Em vídeo, Wassef nega ter chamado atendente de “macaca”: “Ela não é negra”
Advogado ainda registrou ocorrência contra a funcionária do Pizza Hut em Brasília por denunciação caluniosa
atualizado
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O advogado Frederick Wassef, acusado por uma atendente do Pizza Hut no Distrito Federal de tê-la chamado de “macaca”, registrou, nesta quinta-feira (12/11), um boletim de ocorrência por denunciação caluniosa contra a trabalhadora. Segundo Wassef, a acusação é algo “arquitetado” contra ele por pessoas interessadas no dinheiro de uma futura ação indenizatória.
Em vídeo divulgado pelo próprio advogado nas redes sociais, ele afirma que a atendente foi orientada a registrar a ocorrência. “Foi a uma delegacia de polícia três dias após os fatos alegados por ela, acompanhada de advogado; um fotógrafo, que fotografou e divulgou o boletim de ocorrência vazado para a imprensa”, argumenta.
Wassef diz que a atendente está sendo “patrocinada” por um escritório de advocacia. “Uma menina de 18 anos que ganha pouco mais de um salário mínimo. Trata-se de uma fraude arquitetada para destruir minha reputação. Fosse verdade metade do que ela disse (…) teriam acionado seguranças e isso teria sido filmado e fotografado”, diz.
Em outro momento do vídeo, o advogado também afirma que a atendente não é negra e mostra uma foto supostamente da funcionária.
Confira:
Vítima prestou depoimento nesta quinta
A atendente que acusa o ex-advogado Frederick Wassef da família Bolsonaro de tê-la chamado de “macaca” prestou depoimento durante a tarde desta quinta-feira (12/11) na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul). Além dela, outras duas testemunhas também foram ouvidas pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
As investigações ainda estão no início e, segundo o delegado-chefe da unidade policial, Marcelo Portela, é preciso analisar com calma as versões. “A vítima basicamente reafirmou o que já tinha dito no BO [boletim de ocorrência] e as testemunhas corroboram a versão”, conta.
Imagens de câmeras de segurança também serão analisadas para confirmar a presença de Wassef na pizzaria, que fica no Shopping Píer 21, no Lago Sul. Não há filmagens internas do estabelecimento.
Wassef ainda não tem data para ser intimado a comparecer na delegacia. Todos os elementos ainda serão analisados antes que ele seja chamado para prestar depoimento.
Humilhação
O caso foi revelado pela Veja e confirmado pelo Metrópoles. Em depoimento, a funcionária detalhou que trabalha como atendente na pizzaria há cerca de três meses. Segundo ela, Wassef é um cliente frequente do estabelecimento. Afirmou que o advogado é conhecido por se tratar de “uma pessoa arrogante, que destrata e ofende os funcionários.”
A vítima relatou que o advogado já a agrediu verbalmente antes, mais precisamente no mês de outubro, dizendo: “Não quero ser atendido por você. Você é negra e tem cara de sonsa. Não vai saber anotar meu pedido.”
Em seguida, Wassef teria pegado no braço dela e a puxou até o balcão. A mulher, então, com o intuito de explicar os tamanhos das pizzas, lhe mostrou as caixas vazias como mostruário. Neste momento, Frederick jogou a caixa ao chão e disse para ela pegar.
A funcionária disse que ficou constrangida e se sentindo muito humilhada, mas pegou a caixa e se retirou. Já no último domingo (8/11), por volta das 21h, ele foi até a pizzaria novamente, segundo consta no boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve acesso. A vítima acrescentou que, desta vez, não o atendeu, pois comunicou à gerência que não atenderia mais tal cliente.
No entanto, ao ir embora, Wassef se deparou com a atendente no caixa e começou a reclamar, dizendo: “Essa pizza não tá boa! Você comeu?”. A mulher respondeu que não. Ele retrucou dizendo, agora em voz alta: “Você é uma macaca. Come o que te derem!”.
Diante desses fatos, a jovem respondeu: “Você não é melhor do que ninguém. É o único que reclamou da pizza.” Wassef, então, finalizou: “De onde eu venho, serviçais não falam com o cliente”. Finalmente, ele pagou a pizza e foi embora.
Em nota, a Pizza Hut Brasil afirmou que manifesta seu “absoluto repúdio aos fatos ocorridos e seu apoio aos funcionários agredidos e ao franqueado da referida unidade”.
A empresa diz ainda que está dando suporte aos colaboradores e parceiros agredidos, “para que os mesmos façam valer os seus direitos e para que sejam tomadas as medidas necessárias para evitar que tais atos se repitam”.
De acordo com o Código Penal, a injúria é o ato de ofender a dignidade ou o decoro de alguém. Caso a injúria consista na utilização de elementos referentes a raça, cor ou etnia, entre outros, a pena é de um a três anos de prisão.