Em meio à epidemia de dengue, GDF mantém piscina suja e sem manutenção
Não utilizado desde janeiro, o reservatório está cheio de água parada. Não há previsão de contratação de serviço de limpeza
atualizado
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Desde janeiro, a piscina do Centro de Convivência Mozart Parada, em Taguatinga Norte, está fechada. Sem coordenador de unidade desde que o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou o chamado “decretão“, exonerando vários comissionados da gestão anterior, o espelho d’água, que deveria receber crianças e idosos para atividades físicas, está sujo e sem a manutenção necessária.
O descaso com o lugar vem de administrações anteriores. Conforme mostrou o Metrópoles, no ano passado, todo o centro de convivência era mantido com doações de pessoas da própria comunidade. “Nunca houve uma empresa contratada para cuidar da piscina. Como o chefe foi exonerado e ninguém foi nomeado até agora, nenhuma pessoa da administração tem autonomia para continuar o trabalho que vinha sendo feito”, afirma uma servidora do local, que prefere não se identificar.
Segundo a funcionária, que trabalha há 10 anos no centro, desde que a piscina foi construída, em 2010, são feitas solicitações regulares para que haja a preservação do lugar. “Sempre foram feitos pedidos à Secretaria [de Desenvolvimento Social (SEDES)], mas até hoje não foram atendidos”, conta. O local recebe cerca de 200 pessoas por semana.
O abandono da piscina chama ainda mais atenção por conta da epidemia de dengue no Distrito Federal. O número de mortes devido à doença subiu para 21. O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde reúne informações de 1° de janeiro a 18 de maio. Nesse período, foram notificadas 21.360 ocorrências, das quais 20.752 (97,2%) são de moradores do DF. Desse total, 18.649 são de casos prováveis da enfermidade.
Quem trabalha ou mora perto do Centro de Convivência se diz muito preocupado com tanta água parada sem os devidos cuidados. Vitório de Oliveira, 75 anos, dono de uma oficina mecânica que fica próximo à piscina, faz o alerta: “Deixar aquilo lá sem manutenção pode criar mosquito da dengue, é um perigo”.
Filho de Vitório, Márcio Cardoso de Oliveira, de 48 anos, também se diz insatisfeito. Ele alega que nunca pôde entrar no lugar e aponta para os tapumes em torno do local que, segundo ele, tentam mascarar a falta de estrutura. “É um descaso com o dinheiro da população. Além da piscina largada, o campo de futebol ao lado também está todo sujo”, indigna-se.
Maria Brito, 66 anos, mora no local e se surpreende com a informação de que a piscina está abandonada. Assustada com a proximidade com a própria casa, ela pede ação do governo. “É melhor que seja tomada alguma providência. Do jeito que está, não pode ficar”, diz.
O filho dela, Guilherme Brito, de 27 anos, julga ser um grande descaso do poder público. “Já não passa mais o fumacê e agora está esse perigo de dengue. É um grande descaso”, lamenta.
Versão oficial
Procurada, a Sedes-DF, responsável pelo Centro de Convivência Mozart Parada, disse que a piscina está sem atividade desde o início do ano por necessidade de manutenção. A pasta frisa, no entanto, que “já está com um processo em andamento para a contratação do serviço de manutenção preventiva e corretiva do espaço.”
No que diz respeito ao combate aos focos do Aedes aegypti, a secretaria informou que “vai acionar a Vigilância Ambiental em Saúde local solicitando o tratamento com larvicidas”.