Em Vicente Pires, WhatsApp aproxima unidade de saúde e comunidade
Grupo criado por servidores é usado para comunicação com pacientes. Em alguns casos, evita até deslocamentos desnecessários ao local
atualizado
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Pacientes da Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 11, de Vicente Pires, têm, literalmente, a informação na palma da mão. Há dois anos, profissionais do posto mantêm um grupo no aplicativo WhatsApp para tirar dúvidas dos usuários. Atualmente, 210 pessoas participam das conversas.
Não há muita burocracia para fazer parte: é possível entrar a partir de link enviado pelas redes sociais ou por meio de pedido feito a um dos funcionários. Para não desviar o foco, em qualquer sinal de correntes ou perguntas que fogem da área da saúde, administradores e até frequentadores mais assíduos tratam logo de lembrar as regras de convivência. Os mais sem noção são banidos, conta a enfermeira e uma das idealizadoras Núbia Macêdo.
As mensagens dão notícias sobre vacinação, escala de profissionais, medicamentos e até vagas disponíveis, explica. Mas não é a qualquer hora que os servidores estão on-line: “A gente responde no horário comercial, mas não no fim de semana. A não ser em casos especiais, como emergências. Aí, encaminhamos para o local competente”, complementa.
A enfermeira revela que a criação da comunidade eletrônica ocorreu em 2015, em parceria com a Associação de Moradores de Vicente Pires e Região (Amovipe), quando a linha telefônica da UBS estava cortada e havia a necessidade de estabelecer um canal de comunicação com a população local. O telefone voltou a tocar há três meses, mas, por conta da correria do dia a dia, a conversa por mensagem se torna mais ágil, afirma Núbia. A unidade atende, em média, 250 pacientes diariamente, segundo a profissional.
A dona de casa Patrícia Cristiane Souza (foto em destaque), 40 anos, revela que a novidade economizou inúmeras passagens de ônibus. Ela elogia a atenção dos servidores com a população. “Isso é único, coisa inédita. Nenhum outro posto tem essa aproximação com a gente”, afirma. Ela está no grupo do aplicativo há mais de um ano e entrou exatamente porque a linha telefônica ainda estava cortada e precisava de informações.
“Para tudo, você depende do telefone e (a UBS) ficou um tempo sem essa comunicação. Foi muito difícil”, lembra. “A comunidade tem se tornado muito próxima. Aqui, é muito ruim de ônibus, só temos uma linha. A pessoa, às vezes, não tem condição de pagar ônibus, mas, como todo mundo tem celular hoje, pergunta por lá se há a medicação, se há médico”, conta a moradora de Vicente Pires.
A maioria dos participantes levam o espaço a sério, segundo a gerente da unidade, Tatiana Rocha. “A maior parte, mais de 90%, realmente tem interesse em saber as coisas relacionadas. Facilita muito a questão da transparência e do acesso. É basicamente isso”, comenta a gestora. Ela destaca, porém, que há limites: casos de saúde íntima ou consultas médicas não são discutidos.
Da nossa parte, a gente consegue ter um contato bom com a comunidade. Ela fica mais informada e evita algumas falhas de comunicação, como de horário e de agenda. Na minha opinião, veio a acrescentar e a facilitar muito.
Gerente da UBS Nº 11 de Vicente Pires, Tatiana Rocha
Empecilho
Por ao menos um ano, telefones fixos da Secretaria de Saúde ficaram cortados por falta de pagamento para a empresa que fornecia o serviço. Um contrato emergencial, com duração de 180 dias, está em vigor e, por isso, as linhas voltam a funcionar gradativamente, informou a Pasta.
“A Secretaria de Saúde destaca que a contratação emergencial dos serviços garantiu economia de 90% no contrato de internet e 45% no de telefonia. O contrato emergencial foi firmado ao custo de R$ 780.686,58 e poderá ser interrompido após a conclusão da licitação para contratar o serviço com regularidade”, esclareceu.
Unidade continuará funcionando, diz GDF
Um boato de que a unidade fecharia corria por Vicente Pires e enfurecia os habitantes. Patrícia Souza, inclusive, comentou isso com o Metrópoles: “Queriam fechar o posto de vez, mas, depois de muita luta, muita briga e muita manifestação, desistiram.”
Em nota, a Secretaria de Saúde garantiu não ser verdade. “Nunca houve intenção de fechar a unidade básica de saúde de Vicente Pires”, sustentou.