Arma usada por aluno para executar professor estava enterrada
O próprio assassino indicou aos policiais goianos onde teria escondido o revólver calibre .38. Corpo do docente foi sepultado nesta quinta
atualizado
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A Polícia Civil de Goiás (PCGO) localizou na manhã desta quinta-feira (02/05/2019) a arma usada por um adolescente de 17 anos para tirar a vida do professor Júlio Cesar Barroso de Souza, 41 anos. O revólver calibre .38 estava enterrado em um terreno baldio, em Valparaíoso (GO), próximo à residência do assassino confesso. O próprio menor revelou aos agentes onde tinha escondido o armamento. O crime bárbaro ocorreu nas dependências da Escola Estadual Céu Azul, também em Valparaíso (GO).
De acordo com o delegado Regional do Entorno Sul, Rodrigo Mendes, o adolescente alegou ter pegado o revólver emprestado de uma outra pessoa, mas as investigações apontam que a arma pertencia a ele para o cometimento de outros delitos.
Em depoimento, o rapaz contou ter disparado contra o docente em um momento de raiva, informação contestada pelo delegado responsável pelo caso. “Ele voltou à escola, o que indica uma premeditação”, diz Mendes. Na tarde desta quinta-feira (02/05/2019), o menor será ouvido na Vara da Infância e Juventude de Goiás (VIJ-GO).
Enterro
Colegas, familiares e amigos se reuniram na manhã desta quinta-feira (02/05/2019) para dar o último adeus ao professor Júlio Cesar. O velório ocorreu na capela Divino Espírito Santo, em Santa Maria.
Muito emocionada, a viúva, Daiane Alves, 31, se manteve ao lado do corpo do marido dentro da igreja. A todo momento, recebeu abraços de colegas de Júlio, que também estão muito abalados com a tragédia. “Eu fui uma das primeiras a chegar na sala e ver o corpo. Estou sem dormir, só pensando nisso”, relatou uma professora, que não quis se identificar.
A irmã do docente, Juliana Maria Lima do Carmo, 35 anos, protestou contra a falta de segurança de quem ministra aula no Entorno do DF. “Ele foi morto porque exerceu a profissão dele. Não existe mais autoridade de professor em sala. A família nunca mais será a mesma”, desabafa. “Meu irmão era a base da família, era um superirmão, super pai la, superamigo. Uma pessoa que passou por este mundo só fazendo o bem. Ele não merecia isso”, lamenta Juliana.
O corpo do coordenador pedagógico foi levado da capela por volta de 11h20 ao som de aplausos. As homenagens prosseguiram no cemitério Campo da Esperança de Brazlândia.
Júlio César é lembrado por familiares e amigos como uma pessoa honesta e trabalhadora. Casado há 10 anos, deixou a esposa e dois filhos: uma menina de 4 anos e um menino de 6.
Era o segundo mais velho de cinco irmãos, e aos 4 anos de idade perdeu o pai. De acordo com parentes, Júlio César nunca conteve esforços para ajudar a família, seja com apoio emocional ou financeiro. Era atencioso, inclusive, apesar de sua saúde fragilizada devido a diabetes e gastrite.
“A dor não tem palavras. O que está me segurando aqui é Deus”, completou Juliana. “É mais difícil pois a vida dele foi interrompida”, explica a irmã.
O crime
Menos de 24 horas depois de entrar na escola e disparar dois tiros contra o coordenador, o adolescente de 17 anos foi apreendido no feriado de 1º de Maio. Segundo a Polícia Civil de Goiás, a própria mãe indicou onde o filho estava.
Mesmo abalada, a mulher levou os policiais até o esconderijo do garoto, que é aluno do 2º ano do ensino médio da escola. Por volta das 12h30 dessa quarta-feira (01/05/2019), ele foi encontrado em cima de uma árvore, na casa de uma conhecida da família dele, no Pedregal, Novo Gama (GO). A mulher pediu e o estudante se entregou.
A mãe contou que o filho estava escondido em uma casa. “Ela foi até ele e o menino desceu da árvore. Os dois trocaram um abraço e o garoto se entregou”, relatou o delegado Rafael Pareja, que conduz as investigações. O adolescente passou a noite na delegacia de Valparaíso. Nesta quinta-feira (02/05/2019), será apresentado ao juiz e promotor da Vara da Infância e da Juventude. Depois, seguirá para um centro de internação de menores.
O crime ocorreu por volta das 15h de terça-feira (30/04/2019). Após ter sido repreendido pelo coordenador, pela manhã, o estudante saiu dizendo que voltaria. À tarde, ele retornou armado e deu dois tiros em Júlio Cesar – um deles na cabeça da vítima, que já estava caída no chão. O docente deixa a esposa e dois filhos pequenos.