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Empresa de filho do chefe da Radiologia do Hran tem contrato de R$ 10 milhões com o Iges-DF

Contrato milionário foi firmado com a empresa Radiograph, que tem como sócio-administrador Thales Queiroz Souza, filho de servidores

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
1 de 1 Hospital Regional da Asa Norte (Hran) - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) firmou contrato milionário com a empresa da família do chefe do Núcleo de Radiologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Gleim Dias de Souza.

O contrato do Iges-DF, vinculado à Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), foi firmado com a Radiograph Clínica de Imagem LTDA, que tem como sócio-administrador Thales Queiroz Souza, de 19 anos, filho de Gleim.

O documento – ao qual o Metrópoles teve acesso – tem vigência de pelo menos 12 meses, de 8 de outubro de 2020 até 8 de outubro de 2021. O valor da contratação dessa empresa é de R$ 869.319,60 ao mês e de R$ 10.461.835,20 ao ano.

“Contratação de empresa especializada para prestação de serviços de radiologia e imagem, exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada para pacientes interados”, diz o objeto da contratação, no documento. Desde 23 de abril de 2019, a Radiograph Clínica de Imagem LTDA pertence a Thales Queiroz Souza (sócio-administrador) e aos também sócios Arnaldo Queiroz Ribeiro e Gabriela Gomes de Souza, filha de Gleim.

Veja:

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Luciana e Gleim aparecem como representantes legais
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Renovação do contrato entre Iges e Radiograph. O documento é assinado por Thales

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Luciana e Gleim aparecem como representantes legais

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Antes dessa data, no entanto, a empresa era administrada pelo próprio Gleim. Na época, a esposa do atual chefe do Núcleo de Radiologia do Hran, Luciana Rodrigues Queiroz de Souza, hoje servidora do hospital, também integrava a sociedade.

A administração da empresa foi repassada aos filhos do casal pouco antes de Gleim assumir a chefia da radiologia do Hran, em maio deste ano, uma vez que a legislação proíbe que essas funções sejam acumuladas.

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Regularidade de Inscrição de pessoa jurídica de Gleim
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Sócios se retiram da sociedade, deixando no nome do filho

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Regularidade de Inscrição de pessoa jurídica de Gleim

Conflito de interesse

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal é um serviço social autônomo (SSA) criado para ampliar o modelo do Instituto Hospital de Base (IHBDF). A Secretaria de Saúde do DF faz parte da gestão do Iges-DF e, por isso, uma vez que Gleim atua em um cargo de chefia no Hran, especialistas apontam que a contratação feriu, no mínimo, o princípio da moralidade.

Conforme destaca Welder Rodrigues Lima, advogado e diretor do Observatório Social de Brasília, o servidor público é proibido, por força de lei, de participar de atividade em empresa na qual ele seja administrador. Pode ser sócio, desde que não exerça função administrativa.

A Lei nº 8.666, de 1993, que trata de licitações e contratos no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especifica que a administração pública é impedida de ter contrato com empresa em que o servidor seja participante – administrador ou não.

“Como o servidor se retirou da sociedade, colocando o nome do filho, não há mais essa vedação. Porém, ainda que a legislação não vede expressamente que o parente tenha contrato, existem os princípios da impessoalidade e da moralidade”, afirma o advogado. “Neste caso, é evidente que há um conflito de interesses. Fere os princípios da impessoalidade e da competitividade, pois a empresa tem vantagem em relação às demais participantes”, completa Welder Rodrigues Lima.

Segundo o advogado Fábio Lima, do escritório Lima & Volpatti Associados, “caso se tenha indícios de que a pessoa que está juridicamente à frente da empresa é uma espécie de laranja, aí se tem uma ilegalidade, o que pode configurar improbidade ou um ilícito administrativo”.

O outro lado

Questionada sobre o caso, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou que os dois servidores apontados – Gleim Dias de Souza e Luciana Rodrigues Queiroz de Souza – fazem parte do quadro efetivo da pasta e ambos foram admitidos no ano de 2003, quando não havia a exigência de declaração de não participação em empresas.

“Foram realizadas consultas nas pastas funcionais e não há esse documento. A secretaria também não tem qualquer informação acerca da citada atividade por parte dos servidores”, finalizou a secretaria, por meio de nota.
A reportagem procurou os envolvidos por mensagem de WhatsApp e ligação telefônica, mas não obteve contato até a última atualização desta matéria. O espaço está garantido a manifestações futuras.
Experiência
Em nota, “a Digimed Radiograph esclarece que sua relação com entes públicos ocorre por meio de rigoroso processo licitatório, com ampla concorrência, e respeitando a legislação vigente. A Digimed Radiograph, uma clínica de diagnóstico especializada em suporte técnico-científico a pacientes críticos e de alta complexidade e com 26 anos de experiência no Distrito Federal, refuta qualquer ilação que vise manchar seu histórico de excelentes serviços prestados à população do DF.”

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