Empresa que vendia carne clandestina a restaurantes do DF segue aberta
O Metrópoles visitou o comércio nesta sexta-feira (3/6) e constatou que a empresa funciona em uma residência do Areal, em Águas Claras. Moradora do imóvel confirmou a venda de carne, mas negou que os produtos sejam irregulares
atualizado
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Um dia após a prisão de três pessoas envolvidas com a venda de carnes clandestinas que eram distribuídas para bares e restaurantes de Brasília, o Metrópoles foi até o endereço da empresa investigada. No imóvel, uma residência no Areal, nada de placa ou qualquer indicação de que ali funciona um açougue ou uma distribuidora de produtos bovinos. Ainda assim, moradores da residência confirmaram a existência do comércio. O pior: a operação policial não intimidou Luiz Claudio dos Santos, 41 anos, apontado como um dos suspeitos da fraude. Ele continuará com o negócio. Os outros dois detidos na operação de quinta-feira (2/6), Maycon Rodrigo Rosa Silva e Wellington dos Anjos Moreira, seriam os fornecedores que traziam o produto irregular de Goiás.
À reportagem, a esposa de Luiz Claudio, que não quis se identificar, confirmou que o estabelecimento continuará aberto, frisou que não houve crime e que ainda há carnes estocadas no local — todas com o devido selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). Só por essa razão esses produtos não foram apreendidos na ação da Polícia Civil que retirou da residência 1,4 tonelada do alimento na manhã de quinta-feira (2).
Dono da Yan Comércio de Carnes, Luiz Claudio trabalha no imóvel de dois pavimentos, na Rua 121 do Areal, em Águas Claras. A família se preparava para ir à delegacia na manhã desta sexta (3) quando a reportagem do Metrópoles visitou o local.
Segundo a mulher, a empresa funciona naquele endereço há mais de dois anos. “Nossos clientes ficam no Plano Piloto. Eu tinha a documentação da carne aqui, mas, quando a polícia chegou, não pude entregar porque a papelada tinha sido encaminhada para o contador”, justificou.
Apreensão
A Polícia Civil decidiu deflagrar a operação de quinta-feira (2) após apurar que Maycon Rodrigo e Wellington trariam um grande carregamento de carne de Goiás. Com a informação, a polícia antecipou a ação. A ideia inicial era ouvir os donos de restaurantes que recebem os produtos antes de lançar a ofensiva. Agora, eles vão prestar depoimento em um segundo momento.
Como o caso ainda está em investigação, os nomes dos estabelecimentos que compravam a carne não podem ser divulgados. Se for comprovado que os donos dos restaurantes tinham conhecimento da origem clandestina do produto, eles responderão por sonegação fiscal e crime contra a economia e as relações de consumo. Na tarde desta sexta (3), os envolvidos participaram da audiência de custódia, quando foi concedida a liberdade provisória para os três.
Flagrante
À policia, Luiz Claudio afirmou que parte da carne que estava em casa está legalizada. “No entanto, ele confessou que também guardava produtos irregulares e tinha a intenção de vendê-los”, explicou o delegado da Divisão de Crimes Contra o Consumidor, da Polícia Civil, Ataliba Neto. Segundo Neto, a mercadoria apreendida foi encaminhada para o Zoológico de Brasília.
Erramos: inicialmente, o Metrópoles havia publicado que a mãe de Luiz Claudio atendeu a reportagem na casa. No entanto, trata-se da esposa, que não quis ter o nome divulgado. A mãe do empresário faleceu, segundo informou a família por telefone no último domingo (5).