Candidatas do Enem dos Concursos são eliminadas após treta: “Pesadelo”
Candidatas dizem que foram eliminadas após “treta” com candidata que acreditou erroneamente que elas teriam excedido o tempo da prova
atualizado
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Duas candidatas que prestaram o Concurso Nacional Unificado (CNU) no Distrito Federal afirmam ter sido eliminadas após uma confusão na sala onde faziam a prova. Popularmente conhecido como o “Enem dos Concursos”, o CNU foi aplicado em todo o Brasil na manhã e na tarde desse domingo (18/8).
Amanda Espínola, 24 anos, e Aurora (nome fictício) estavam entre os cinco candidatos que permaneceram na sala 11 do Centro de Ensino Médio Setor Oeste, na quadra 912 da Asa Sul, quando o sinal que indicava o fim da primeira etapa da prova tocou, às 11h30.
Por estarem entre os três últimos candidatos a entregar as provas, Amanda e Aurora (que pediu à reportagem para não ter o nome real divulgado) foram orientadas pelos fiscais a permanecer no local para assinar o termo de encerramento, conforme previsto no edital do concurso.
Outra candidata, no entanto, ao ver que as duas mulheres ainda estavam na sala depois do sinal, assumiu que ambas ainda estavam finalizando a avaliação e “começou a fazer um escândalo”, conforme relataram as candidatas.
“Ela começou a gritar que ‘ainda tinha gente fazendo prova aqui’, e que aquilo era injusto e que nós devíamos ser expulsas. O fiscal já havia recolhido as provas e estávamos apenas assinando o termo de encerramento ao lado dos fiscais”, disse Amanda. “Os próprios aplicadores da prova não viram necessidade naquilo e questionaram o motivo de ela estar tão exaltada.”
Ainda segundo a jovem, que é pós-graduanda em direito, a candidata indignada fez várias acusações contra Amanda e Aurora, afirmando que elas seriam “trapaceiras” e que estavam “tentando fraudar o concurso”.
“Depois de tanto que ela falou, eu questionei: ‘Isso tudo é medo por não conseguir lidar com a concorrência?’. Ela ficou ainda mais indignada e, mesmo depois todos termos saído da sala, ela continuou tentando fazer a cabeça da fiscal”, afirmou Amanda.
Durante a tarde, Amanda e Aurora retornaram à sala para realização da segunda etapa da prova. As candidatas afirmam que chegaram a receber o cartão de anotação do gabarito, até que uma das coordenadores da aplicação da prova pediu que a dupla pegasse todos os pertences e a acompanhasse para fora da sala.
A coordenadora, então, comunicou que elas estavam eliminadas do concurso, sob denúncia “de exceder o tempo para realização da prova”.
“Foi um pesadelo. Extremamente injusto. Nós tentamos argumentar e exigimos alguma forma de questionarmos ou nos defendermos da decisão, mas ela [a coordenadora de aplicação da prova] não quis nem nos ouvir. Chamou a PMDF para nos tirar dali”, conta Aurora.
Para Amanda, a decisão foi “totalmente arbitrária e infundada”. “Eu jamais imaginaria que uma candidata teria autonomia para eliminar outras duas [candidatas] sem qualquer tipo de prova. E tenho certeza de que só nós duas fomos por retaliação da candidata por termos respondido ela.”
Após a expulsão, as duas mulheres foram até a 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde registram um boletim de ocorrência contra a coordenadora de provas. As duas candidatas agora buscam o Ministério Público Federal (MPF) para que possam obter alguma forma de justiça sob o caso.
Fiscais despreparados
No Distrito Federal, unidade da federação (UF) que teve a menor taxa de abstenção do concurso, estima-se que 190 mil candidatos tenham feito o “Enem dos Concursos”.
Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), o CNPU teve, em média, um trabalhador para cada cinco candidatos presentes – 210 mil nacionalmente.
Aurora, que já é veterana em provas de concurso público, afirma que a equipe de aplicação das provas que encontrou no domingo (18/8) estava “completamente despreparada”. “Se fosse realmente para termos sido eliminadas do concurso, os fiscais teriam feito essa decisão na hora em que teríamos cometido um irregularidade do edital”, argumenta.
Banca e ministério
Entre os mais de 1 milhão de brasileiros que realizaram as provas, cerca de 500 deles foram desclassificados do concurso, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Procurados pela reportagem, a banca organizadora do processo seletivo, Fundação Cesgranrio, e o MGI ainda não se pronunciaram. O espaço segue aberto para futuras manifestações.