Empreiteira de réu na Pandora quer construir nova ponte do Lago em parceria com GDF
Proposta foi feita pela JC Gontijo ao governador Ibaneis e envolve, ainda, a construção de bairro habitacional no São Bartolomeu
atualizado
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) recebeu proposta de estudo de viabilidade para a construção de uma nova ponte sobre o Lago Paranoá. A iniciativa é da construtora JC Gontijo. A obra seria realizada em conjunto com uma rodovia ligando o Lago Sul ao Paranoá, por meio de Parceria Público-Privada (PPP).
Não está claro, ainda, o que a construtora quer como contrapartida. O Metrópoles apurou que o modelo seguiria, em parte, a PPP fechada com o Consórcio Novo Terminal, em 2008. que permitiu a construção da Rodoviária Interestadual de Brasília.
Em troca da obra, no valor de R$ 55 milhões, as empresas Socicam, JC Gontijo e Artec receberam do GDF, além da concessão para explorar comercialmente o terminal por 30 anos, um terreno no Setor de Múltiplas Atividades Sul (SMAS), Trecho 4.
A operação, entretanto, está sob análise do Tribunal de Contas do DF (TCDF), uma vez que um dos sócios da JC Gontijo, o empresário José Celso Valadares Gontijo, é réu no âmbito da Operação Pandora, que investiga pagamento de propina durante a gestão do ex-governador José Roberto Arruda.
Nesta terça-feira (26/2), Ibaneis Rocha argumentou que a proposta de construção de nova ponte dentro de uma PPP será analisada. Disse que, em caso de avanço, o projeto poderia envolver a construção de um novo bairro habitacional na região do São Bartolomeu, na área do Jardim Botânico. Uma nova reunião com a empresa está programada para março.
Na PPP, o setor privado ficaria responsável por construir a ponte e todo o sistema viário, bem como cuidar da manutenção. Faria também as obras de unidades habitacionais do Setor São Bartolomeu – transformado em um novo bairro – para, em seguida, incorporá-las. O governo participaria com os terrenos e aporte, além de uma contraprestação mensal.
“A ideia é fazer por meio de PPP, colocando um novo setor habitacional, que seria o São Bartolomeu, mas, também, existe a possibilidade de financiamentos internacionais. Estamos tentando liberar o Distrito Federal para esses financiamentos e vamos ver qual a melhor modelagem para essa obra”, explicou o governador.
Equipamentos públicos
Caberia, ainda, ao setor privado construir equipamentos públicos (escolas, praças, posto de saúde, ciclovias) e manter e conservar o bairro, como nos moldes do contrato da PPP do Setor Jardins Mangueiral. A área utilizada seria de aproximadamente 320 hectares, sendo 160 para urbanização. O restante seria transformado em parque.
“Mais de 100 mil habitantes trafegam todos os dias ali. Os condomínios cresceram muito, os caminhões de carga também e há um fluxo de veículos muito grande. A barragem do Paranoá não foi feita para ser meio de transporte. Fico feliz de saber que já existe esse projeto”, afirmou Ibaneis.
O diretor da JC Gontijo, Luís Antônio Reis, afirmou à reportagem que a construtora manifestou interesse exclusivamente na construção da nova ponte, sem falar de valores ou contrapartidas. “Queremos começar os estudos para a ponte da Barragem do Paranoá. Não falamos de contrapartidas. Seria muito leviano falar delas neste momento”, comentou.
A JC e o GDF já são parceiros em um projeto habitacional na região do São Bartolomeu. Trata-se do Itapõa Parque. O Buriti aguarda assinatura de contrato com a Caixa Econômica Federal para construir 12 mil moradias populares no local. A previsão é que as obras comecem ainda no primeiro semestre deste ano.
Risco
Com a quinta ponte, o GDF poderia desativar o trecho sobre a barragem do Lago, onde passam 26 mil veículos por dia, atendendo determinação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
“A CEB já declarou que a barragem está estável. De qualquer forma, o governo já retirou o trafego de veículos de carga pesada daquele trecho para preservar o pavimento (evitando a infiltração de água na estrutura). Em termos gerais, a barragem está estável e perfeita. O que o governo está fazendo é buscando alternativas para preservar mais ainda a barragem. Por isso, busca alternativas para tirar o fluxo de carros da barragem”, explicou o secretário de Transportes, Valter Casimiro.
Apesar de ter dado autorização para a construtora começar os estudos de viabilidade, o GDF ainda não decidiu o que de fato irá fazer. “E mesmo assim, toda obra depende de licitação. Faremos tudo como manda o figurino”, garantiu Casimiro.