Empresas ligadas a políticos dominam pregão para serviço de vigilância
Das classificadas até agora, quatro são ligadas a políticos. Valor anual do contrato é de R$ 555,7 mi. Licitação deve ser concluída em julho
atualizado
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A licitação que vai contratar empresas de vigilância para o Distrito Federal se encaminha para o fim. Depois de vários impasses com o Tribunal de Contas local (TCDF), o processo foi liberado e a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) analisa os documentos e as certidões das oito classificadas após a apresentação dos preços. Se o certame acabasse hoje, o cenário não mudaria muito, já que muitas dessas companhias já prestam o serviço para o GDF. E metade delas tem algo em comum: são de parentes de políticos. Neste grupo, há um senador e três distritais.
A Confederal tem laços com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). A Ipanema e a Brasfort são, respectivamente, de familiares de Cristiano Araújo (PSD) e Robério Negreiros (PSDB), deputados da Câmara Legislativa. Já a Brasília Vigilância pertence a dois filhos do ex-distrital César Lacerda (PSDB). As outras empresas que continuam na concorrência são a Multserv, a Visan, a G.S.I. e a Snake Segurança.
Atualmente, a Confederal, a Brasfort, a Brasília e a Multserv mantêm contratos emergenciais com o GDF para a prestação do serviço. Caso vençam a licitação, a principal mudança é que elas terão cinco anos de contratos regulares.
Por meio de nota, a Seplag confirmou que o processo encontra-se na fase de análise. “Trata-se de uma etapa regulamentar e eliminatória, necessária para a habilitação, em que as empresas proponentes precisam comprovar que atendem todos os requisitos do edital”, explicou a pasta.
Embora não haja prazo para que a secretaria conclua a licitação, servidores do órgão informaram ao Metrópoles que o processo está adiantado. A expectativa é de que o resultado final seja publicado em julho. O valor anual do contrato está estimado em R$ 555,7 milhões.
A promessa do Buriti é contratar 7.410 profissionais para os 3.705 postos de vigilância previstos no pregão. Os locais de trabalho foram separados em 16 lotes, que serão divididos entre as vencedoras do certame.
Suspensão
O processo licitatório para a contratação dos vigilantes tem se arrastado e enfrentado vários percalços. O último deles, em fevereiro, foi a suspensão do pregão pelo TCDF. A medida foi tomada depois que uma denúncia foi protocolada na Corte.
O documento alegava que o GDF estava inadimplente com diversas companhias que prestam o serviço de vigilância, principalmente as que têm contratos com a Secretaria de Saúde. Após análise do caso, o processo foi liberado pelos conselheiros da Corte. Os contratos emergenciais de vigilância também foram constantemente investigados pelos membros do TCDF.
Outro lado
Ao Metrópoles, Robério Negreiros disse que “há muitos anos não participa da gestão da empresa da família, mas que acredita na eficiência e na eficácia dos processos de licitação, nos quais, invariavelmente e de maneira transparente, sagra-se vencedora a proposta de melhor técnica e preço”.
O deputado Cristiano Araújo não quis se manifestar e o senador Eunício Oliveira não retornou o contato até a última atualização desta matéria. Representantes da empresa dos filhos de César Lacerda não foram localizados. Já o Sindicato dos Vigilantes do DF informou que só vai se pronunciar ao término da licitação.