Empréstimo de cadeiras de rodas: projeto atende pessoas carentes no DF
O Instituto Destak do Bem fica em São Sebastião e acolhe pessoas que não possuem condições de comprar equipamentos médicos
atualizado
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Depois de passar dois dias internado no Hospital Regional do Paranoá (HRP), em 2014, Maxwell Costa, 37 anos, conheceu um paciente que havia sofrido um acidente de trabalho. Sem condições de comprar uma cadeira de rodas — requisito para receber alta —, ele não podia voltar para casa. Sensibilizado com a situação, Max resolveu comprar o equipamento e emprestá-lo ao homem. Assim começava o Instituto Destak do Bem, que atualmente conta com cerca de 700 cadeiras disponíveis para empréstimo.
Maxwell acabou internado depois de ser atropelado por um carro enquanto trabalhava como motoboy. O motorista fugiu e ele foi encontrado pelo cachorro de um morador da região. Já no hospital, conheceu a realidade de pessoas carentes que precisam de equipamentos caros para continuar o tratamento.
“Eu sempre tive o sonho criar um projeto social. Em 2014, vi a necessidade das pessoas no hospital que precisavam de cadeiras de roda. Assim que eu saí de lá, comprei quatro cadeiras e comecei a divulgação pelas redes sociais.”
A inspiração para a criação do Instituto Destak do Bem veio depois de conhecer o homem que não conseguia receber alta pela falta da cadeira de rodas. Ele havia caído de uma escada enquanto trabalhava. Para continuar o tratamento em casa, ele precisava comprar o equipamento, mas não tinha dinheiro.
“Ele e a família me explicaram que só precisariam da cadeira por três meses. Perguntei se eles podiam esperar um pouco mais para eu comprar a cadeira e emprestar pra eles. Todos concordaram e foi assim que tudo começou.”
Apesar disso, o homem não foi o primeiro acolhido pelo projeto. Assim que Maxwell divulgou a ação nas redes, uma mulher o procurou. Ela havia fugido do marido, no Maranhão, depois de ser espancada, e precisava de uma cadeira de rodas e bengalas por pelo menos dois meses. Ela foi a primeira acolhida pelo Instituto Destak do Bem.
“Depois dela começaram aparecer várias pessoas pedindo ajuda. E no ano de 2017 nossa demanda só começou a aumentar”, explica.
Agora, o Instituto Destak do Bem oferece o empréstimo de vários equipamentos para pessoas portadoras de deficiência (PCD) ou de necessidades especiais (PNE). Além disso, o projeto também distribui marmitas e cestas básicas periodicamente.
Pessoas de todo o Distrito Federal são acolhidas pelo Instituto, que possui sede em São Sebastião e conta com cerca de 20 voluntários. Para emprestar um dos equipamentos, basta entrar em contato pelas redes sociais. Só é necessário informar o peso, altura, idade e explicar o porquê precisa da ajuda e por quanto tempo precisará do empréstimo. Além disso, também é cobrada uma taxa simbólica para aqueles que nunca fizeram doações para o projeto.
“O valor depende da condição da pessoa. Cobramos 40, 30, até 20, 10 reais. Se a pessoa for muito carentem não precisa pagar. Só é preciso vir buscar o equipamento em São Sebastião. Emprestamos por até seis meses, que é o tempo de entrar na fila de espera do GDF para receber uma cadeira de rodas”, explica Max.
Falta de doações
Idealizador do projeto, Maxwell atualmente trabalha como porteiro. Ele conta que o projeto vêm recebendo pouca ajuda finaceira e precisa tirar do próprio salário para manter a ação. “Na verdade, doação é o que não está tendo. Então, eu estou até fazendo o que eu não posso, que é tirando o meu sustento, para continuar levando o projeto adiante.”
Para piorar a situação, ele conta que, em abril deste ano, ele e outros voluntários foram furtados durante uma ação social. O grupo iria consertar algumas cadeiras de rodas no Plano Piloto, e deixaram as ferramentas e duas cadeiras para doação dentro do carro. Entretanto, o veículo foi arromabado enquanto eles distribuíam marmitas na região e os criminosos levaram todos os materiais.
Na época, Maxwell compartilhou a situação nas redes sociais e atingiu certa audiência. Ele conta que algumas empresas e pessoas o procuram para ajudar, mas pediram para que o porteiro regularizasse o projeto para fosse possível. Depois de todo o trâmite, a possível ajuda desapareceu.
“Confiando nisso, dei tudo que tinha e que eu não tinha. Paguei advogado, contador, para poder ver se ganhava essa ajuda. Mas depois, todos pararam de me responder. Agora estou estou devendo mais de R$ 9 mil. Para dizer que não recebemos nada, conseguimos uma cesta básica e R$ 800 de ajuda.”
Além disso, ele explica que depois do empréstimo de cada cadeira é preciso reformar o equipamento. “Infelizmente, quando a cadeira não é deles, não é comprada, eles não têm o dever de cuidar da cadeira, e a gente tem todo o trabalho de reformar a cadeira.”
Maxwell ainda relata que voluntários têm deixado o projeto por conta da falta de ajuda financeira. “Somos todos pobres. Então a gente tem que procurar o pão lá fora. E muitos se cansam de ter que ajudar o projeto, ter que trabalhar para além do sustento. O projeto está basicamente paralisado porque eu não tenho dinheiro.”
Como ajudar
As doações para o Instituto Destak do Bem podem ser feitas por meio do pix 61 986128058, que está em nome de Maxwell. O projeto ainda está no processo de regularização e o idealizador explica que, em breve, terá a própria conta bancária no CNPJ.
