“Em nome do amor”: casal do DF adota menino com paralisia cerebral
Com 3 anos de idade, Geovanny encontrou lar graças a projeto da Vara da Infância que colocou em evidência crianças com deficiência
atualizado
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A servidora Juliane Patrícia Guedes não poderia imaginar que o momento mais feliz da vida dela aconteceria em um passeio de parque, com uma criança de 3 anos. “Ele me chamou de mamãe?”, foi a reação da mulher de 32 anos, quando escutou a fala do pequeno Geovanny. Aquele foi o segundo encontro do processo de adoção do menino, que sofre de Paralisia Cerebral Bilateral Espática. Até aquele dia, o pequeno estava em busca de uma família.
Geovanny é uma das três crianças que participaram do processo de busca ativa organizado pela Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ-DF), em outubro do ano passado. O projeto Em Busca de um Lar colocou em evidência, além de Geovanny, os meninos Tomas Lucas, 2 anos, e João Miguel, 4. Os protagonistas da campanha nasceram com problemas de saúde e, por isso, têm mais dificuldade de deixar os abrigos infantis rumo a uma nova família.
Foi em decorrência da publicidade organizada pelo projeto que Juliane encontrou o filho. Segundo contou ao Metrópoles, a servidora e o marido, o operador de áudio Gustavo Guedes, 28, sempre quiserem adotar uma criança, mesmo antes de formarem um casal. Quando viu a foto do menino no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a mulher não teve dúvidas que seria mãe.
“Naquela época sempre mexia no site do TJ para ver se tinha coisa nova [sobre o processo de adoção]. Entrei no site e vi falando sobre o projeto da busca ativa com a foto do Geovanny. Foi na hora. Eu olhei e comecei a chorar, sabia que era ele”, narrou Juliane. Na ocasião, ela estava no local de trabalho. A servidora não se conteve e imediatamente ligou para o marido. “Fui lá fora e liguei pro Gustavo, mandei tudo que falava a respeito do Geovanny”, contou.
A nova mamãe relata que, num primeiro momento, o casal não especificou à Vara da Infância a preferência sobre o estado de saúde do filho que buscava. No mesmo dia em que viu a foto do menino no site do tribunal, Juliane entrou em contato com o projeto Em Busca de um Lar e com a VIJ-DF, que explicou sobre a condição de saúde de Geovanny. “Explicamos que, para a gente, não tinha diferença, que era ele mesmo”, lembra a servidora.
Na semana seguinte, Juliane e Gustavo conheceriam a criança. A proposta da VIJ era fazer com que os pretendentes a pais tivessem encontros pontuais com Geovanny pelo período de um mês, o que chamam de fase de experiência. No entanto, já no segundo contato o garotinho reconheceu o casal como família, chamando os dois de mamãe e papai. “Eu fiquei em choque e encantada, não sei expressar o que eu estava sentindo. É nosso primeiro filho, e foi uma sensação… não sei te explicar”, emociona-se Juliane, ao lembrar do momento.
Depois disso, o casal encontraria o menino mais duas vezes na mesma semana. Então, os funcionários do abrigo infantil relataram à Vara da Infância que a criança passou a dormir mal, provavelmente ele sentia saudades de Juliane e Gustavo. A VIJ-DF decidiu que o melhor para o bem-estar de Geovanny era diminuir a etapa de experiência e deixar a nova família levá-lo já na semana seguinte.
Hoje em dia, o menino não tem mais problemas para dormir.
“É como se a gente se conhecesse há muito tempo. O pessoal do abrigo falou que, à noite, o Geovanny acordava chorando, mas com a gente isso não aconteceu. Todo dia, antes de botar ele pra dormir, eu e o Gu conversamos com ele. A gente tem o nosso momento: dizemos ‘olha, pode dormir tranquilo, papai e mamãe estão aqui’”, explica Juliane.
Adote
Segundo a Vara da Infância e da Juventude do DF, há, atualmente, 112 crianças e adolescentes em busca de adoção em Brasília. Desse total, 17 são como o Geovanny e apresentam problemas de saúde. As outras duas crianças do projeto Em Busca de um Lar também continuam disponíveis para adoção.
Veja aqui os requisitos necessários para adotar uma criança em Brasília.