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Após Liliane Roriz, senador Eunício Oliveira ganha asfalto na porta

A mesma empresa que pavimentou entrada da fazenda de distrital levou piso novo à propriedade do presidente do Senado

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após levar asfalto até a fazenda da distrital Liliane Roriz em Luziânia (GO), a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) decidiu aprimorar a infraestrutura próxima à propriedade rural de outro político. Dessa vez, o agraciado foi o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MBD-CE).

Além de pavimentar totalmente a porta da fazenda do parlamentar, em Corumbá de Goiás, a Agetop ainda decidiu rebatizar a GO-225 com o nome do emedebista.

Com direito a placa oficial, a estrada passou a se chamar Eunício Lopes de Oliveira, mas a homenagem ao senador foi retirada nesta semana, após questionamentos de reportagem do BuzzFeed, autor da imagem. O episódio guarda outra semelhança com o caso Liliane Roriz. A empresa contratada para asfaltar trechos entre a GO-225 e a GO-139 é a Eletro Hidro Ltda. (EHL), a mesma que usou recursos públicos para levar piso novo à propriedade da deputada do Distrito Federal.

A EHL e a Agetop negaram que tenham dado ordens para confeccionar placas com o nome do político. Pelo asfaltamento na estrada em frente à Fazenda Santa Mônica, de Eunício Oliveira, a EHL recebeu R$ 30 milhões do governo de Marconi Perillo (PSDB).

Em nota, a assessoria de comunicação de Eunício negou que o parlamentar tenha qualquer envolvimento no caso. “O senador desconhece a existência dessa placa. O assunto é estranho ao gabinete”, diz o texto.

BuzzFeed News
Placa com nome do presidente do Senado Federal foi retirada nesta semana


Agetop investigada

Em novembro do ano passado, o Metrópoles revelou que a empresa contratada pelo governo de Goiás para pavimentar os 12km da GO-425 fez uma espécie de “puxadinho” de 1,2km até a fazenda de Liliane. Apesar da proximidade, os vizinhos da deputada permanecem com acessos de terra batida.

Apesar de a EHL garantir que a parlamentar pagou pelo serviço, nunca apresentou notas fiscais. O episódio causou estranhamento aos órgãos de fiscalização do Estado e levou o Ministério Público de Goiás (MPGO) a abrir investigação. O caso está sob análise da Promotoria de Defesa de Patrimônio.

Levando em consideração que toda a obra contratada pelo Executivo goiano custou quase R$ 15 milhões, por paralelismo, o percurso entre a via principal e a casa de Liliane teria de alcançar cifras milionárias.

Mas o suposto desembolso da quantia é um mistério. Nem o governo estadual, nem a empresa prestadora de serviço, nem a deputada distrital explicam como uma obra pública de Goiás acabou batendo à porta de uma política do Distrito Federal.

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Em imagem do Google Maps, é possível ver a entrada da fazenda antes das obras, com mato queimado e terra
Via de acesso à fazenda de Liliane Roriz, na GO-425, antes das obras
Levantar poeira era inevitável antes das obras no local
Funcionário trabalha na via de acesso à propriedade particular de Liliane Roriz
Obras no local, com canaletas, rodapé e sistema de escoamento
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Reprodução do Google Maps mostra trecho antes de ser asfaltado, tomado pelo mato e com chão de terra batida

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Em imagem do Google Maps, é possível ver a entrada da fazenda antes das obras, com mato queimado e terra

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Via de acesso à fazenda de Liliane Roriz, na GO-425, antes das obras

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Levantar poeira era inevitável antes das obras no local

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Funcionário trabalha na via de acesso à propriedade particular de Liliane Roriz

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Obras no local, com canaletas, rodapé e sistema de escoamento

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Ainda há brita no acesso à fazenda da deputada distrital Liliane Roriz

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Pista de acesso à guarita da fazenda foi pavimentada. Segundo funcionários, a brita estende-se até o mata-burro

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Pela cerca da fazenda, é possível notar as alterações

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Animais caminham sobre o piso novo na propriedade de Liliane

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Casa onde moram funcionários da deputada, na entrada da fazenda

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Trecho da rodovia GO-425, asfaltada recentemente

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Trecho da pista recém-asfaltada

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Placa no trevo entre a GO-425 e a pista de acesso a Corumbá IV

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Guarita de acesso à Agropecuária Palma não foi asfaltada

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Entrada da fazenda Palma foi asfaltada

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Acesso a uma propriedade na GO-425 que segue inalterada

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Outras propriedades que ficam na GO-425 não receberam pavimentação

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Empresa enrolada
A Eletro Hidro Ltda. coleciona rolos nas obras que executa Brasil afora. Em 2016, o proprietário da empresa, Wilmar Oliveira de Bastos, foi preso pela Polícia Federal, por supostamente integrar uma organização criminosa acusada de fraudar licitações de terraplanagem e pavimentação em Tocantins. Ele e outros 20 comparsas também detidos na Operação Ápia podem ter causado prejuízos superiores a R$ 1 bilhão.

Todas as empresas de Wilmar Bastos têm sede em Tocantins. Conhecido como “Chatão”, ele é responsável por grandes obras no estado. Entre elas, a da alça viária Norte-Sul, em Palmas, que ficou paralisada pelas investigações da Operação Ápia. Esse contrato foi firmado no valor de R$ 129 milhões.

Wilmar também é acusado de ter fechado um contrato de R$ 52 milhões para asfaltar vários municípios de Palmas, mas, em razão da suposta má qualidade do material utilizado, o piso começou a rachar em poucos meses.

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