“Encontro de almas”, diz mulher que adotou menino com deficiência
Roseane e Vilson adotaram José Matheus há três anos e celebram o desenvolvimento do filho: “É uma criança amada e feliz”
atualizado
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Gerar, amar e esperar. Essas são fases que podem ajudar a definir a gravidez. Mas constituir uma família vai muito além de uma gestação biológica. Verdadeiras histórias de amor estão esperando para serem construídas dentro de um orfanato. É o caso de José Matheus.
O menino que nasceu com paralisia cerebral, uma lesão extensa no lado direito do cérebro e outras limitações decorrentes do diagnóstico de esquizencefalia ganhou uma família no final de 2018 e teve a sua vida transformada.
Ele faz parte do grupo de crianças especiais inscritas no Cadastro Nacional de Adoção e que não se enquadram no perfil mais procurado por quem quer adotar no Distrito Federal. Mas graças ao amor incondicional, José foi acolhido aos oito meses por Roseane e Vilson Araújo.
Hoje, quase três anos após a adoção, José Matheus contraria o prognóstico inicial que recebeu de que teria graves comprometimentos relacionados à fala, locomoção, interação, audição, deglutição e visão.
“Apesar dos laudos iniciais, hoje ele corre, fala, canta, bagunça, interage. Enfim, é uma criança amada e feliz. Todo o amor guardado por tanto tempo e dado a ele o fez evoluir de uma maneira extraordinária”, conta Vilson. “Uma família faz toda diferença no desenvolvimento da criança”, completa Roseane.
O garoto também trouxe mudanças à família que o acolheu: “Como ele é o único neto da parte materna e o único neto homem da parte paterna, chega a ser mimado. É uma criança cercada de amor e de cuidados de toda a família e que retribui dando amor”, declara o pai.
Para ele, cada vez mais a adoção se mostra um caminho de mão dupla: “Nós adotamos o José Matheus como filho e ele nos adotou como pais. E isso é o círculo do amor. Somos felizes por causa do amor que nos uniu”.
Os pais contam que, assim como todas as famílias, enfrentam desafios na criação do filho. “Enquanto pais, o nosso maior desafio é saber como lidar com uma sociedade cheia de preconceito, principalmente quando se trata da adoção de uma criança com deficiência”, afirma Vilson.
Adoção especial
Roseane e Vilson sempre sonharam em ser pais. Quando iniciaram o processo para adoção na Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ-DF), deixaram no perfil a possibilidade de acolherem uma criança com deficiência ou problema de saúde.
“A gente nem sabia que existiam tantas crianças com deficiência esperando para serem adotadas. Nós estávamos abertos a ser pais. Queríamos uma criança para amar. Decidimos amar e não escolhemos como ou quem amar”, confessa Roseane.
Os pais foram apresentados a José Matheus em 26 de dezembro de 2018. Dois dias depois, ele chegou em casa. “É tão inexplicável. Se a gente pudesse justificar aquele momento, seria como um encontro de almas. É como se ele já fosse nosso filho, só tivesse nos esperando”, compartilha Roseane.
Como adotar
Para gerar mais encontros afetivos como o de José Matheus com seus pais, a VIJ-DF criou o programa Em Busca de um Lar. A iniciativa procura famílias para aqueles com menores chances de adoção por não terem o perfil mais desejado pelos aptos a adotar, como adolescentes, grupos de irmãos e os que possuem alguma deficiência ou problema de saúde.
Das 65 adoções efetivadas em 2020, duas foram de adolescentes e seis de crianças com deficiência ou problema de saúde. Cerca de 1/3 pertencia a grupos de irmãos.
A iniciativa busca conectar ainda mais crianças e adolescentes a pessoas ou famílias que desejam ter um filho por meio da adoção. Clique aqui e conheça as crianças inseridas na nova fase do Em Busca de um Lar.