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Em plena crise de saúde mental, PMDF descredencia clínica psiquiátrica

PMs sofrem com a interrupção de tratamento. Comissão de Direitos Humanos da Câmara enviou ofício à PMDF cobrando soluções para o problema

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Em plena crise de atendimento de saúde mental, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) descredenciou uma das clínicas psiquiátricas conveniadas. Sem médicos com tal especialidade, famílias de policiais militares não conseguem marcar consultas antes de agosto, mesmo em surto.

Até o começo de 2024, a AME Assistência Mental fazia parte do grupo de clínicas conveniadas para atender a tropa. No entanto, foi descredenciada. O Metrópoles confirmou o descredenciamento na terça-feira (2/4). Diante da situação caótica, a Comissão de Direito Humanos da Câmara Legislativa (CLDF) cobrou soluções da PMDF.

O serviço de atendimento da AME informou que está aguardando um novo edital da PMDF para novo credenciamento. Enquanto isso, a clínica passou a oferecer descontos para o atendimento de policiais militares como alternativa.

A nova comandante-geral da PMDF, coronel Ana Paula Habka, assumiu o comando com a promessa de cuidar da saúde mental da tropa. No entanto, a coluna Na Mira revelou o novo calvário da tropa sem atendimento. PMs esperam até 4 meses para conseguir consulta com psiquiatra no DF.

A reportagem entrevistou a família de policial sem atendimento. Familiares pediram para a identidade do militar não ser revelada. Sem conseguir tratamento pelo plano da corporação, parentes precisam pagar consultas com o dinheiro do próprio bolso.

Desamparados

“Sentimos um completo abandono por parte da PM. É um descaso. Porque meu irmão dedica a vida dele para a Polícia Militar. Sabemos que muitos desses transtornos foram adquiridos dentro da PM”, lamentou uma parente.

Em 2024, o policial começou a sofrer transtornos psicóticos. Desenvolveu medo de perseguição e passou a ter alucinações. Mesmo diante dos surtos, a família não conseguia atendimento de emergência psiquiátrica pelo plano da PM e tiveram de bancar o tratamento com recursos próprios.

Semanas depois, conseguiram uma vaga pelo serviço da PM. “Imagine se não tivéssemos pago e esse tempo todo com ele alucinando em casa”, ressaltou. No entanto, não conseguiram mais atendimento e o tratamento foi interrompido. “Se a saúde mental é prioridade, como perdem uma das clínicas? Cadê a continuidade no tratamento?”, questionou.

Urgência

Na terça-feira, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, deputado distrital Fábio Felix (PSol), enviou ofício para o comando da PMDF. Segundo o parlamentar, a corporação precisa urgentemente de um programa de acolhimento em saúde mental.

“Temos acompanhado de perto a negligência do atendimento à saúde mental dos policiais do DF. É absurdo que uma categoria submetida a esse nível de tensionamento e de conflito social não tenha acesso a psiquiatras e psicólogos, com um acompanhamento efetivo”, afirmou.

Veja as solicitações da CDH:

1. Investigação detalhada: realização de uma investigação detalhada sobre as condições de saúde mental dos policiais militares da PMDF, identificando as lacunas no sistema de atendimento existente e propondo soluções eficazes. Socialização do quantitativo de policiais militares afastados de suas atividades por atestado psiquiátrico.

2. Aumento de profissionais de saúde mental: recomendação à PMDF para aumentar significativamente o número de profissionais de saúde mental, incluindo psiquiatras e psicólogos, assistentes sociais entre outros para garantir um atendimento adequado a todos os membros da tropa. Socialização das medidas tomadas pelo comando geral para acelerar o tempo de espera para uma consulta psiquiátrica.

3. Aprimoramento das políticas de prevenção: sugestão de implementação de políticas de prevenção de transtornos mentais, programas de conscientização e suporte emocional contínuo para os policiais militares.

4. Levantamento do número de profissionais. Solicitamos que nos informem sobre a existência de atendimento psicológico nos batalhões e quantos profissionais atuam nesses locais.

Outro lado

Em nota, a PMDF informou que “a Clínica AME solicitou um reajuste de preços em percentuais superiores aos praticados em tabelas oficiais. Diante da falta de acordo, a empresa pediu o descredenciamento com base em uma cláusula contratual”.

Segundo a corporação, “outras 13 empresas foram procuradas e já solicitaram credenciamento junto ao sistema de saúde da Corporação”, e que foi firmado “um acordo com o CBMDF [Corpo de Bombeiros], que disponibilizou 5 psiquiatras para atuarem em avaliações periciais relacionadas à capacidade laboral, necessidade de restrições e intervenções psiquiátricas”.

A nota diz ainda que o atendimento de emergência disponibilizado no Centro de Assistência Psicológica e Social (Caps) “foi reforçado com a adição de mais uma psiquiatra”. “Além disso, estamos finalizando um acordo de cooperação técnica entre o Sesc e a SSP, o Serviço Social de Comércio, que oferecerá atendimento psicológico direcionado aos policiais militares”.

“Também está em andamento um processo de contratação de 32 postos de trabalho para a prestação contínua de serviços de saúde complementares por psicólogos, mediante ata de registro de preço. O Estudo Técnico Preliminar já foi aprovado para esta iniciativa”, finalizou.

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