Em evento, ex-hacker diz que profissional é necessário
Encontro, promovido pelo Metrópoles e pela Época, teve como tema: “Cibersegurança: usuários, corporações e nações sob ataque”
atualizado
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O quarto painel do tech talk “Cibersegurança: usuários, corporações e nações sob ataque”, evento promovido nesta segunda-feira (23/09/2019) pelo Metrópoles e pela revista Época, falou sobre “Profissão: hacker”. O apresentador Rafael Cortez entrevistou João Brasio e Wanderley Abreu, dois ex-piratas da internet que hoje atuam como consultores de segurança. O evento reúne os maiores especialistas e autoridades do país para debater questões sob três diferentes prismas: internautas, empresas e governos. Para acompanhar a iniciativa, entre no YouTube ou no Facebook do Metrópoles.
“Hackers do bem”
Os dois são “hackers do bem” e, hoje, trabalham para identificar as falhas de segurança digital das empresas. Nem sempre foi assim. Em 1997, Wanderley invadiu o site da Nasa. Depois disso, foi convidado pelos EUA para estudar e contar como fez essa proeza. A dupla não tem problema com o medo das pessoas com o termo hacker. “Hacker é como se fosse o policial de hoje. É alguém necessário. Temos que quebrar esse paradigma”, afirmou João Brasio.
O apresentador Rafael Cortez ressaltou o caso do The Intercept. E perguntou se os presentes teriam informação sobre o caso. Wanderley disse que não se mete mais nessa áreas. “Eu não faria o que ele (o hacker) fez. O meu instinto é de autopreservação. Inclusive com pessoas físicas. Eu não o considero um hacker. Considero mais um ladrão qualquer”, disparou Wanderley.
Brasio diz que o caso gerou danos colaterais, mas mostrou o quanto as pessoas precisam se proteger. “Nesse mundo (virtual) tem pessoas com mais ou menos ética”. Wanderley lembrou que, no tempo dele, os ciberatacantes não miravam em pessoas. Na época de hacker, Wanderley buscava feitos com significado e com foco em governos e grandes corporações. Para ele, a extorsão e a chantagem sexual na internet começam com a postura da vítima. “Se você tem alguma coisa valiosa, não manda para rede. Não mande nudes”, brincou.
Falhas
Há o problema de as empresas nunca apagarem nada do que é feito na internet. Senhas fracas e reutilizadas, por exemplo, são uma falha de segurança recorrente entre usuários e empresas. “O brasileiro acredita muito nas pessoas. Isso abre a guarda para o golpes como o fishing (na qual se pega as senhas e dados dos usuários)”, opinia Wanderley Abreu. Segundo João, o usuário ainda não pode acreditar no resultado das investigações das delegacias de crimes virtuais. “Apesar de haver bons profissionais, falta investimento”, acredita o especialista.
Abreu admite que, quando se quer, é possível prender o hacker, como foi o caso da Vaza Jato. Mas, para ele, o volume de crimes é muito maior. E se a infração não chama atenção da população e da mídia fica difícil. “Mas acredito que 99% dos casos têm solução”, disse.
Temas
Assuntos como dados pessoais roubados, computadores de empresas invadidos, governos sob vigilância e privacidade em xeque colocam a segurança digital como fonte de discussão constante. Por isso, a importância do encontro realizado no auditório da BioTic, no Parque Tecnológico de Brasília. No total, oito painéis discutiram diferentes tópicos sobre o tema. A abertura foi feita pelo presidente do Biotic, Gustavo Dias Henrique; e pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
O presidente da Biotic S/A, Gustavo Dias Henrique, destaca a importância de eventos como esse. “A digitalização da economia brasileira traz enormes benefícios para governos, empresas e indivíduos, na medida em que encurta caminhos, conecta pessoas e gera inteligência através de uma enorme quantidade de dados. É justamente a abundância desses dados que gera também os grandes riscos que temos que combater. O desenvolvimento da cibersegurança, nesse sentido, é um campo de enorme oportunidade para novas tecnologias e novos profissionais. É esse o debate que queremos promover durante o evento promovido pela Biotic S/A, site Metrópoles e revista Época”.
Especialistas como o diretor da PSafe Emilio Simoni; o chefe do Centro de Defesa Cibernética, general Corrêa Filho; o CEO da Apura, Sandro Süffert; e o diretor de engenharia de sistemas da Fortinet, Alexandre Bonatti, estiveram entre os convidados. O jornalista especializado em vida digital Pedro Doria realizou um keynote sobre as principais questões relacionadas à privacidade no ambiente digital e os perigos de invasões em dispositivos como celulares. O apresentador Rafael Cortez conduziu o painel “Profissão: hacker” e conversará com dois ex-piratas da web que atualmente trabalham como consultores de segurança para empresas.
Confira como foi a programação
9h – Abertura
9h30 – 5G, IoT e as vulnerabilidades hiperconectadas
Emilio Simoni, diretor do Dfndr Lab – PSafe
João Gondim, professor de Ciências da Computação da Universidade de Brasília
10h30 – Ciberataque S/A: As empresas na berlinda
Ulisses Penteado, CTO da BluePex
Bruno Prado, CEO da UPX e VP da ABSec
11h30 – Privacidade, um luxo na vida digital
Keynote com Pedro Doria, jornalista especializado em tecnologia
14h – Profissão: hacker
O apresentador Rafael Cortez (ex-CQC) entrevista João Brasio e Wanderley Abreu, dois ex-piratas da internet que hoje atuam como consultores de segurança
15h – Blockchain como aliado das empresas
Thiago Padovan, co-fundador da Blockchain Academy
Alexandre Bonatti, diretor de engenharia de sistemas da Fortinet
16h – Panorama da segurança cibernética
General Corrêa Filho, chefe do Centro de Defesa Cibernética
17h – Saúde, LGPD e cibersegurança
Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin
Rogerio Boros, diretor de Governo Federal e Saúde da Microsoft
18h – Ciberespionagem: uma ameaça real às nações
Sandro Süffert, CEO da Apura, presidente ABSec e membro da HTCia
Rodrigo Carvalho, perito de crimes cibernéticos da Polícia Federal
O evento é realizado pelo BioTIC e oferecido pelo Banco de Brasília e Sabin Medicina Diagnóstica.