Em diligência conjunta, CLDF confirma falta de profissionais no Hmib
Como revelado pelo Metrópoles, falta de profissionais, equipamentos e leitos na UTI Neonatal do Hmib faz parte da rotina
atualizado
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Na manhã desta quarta-feira (23/2), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) fez uma diligência conjunta com o Sindicato dos Enfermeiros do DF (Sindienfermeiros) e com a Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul.
Hoje, cada enfermeiro chega a cuidar de 11 bebês de alto risco em contrapartida ao que está descrito na portaria — cada profissional deveria tomar conta de, no máximo, cinco. O déficit de médicos de 20h na UTI Neonatal chega a 21 trabalhadores. E, dos 1,7 mil servidores, 300 foram afastados com Covid-19 em janeiro deste ano.
A falta de incubadoras é antiga. Desde 2016, a Secretaria de Saúde não efetiva uma licitação, e a unidade conta com apenas 14 funcionando em uma UTI de 30 bebês.
Apesar da falta de leitos de UTI, o hospital redimensionou os espaços e conta com duas vagas não Covid e três Covid na unidade das 35 disponíveis.
Veja como foi a diligência no Hmib:
Denúncias
Como apurado pelo Metrópoles, uma das alas do centro médico deveria ter apenas oito recém-nascidos, mas cuida de 11. A unidade de cuidados intermediários neonatal e até mesmo o Centro Obstétrico recebem o pacientes de UTIs.
Crianças prematuras com baixo peso, algumas com quadros extremos de saúde, com 350g de peso, foram internadas em incubadoras de transporte, projetadas apenas para a locomoção dos pacientes. Além disso, incubadoras quebradas estão acomodadas nos corredores do hospital.
As equipes de plantão estão desfalcadas. No caso dos técnicos de enfermagem, cada turno deveria ter 15 profissionais, mas conta, em média, com 11. Segundo relatos das equipes, a situação no Hmib está “desumana” e há risco de uma tragédia se não forem tomadas medidas para sanar o problema.
De acordo com profissionais da saúde, a crise da superlotação se arrasta ao longo das últimas semanas, mas ficou aguda no sábado (19/2) e neste domingo (20/2).
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde do DF, responsável pelo Hmib, em busca de esclarecimentos. Após a reportagem, a pasta enviou nota negando as denúncias de superlotação e falhas no isolamento de recém-nascidos.
Leia a nota na íntegra:
A direção do Hospital Materno Infantil de Brasilia (Hmib) informa que não procede a informação de que os bebês internados na UTI e que necessitam de isolamento estariam dividindo espaço com crianças sem essa indicação. Cada paciente recebe a assistência necessária indicada pelos profissionais da unidade, sem qualquer risco àqueles que estão próximos.
Hoje, todos os leitos da UTI neonatal do Hmib estão ocupados, no entanto, a internação nas unidades de terapia intensiva é regulada para toda a rede e não para uma unidade específica. O paciente que aguarda pela transferência é encaminhado ao primeiro leito que surgir, independentemente da unidade em que ele está internado. A direção do hospital e a Central de Regulação vêm trabalhando para ampliar e reforçar a assistência aos pacientes, com a abertura de alguns leitos extras. O Hmib é referência no atendimento a bebês com prematuridade extrema e, também, referência de gestação de alto risco com necessidade de abordagem cirúrgica imediata. Neste ano, a unidade recebeu 11 berços aquecidos e também conta com 16 incubadoras.
A pasta esclarece, por fim, que a redução no quadro de neonatologistas do Hmib se deve às aposentadorias e às exonerações, além do absenteísmo causado por afastamentos médicos, como aqueles ocasionados pela covid-19, por exemplo. A SES-DF já trabalha no lançamento de um edital, nos próximos dias, para a contratação de médicos temporários e de um outro para a mudança de especialidade. Também está prevista a realização de um concurso público.
A direção do Hmib, juntamente com toda a sua equipe multiprofissional, reafirma que não mede esforços para continuar prestando assistência de excelência para todos os pacientes.