Grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 2 milhões da Diocese de Formosa

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Operação Caifás foi deflagrada pelo Ministério Público de Goiás

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Bispo morava com um grupo de rapazes na casa episcopal. Residência oficial da Diocese de Formosa fica a poucos metros da Catedral

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Festa do Divino
Na investigação do Ministério Público de Goiás (MPGO) ligada à Operação Caifás, os promotores descobriram algumas das principais lideranças religiosas da Diocese de Formosa entre os integrantes de um esquema para desviar recursos da Igreja Católica. Fora do processo criminal, há relatos de que os padres embolsavam verbas de outras fontes.

Segundo uma pessoa voluntária na realização da Festa do Divino de 2017 disse ter descoberto que dois frequentadores doaram um valor considerável para ajudar no evento. O dinheiro foi repassado ao padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição (foto em destaque), mas o recurso nunca foi transferido para os organizadores.

“Descobrimos por acaso. A celebração é feita basicamente com doações da comunidade. Numa conversa informal após uma missa, duas pessoas contaram, empolgadas, terem dado uma quantia significativa para a festa nas mãos do padre Moacyr – mas ele nunca avisou sobre o valor, nem transferiu o dinheiro para a organização”, disse o homem, que preferiu não ter a identidade revelada.

Moacyr é um dos detidos desde 19 de março, quando o MPGO deflagrou a Operação Caifás. Além dele e de dom José Ronaldo, também estão encarcerados o monsenhor Epitácio Cardoso, o padre Mário Vieira de Brito e o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau de Barros. Os empresários Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa também foram presos. Eles são suspeitos de servir de laranja para que as lideranças religiosas lavassem o dinheiro desviado da Igreja.

No domingo (1º), os religiosos detidos foram autorizados pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) a celebrar uma missa de Páscoa. Na decisão, o juiz permitiu a entrada de hóstia, mas indeferiu o ingresso de vinho e cálices banhados a ouro.

Outra denúncia contra o bispo
Na segunda (2), o Metrópoles revelou a existência de outra acusação sobre o bispo dom José Ronaldo Ribeiro. Investigação conduzida pela Polícia Civil de Goiás suspeita que o líder religioso tenha usado uma espécie de cartão corporativo da Igreja para comprar cerveja e uísque.

Ele está no centro das denúncias do MPGO. De acordo com os investigadores, o clérigo seria o mentor do esquema criminoso iniciado no Entorno em 2015. A defesa nega as irregularidades e diz que os recursos financeiros identificados durante as investigações são “fruto de muito trabalho dos padres”.

No entanto, com base nas apurações dos promotores de Formosa, “são inúmeros os diálogos transcritos, a partir das interceptações telefônicas, que apontam a possibilidade de José Ronaldo, o monsenhor Epitácio Cardoso e os padres Moacyr Santana e Mário Vieira de Brito terem desviado quantias vultosas supostamente usadas para comprar fazenda e casa lotérica em Posse (GO), além de despesas de cunho pessoal do bispo arcadas pela instituição.”

Entre as provas materiais apontadas pelo Judiciário para embasar o acolhimento da denúncia do MP, estão R$ 75 mil achados na residência paroquial de Epitácio, pelo menos 12 recibos que podem demonstrar a forma de atuação do grupo e declarações diversas apreendidas nos autos.

A Caifás foi deflagrada pelo MPGO em 19 de março, com o apoio da Polícia Civil de Goiás. Os religiosos investigados são acusados de desviar ao menos R$ 2 milhões de recursos da Igreja Católica, entre doações, taxas arrecadadas em eventos (casamentos e batismos) e festas nas paróquias.

O nome da operação foi escolhido em consideração a Caifás, que era o sumo sacerdote quando Jesus foi condenado a morrer na cruz.

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