Perrengue no Réveillon: organizadora é acusada de dever R$ 740 mil
Com diversos processos, Agência Unnu – responsável pelo “Réveillon do perrengue” – responde por dar “calote” em prestadores de serviços
atualizado
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Conhecida por ter organizado o “Réveillon do perrengue”, a Agência Unnu já responde a processos por não cumprir com os acordos estabelecidos. A empresa é acusada de dever R$ 781.331,36 a prestadores de serviços e bancos.
A agência organizou o Réveillon Finish Brasília, que tem recebido denúncias por não servir comida nem bebida em uma festa open bar e open food na beira do Lago Paranoá.
Um mês antes da data do evento, a festa já respondia na Justiça por não cumprir com serviços prestados. De acordo com o processo, uma influencer e social media havia sido contratada para divulgar o famigerado Réveillon Finish, que aconteceu no Opera Hall. Ela também teria de fazer a gestão do evento no Instagram.
Com o trabalho ela receberia três pagamentos de R$ 1,4 mil de janeiro a dezembro. No entanto, nem mesmo a primeira parcela foi paga. De acordo com o processo, o dono da empresa, Marco Aurélio Vieira do Nascimento Lima, começou a adiar o pagamento “dando desculpas e ignorando as mensagens”.
Em conversas pelo WhatsApp, a social media cobrou Marco Aurélio para que realizasse o pagamento, mas ele dizia que estava para receber e não efetuava o pagamento. O Metrópoles teve acesso às conversas. Veja:
O processo está em fase inicial, e contratante e contratada foram chamados para uma audiência de conciliação. No entanto, Marco Aurélio não foi encontrado pelos oficiais da Justiça.
A situação se repete outras vezes. A agência é apontada por não pagar uma empresa que forneceria bebidas à festa Patrono, que ocorreu em 9 de setembro de 2022.
De acordo com o processo, os donos da Agência Unnu jamais arcaram com os valores do contrato e ainda “tentaram utilizar de alguns lotes sem escritura, que nem sequer estavam em seu nome, para suposta quitação da dívida”, detalha a petição inicial.
O contrato era de R$ 277.212,64, mas há uma cláusula no documento que indica multa de 100% sobre o valor estabelecido . Desta forma, a empresa que presta serviço de distribuição de bebidas entrou na Justiça solicitando o pagamento de R$ 470.970,92.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) intimou o dono Marco Aurélio Vieira do Nascimento Lima para prestar esclarecimentos à corte. Por três vezes, oficiais de justiça tentaram localizar o responsável pela Agência Unnu, mas ele não foi encontrado em nenhuma diligência. O processo ainda está em tramitação, e Marco Aurélio ainda não foi localizado pela Justiça.
Em um outro processo a empresa é apontada de dar calote no Banco de Brasília. Em 15 de setembro de 2022, uma semana após a festa Patrono, Marco Aurélio, por meio da empresa, solicitou crédito bancário no valor R$ 220 mil ao BRB, em uma agência da Asa Sul.
O vencimento estava previsto apenas para 2025, mas como as prestações não eram pagas, o banco exigiu o pagamento antecipado do valor total da dívida e com os juros, chegando a R$ R$ 266.260,85.
A Justiça intimou Marco Aurélio novamente, e, no mesmo modus operandi, ele não foi localizado nas três diligências feitas a seu endereço. O tribunal, então, ordenou a penhora do veículo que o dono da Agência Unnu. Até o momento, nenhum responsável pela empresa foi encontrado.
Procon dá prazo
O Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF) deu prazo de 48 horas para que a empresa responsável pelo Réveillon Finish Brasília preste informações sobre denúncias de consumidores de terem sido enganados ante descumprimento de oferta veiculada pela Agência Unnu. Os participantes reclamaram que não teve comida nem bebida no evento que prometia open bar e open food.
O Procon destacou ainda ter havido denúncias da falta de produtos básicos, como água potável e copos descartáveis.
“Encerrado o prazo de defesa, o Procon irá instaurar procedimento administrativo para apurar eventual infração ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), e, no que couber, aplicar a penalidade cabível para o caso”, informou o instituto em nota.
Conforme o Metrópoles revelou em primeira mão, a promessa era de um buffet de salgados variados, feitos por chefes renomados, mas o tal banquete oferecido se limitou a minienroladinhos de salsicha, coxinha de milho, quibe e churros para celebrar a virada do ano. Nem a tradicional queima de fogos a festa proporcionou aos pagantes.
O evento teve seis lotes de venda, iniciando com R$ 150. Em um dos vídeos da comemoração, os participantes estão em frente ao Lago Paranoá, com os celulares a postos e flashes ligados. Uma pessoa grita “Feliz Ano-Novo”, mas em seguida pergunta “Cadê os fogos?” e encerra a fala com um palavrão, ao perceber que não veria o show pirotécnico pelo qual pagou.
Em outros registros, as pessoas mostram a fila do open bar com os freezers vazios. A expectativa era de que as bebidas estivessem liberadas até as 5h, com duas opções de cerveja, uísque, gim, cachaça de banana, drinques, refrigerantes, sucos, água mineral e água tônica. Veja as imagens:
Revoltados, os pagantes organizaram um grupo, que já tem 600 pessoas, e um abaixo-assinado para exigir o reembolso do ingresso.
“Falhas pontuais”
Na página da festa, a empresa confirmou na tarde desta quarta-feira (3/1) que houve problemas com a festa. “Houve falhas pontuais no que se refere à distribuição equânime de alimentos e bebidas em determinados momentos do evento”.
Apesar dos inúmeros relatos, o comunicado ao público indica que foi por um “lapso temporal” e devido às empresas terceirizadas contratadas para a prestação do serviço.
“Reiteramos nosso compromisso em aprender com as experiências vivenciadas e asseguramos que medidas serão tomadas para evitar ocorrências semelhantes em futuras edições”, continua a nota na página, que, apesar de ter bloqueado todos os comentários, agradece aos “feedbacks daqueles que estiveram presentes”.