MP corre contra o tempo para denunciar religiosos nesta sexta (23)
Nesta quinta-feira (22/3), foram ouvidos monsenhor, juiz eclesiástico e o bispo de Formosa, Dom José. Se calaram diante de muitas perguntas
atualizado
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Especial para o Metrópoles, de Formosa (GO) — Os promotores que comandam a Operação Caifás ouviram, nesta quinta-feira (22/3), em Formosa, o bispo do município, Dom José Ronaldo, o vigário-geral da diocese e segundo na hierarquia, monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, e o juiz eclesiástico Thiago Wenceslau. Por orientação da defesa, os três se calaram diante de muitas perguntas formuladas pelo MP.
“Outros responderam aquilo que foi indagado em relação aos fatos em apuração”, disse a promotora Fernanda Balbinot. O conteúdo das oitivas, porém, não foi divulgado. Juntamente com outros seis presos, os três religiosos são acusados de desviar mais de R$ 2 milhões referentes a recursos pagos por fiéis às igrejas do Entorno do Distrito Federal.
Todos estão detidos no presídio estadual de Formosa, recém-inaugurado. Foram isolados dos demais presos, por questão de segurança. Os religiosos chegaram escoltados por agentes penitenciários em camburões, por volta das 9h. Estavam tranquilos e permaneceram neste clima durante as oitivas. Sempre acompanhados de advogados.Dom José Ronaldo está no centro das denúncias. Ele seria o mentor do esquema criminoso, segundo os investigadores, que teria sido iniciado no Entorno em 2015. A defesa diz que os acusados negam as irregularidades e os recursos são “fruto de muito trabalho dos padres”.
Os suspeitos foram presos durante a operação deflagrada na segunda (19), com o apoio da Polícia Civil de Goiás. Com mandados de busca e apreensão em mãos, os promotores recolheram farto material na casa dos acusados. Entre os itens, estão documentos, computadores, relógios de grife e pelo menos R$ 135 mil em dinheiro, que estavam na residência do monsenhor Epitácio, em Planaltina de Goiás. A Justiça decretou a prisão temporária dos acusados, que vence nesta sexta (23).
O MP corre contra o tempo para denunciá-los nesta sexta à Justiça, já com o pedido de prisão preventiva. Isso para evitar que eles sejam soltos após cinco dias de detenção. Nessa fase, os promotores vão focar nos desvios feitos pelos padres, mas eles deverão responder por outras ações criminosas.
Todos os elementos comprobatórios produzidos durante a investigação serão compartilhados com as autoridades competentes da Igreja Católica, para que tenham conhecimento das provas conseguidas pelo Ministério Público.
Administrador interino
O administrador interino da Diocese de Formosa, nomeado pelo Papa Francisco, chega à Formosa nesta quinta-feira, às 15h. Dom Paulo Mendes Peixoto disse estar preocupado com os desafios e realidade da diocese.
“Começa um novo caminhar com a minha presença. A minha disposição é para dar ao povo de Formosa, muito abalado, mais esperança e confiança na prática cristã”, afirmou, em vídeo.
Foram ouvidos também padres que exercem função em paróquias do interior, nordeste goiano e de Formosa. Eles serão testemunhas, caso possam contribuir em relação ao esclarecimento dos fatos em juízo. Com o fim das oitivas, o MP se prepara para oferecer a denúncia.