Avião que caiu no Entorno do DF já se envolveu em outro acidente
Segundo relatório da FAB, a aeronave teve falha no motor e precisou fazer um pouso forçado em 2015 em uma fazenda de Minas Gerais
atualizado
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O avião prefixo PT-RKA, modelo EMB-711ST, fabricado em 1981, que caiu no Entorno do Distrito Federal nessa quarta-feira (1º/8), já se envolveu em outro acidente. Segundo relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), em 1º de maio de 2015, a aeronave teve queda de pressão do óleo do motor a 4 mil pés. Em seguida, perdeu a potência, obrigando o piloto a fazer um pouso forçado em uma pista de terra na Fazenda Santa Matilde, em Cabeceira Grande, Minas Gerais.
Por volta das 17h, o avião bateu em uma área de mata nativa. Ficou com avarias na fuselagem, asas, hélices e trem de pouso. O piloto, que era o proprietário da aeronave, saiu ileso. Procurado, o dono confirmou o acidente, mas não quis dar mais detalhes.
Ainda segundo o Cenipa, embora a documentação estivesse em dia, tanto do piloto quanto da aeronave, verificou-se discrepâncias entre as horas da hélice registradas em uma ordem de serviço e as apontadas na caderneta do motor e no mapa de controle do avião, que saiu do Aeródromo de Formosa e fazia um voo local.
De acordo com o relatório, o problema apurado denota “falha no controle de componentes e na supervisão dos serviços realizados”, o que limitaria “possibilidade de identificação e correção de disfunções existentes, nesse caso, tanto no nível de operação quanto no de manutenção”.
Veja a íntegra do documento:
Relatório acidente aéreo em Cabeceira Grande (MG) by Metropoles on Scribd
No Entorno
Nessa quarta (1º), o mesmo monomotor caiu perto de Planaltina de Goiás. Entre os quatro feridos no acidente, está o piloto Luciano Bittar, 37 anos. Ele está internado no Instituto Hospital de Base (IHB). Nesta quinta (2), o rapaz segue entubado, em coma induzido, um pouco inchado. Mas os parentes estão esperançosos.
“A tomografia não apontou nenhuma lesão. Conseguiram voltar o fêmur dele para o lugar. Se Deus quiser, vai sair dessa“, disse o pai de Luciano, Geraldo Magela Bittar, 59, morador de Formosa. Ele diz que o filho é piloto de avião há pelo menos cinco anos.
Outras duas vítimas do acidente ocorrido por volta das 14h30 no KM 51 da BR-010, na Fazenda Sagrada Família estão internadas na maior unidade de saúde do DF. Além de Luciano, Evandro José Biesek, 36; e Jarles Barbosa Cardoso, 32, foram trazidos em helicópteros do CBMDF e da PMDF. O quarto ocupante do monomotor foi levado a um hospital de Formosa.
A Secretaria de Saúde ainda não informou o estado dos tripulantes que estão internados no IHB. As vítimas estavam no avião prefixo PT-RKA, que decolou de Formoso do Araguaia, no Tocantins, e seguia para Formosa, no Entorno do DF.
Dono da Sementes Produtiva, Oscar Strauch disse ao Metrópoles que, dos ocupantes da aeronave, dois são funcionários e um é consultor de sua empresa. Eles seguiam para a fazenda dele, em Formosa, a trabalho. “Quando soube do acidente, fiquei muito assustado e procurei dar todo apoio aos familiares das vítimas”, garantiu.
Confira imagens do acidente e da movimentação de familiares das vítimas no IHB nessa quarta (1º):
Segundo os parentes, o piloto se divide entre duas residências da família, no Guará e em Formosa. Nesta quinta (2), a irmã dele esteve no IHB. A bancária Vanessa Bittar, 30, diz que a sensação de ver Luciano “daquela forma”, na maca, “foi a pior possível”. “Não tem nem como descrever. Enquanto ele não for para o quarto e não puder ficar perto, não me sinto aliviada”, ressaltou.
Vaneide Bittar, 55, comerciante e mãe de criação de Luciano Bittar, contou ter ficado “apavorada” quando soube do acidente. “Avisei minhas filhas e viemos para o hospital. É uma sensação horrível. Falei no ouvido dele que o amava e que ele vai sair dessa, pois nesse momento é o que o Luciano precisa ouvir”, destacou.
O avião de pequeno porte que caiu na zona rural do distrito de São Gabriel, distante 144 quilômetros de Brasília, por pouco não provocou um desastre ainda maior. Segundo relato de testemunhas, a aeronave raspou em uma árvore na tentativa de um pouso de emergência, desestabilizou-se e caiu a 25 metros da sede da Fazenda Sagrada Família.
O veículo aéreo ficou parcialmente destruído, mas todos os ocupantes estavam conscientes no momento do socorro. Eles chegaram, inclusive, a ligar para familiares de dentro do avião para informar sobre o acidente, e dizer que estavam vivos e à espera de socorro. “Ele (uma das vítimas) desbloqueou o próprio celular e me pediu para ligar para a esposa dele”, conta um funcionário da fazenda, sob condição de anonimato.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o monomotor é registrado na categoria de serviços aéreos privados. O modelo EMB-711ST, fabricado em 1981, está apto a voar, pois possui Certificado de Aeronavegabilidade (CA) e Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia – documento, porém, que venceria no próximo dia 8. De acordo com o dono da aeronave, que não quis se identificar, todas as revisões foram feitas no prazo correto.
Investigação
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou, por meio de nota, que profissionais do Sexto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VI), do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vão iniciar, nesta quinta-feira (2), diligência a fim de apurar a tragédia.