metropoles.com

Em pesquisa com 251 médicos do DF, apenas 13 se declararam pretos

Levantamento feito pela Secretaria de Saúde, entre 2022 e 2023, revelou que só 5% dos médicos entrevistados se identificaram como pretos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Geber86/Getty Images
Médico negro, pediatra faz consulta com mãe e filho - Metrópoles
1 de 1 Médico negro, pediatra faz consulta com mãe e filho - Metrópoles - Foto: Geber86/Getty Images

Um levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) feito entre 14 de novembro de 2022 e 14 de novembro último revelou que, de 251 médicos ouvidos, 93 (37%) se declararam pardos e só 13 (5%) se identificaram como pretos na capital do país.

Apesar do cenário, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que a parcela da população brasileira que se declara preta aumentou de 7,4% para 10,6%, entre 2012 e 2022.

No Centro-Oeste, 9,6% das pessoas se autodeclararam pretas; e 53%, pardas. Contudo, apesar de serem maioria no país, o total de negros na área de saúde no Brasil ainda é pequeno. Com base nos dados da SES-DF, a presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Lívia Vanessa, lamentou a baixa representatividade nesse campo.

“A luta contra o racismo institucional é um esforço contínuo que envolve mudanças sistêmicas em instituições de saúde, de educação e na sociedade como um todo. O reconhecimento dessas dificuldades é crucial para promover uma cultura mais inclusiva e equitativa no campo da medicina”, afirmou.

Valorização

Um levantamento de 2020 da publicação Demografia Médica do Brasil revela que só 3,4% dos concluintes de medicina em 2019 se declararam negros; 24,3%, pardos; e 67,1%, brancos.

Quando se trata da representatividade dessa população no campo da medicina, as estatísticas são escassas, o que destaca uma lacuna significativa na produção científica sobre o tema, segundo o estudo. Os dados demonstram a necessidade de maior entendimento e conscientização sobre a diversidade na profissão médica.

Médica e conselheira do CRM-DF Fabiane de Miranda Vasconcelos reforça que encorajar e apoiar a representatividade negra na medicina não envolve só a questão da justiça social, mas a construção de um sistema de saúde inclusivo e eficaz.

“A valorização da diversidade na profissão beneficia pacientes, profissionais de saúde e a sociedade como um todo, promovendo equidade e melhorando a qualidade dos cuidados prestados”, ponderou.

Pioneirismo

A primeira médica negra a se graduar na Universidade de Brasília (UnB) foi Denize Bomfim, em 1991. Ela conta que, até aquele ano, havia mais de seis médicos pardos e pretos. Contudo, o número era pequeno quando se tratava de mulheres negras. “Durante o curso, não tive colegas pardos e pretos na turma. Há mais negros do sexo masculino graduados. A questão de gênero também é muito relevante na questão racial”, comentou.

Em 1909, Maria Odília Teixeira, nascida em 1884 em São Félix (BA), foi a primeira médica negra do Brasil. Ela se formou na Faculdade de Medicina da Bahia e se tornou a sétima mulher a se graduar no curso na unidade da Federação e a primeira do país no século 20. A médica também foi a primeira professora negra da instituição de ensino. Ela morreu em 1970, aos 86 anos.

Também baiano, nascido em Salvador em 1873, Juliano Moreira foi um dos primeiros médicos negros formados no Brasil e, frequentemente, é mencionado como um dos fundadores da psiquiatria no país. Ele ficou conhecido por humanizar o tratamento de pacientes com transtornos mentais e pelo enfrentamento ao racismo científico.

Com informações do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF)

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?