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Entorno: no 1º dia pós-reajuste, população critica preços de passagens

Terceiro aumento em menos de 12 meses nas passagens entre Entorno e DF foi de 8,5%, em média. Novos preços passaram a valer nessa madrugada

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Aumento de passagens no Entorno do DF
1 de 1 Aumento de passagens no Entorno do DF - Foto: Nathalia Cardim/Metrópoles

O aumento no valor das passagens de ônibus das linhas que circulam entre o Entorno do Distrito Federal e a capital do país começaram a valer na primeira hora deste domingo (25/2).

Desde a meia-noite, os passageiros de municípios goianos que precisarem ir em ônibus semiurbanos para o DF vão pagar, em média, 8,56% a mais pelas passagens. Os custos das tarifas atualizadas variam de R$ 4,45 até R$ 22,25.

A medida, aprovada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), consta no Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira (23/2).

O novo aumento, no entanto, desagradou ao público que depende do serviço de transporte coletivo, que também criticou os dois reajustes autorizados em 2023 e que passaram a valer em março, de 12%, e em agosto (15%).

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Guilherme Macedo, 26, está desempregado e com a mãe internada na Asa Norte
Ônibus de Águas Lindas (GO) na Rodoviária do Plano Piloto
Juliana Santos Barbosa mora na Cidade Ocidental (GO) e trabalha no Lago Sul
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Amanda Miranda Torres, 21 anos, terá de pagar, em média, R$ 30 a mais por mês para sair do Novo Gama (GO) até o Plano Piloto

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Guilherme Macedo, 26, está desempregado e com a mãe internada na Asa Norte

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Ônibus de Águas Lindas (GO) na Rodoviária do Plano Piloto

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Juliana Santos Barbosa mora na Cidade Ocidental (GO) e trabalha no Lago Sul

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Com o reajuste, a técnica de enfermagem e autônoma Amanda Miranda Torres, 21 anos, terá de pagar, em média, R$ 30 a mais por mês pelo trajeto do Novo Gama (GO) ao Plano Piloto.

“Se a pessoa usa o transporte público, assim como eu, seis ou sete dias da semana, o prejuízo para o bolso é grande. [O reajuste] prejudica muito nosso salário. É um valor que vai faltar para outra finalidade, sem dúvidas”, opinou a jovem.

Auxiliar de enfermagem, Juliana Santos Barbosa (foto em destaque), 32, mora na Cidade Ocidental (GO) e trabalha no Lago Sul. Ela gastava R$ 7,75 por trecho para chegar ao trabalho – R$ 15,50 ao todo. Agora, pagará R$ 16,90 para ir e voltar.

“Não concordo com esse aumento. Não há qualquer motivo que justifique. Os ônibus não são novos, não têm ar-condicionado e, ainda, demoram a sair das plataformas e paradas. O trabalhador não tem condições para lidar com três aumentos em menos de 12 meses. É muito sofrimento”, desabafou.

Juliana também disse esperar que a empresa onde trabalha cubra o valor: “É ruim para quem mora longe. Vamos ter de pedir aumento do tíquete mais uma vez. E a gente fica inseguro”.

Outro passageiro afetado é Guilherme Macedo, 26, que está desempregado. Ele mora no Novo Gama e está com a mãe internada há três semanas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

“Estou me virando para vir todos os dias cuidar dela. A passagem de lá para cá custava R$ 9,50, até ontem [sábado]. Agora, vai para R$ 10,50. Para quem não tem nada, já é difícil pagar menos. Imagina arcar com R$ 2 a mais diariamente”, reclamou.

Defasagem

Mesmo com passagens por até R$ 22 e a indignação dos passageiros, as empresas de ônibus que circulam entre o Entorno e o DF reclamam de “defasagem” nos valores cobrados do público para justificar reajuste nas tarifas.

No entanto, para a Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Anatrip), o reajuste é necessário para garantir o equilíbrio financeiro das empresas envolvidas, “diante da realidade econômica do país”.

“Esse reajuste não é apenas justificável, mas também necessário para garantir a continuidade e a qualidade desse serviço essencial à população. Ele faz parte de um acordo celebrado entre a ANTT e operadoras, em 2023, para resgatar um passivo de dois anos sem reajustes – 2021 e 2022 –, cujo acumulado era superior a 40%”, argumentou o advogado Gustavo Lopes, representante da Anatrip.

“Massacre”

Após a medida, a Prefeitura de Planaltina (GO) ajuizou ação com pedido de liminar para tentar barrar o aumento. O prefeito Delegado Cristiomário (PSL) considerou a medida absurda e capaz de colocar em risco os empregos de moradores do Entorno contratados no Distrito Federal. Na avaliação dele, o aumento “massacra” a população.

“Somado com os aumentos do ano passado, temos um reajuste de 40%. É maior do que a inflação – que tivemos em menos de 10%. Isso vai penalizar a população, os trabalhadores”, criticou Cristiomário.

O prefeito acrescentou que o transporte oferecido é “extremamente precário” e que não houve “melhoria significativa” no serviço desde os aumentos de tarifa em 2023 (leia abaixo). Além disso, o mandatário lembrou que o preço dos combustíveis não subiu na mesma proporção.

Dos 1,5 milhão de habitantes do Entorno, segundo Cristiomário, 250 mil fazem diariamente o trajeto entre as respectivas cidades e o Distrito Federal.

Liminar

Caso o pedido de liminar – decisão provisória – seja atendido pela Justiça, a suspensão do aumento valerá apenas para Planaltina de Goiás. Em 2023, a prefeitura conseguiu barrar temporariamente o reajuste da tarifa.

Cristiomário também ressaltou que a ANTT ignorou as negociações em curso entre o Distrito Federal, o estado de Goiás e a União pela criação de uma saída capaz de amortecer os preços das passagens no Entorno.

Confira os novos valores:

Dois aumentos em 2023

A ANTT é responsável, desde fevereiro de 2023, pela gestão das mais de 400 linhas de ônibus que transportam diariamente cerca de 175 mil passageiros entre as duas regiões.

Os ônibus semiurbanos entre o Distrito Federal e o Entorno não são subsidiados pelos governos locais, e os recursos para manutenção do serviço provêm integralmente das tarifas pagas pelos usuários, segundo a ANTT.

Esses recursos se destinam a cobrir gastos operacionais, de manutenção, de compra de veículos, de folhas de pagamento, entre outros.

Após assumir o comando das linhas, a Agência optou por não conceder reajuste imediato de 40% a fim de evitar um grande impacto no bolso da população.

Os índices de reajuste, como elevação nos valores de combustível, óleo lubrificante, pneus e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado dificultaram, na visão da ANTT, a manutenção do preço das tarifas.

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