Em desfile no DF, modelos negras são comparadas a escravas
Ofensas foram feitas por três homens em um grupo no WhatsApp. Caso está sendo investigado pela Polícia Civil como discriminação racial
atualizado
Compartilhar notícia
Modelos negras sofreram ofensas racistas em um grupo de WhatsApp enquanto participavam da primeira seletiva do concurso TOP Cufa DF 2018, na praça central do JK Shopping, em Taguatinga Norte, no último sábado (13/10). O evento de beleza, exclusivo para moradoras de favelas, contava com a participação de 180 mulheres, de 16 a 25 anos. Elas foram comparadas a escravas na rede social.
A troca de mensagens envolveu pelo menos três homens e prints da conversa foram publicados na internet. O organizador e presidente da Central Única das Favelas (Cufa-DF), Bruno Kesseler, teve conhecimento do caso e registrou ocorrência na Polícia Civil nessa segunda-feira (15). O caso será investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial.
Um dos suspeitos que aparece na conversa, intitulado como “Alex”, escreveu a seguinte frase: “Tá tendo um desfile só de preta aqui no JK. Coisa horrorosa”, ataca.
Veja as mensagens:
Na sequência, outro homem, identificado como “Muniz”, fala que “Alex” “tirou até uma foto do desfile”. Em seguida, posta um retrato de escravas enfileiradas e com cestas na cabeça. Outro rapaz, apelidado de “Dandan”, questiona: “Agr o cara é obrigado a achar as preta bonita? [sic]”.
A PCDF confirmou que o crime foi registrado e está sendo investigado como discriminação racial. A suspeita é que os autores sejam menores de idade. “O evento ocorreu no sábado [13] e, no domingo [14], tivemos outra etapa, que foi um workshop com as selecionadas. À noite, recebi esses prints do grupo de uma das modelos. Tomei um susto”, disse Bruno.
“Nós conseguimos identificar as contas do Instagram dos suspeitos, mas eles apagaram os perfis. Já denunciamos os nomes e aguardamos que eles sejam localizados rapidamente. Racismo é crime e mata. Algumas modelos quiseram desistir do concurso, mas estamos trabalhando com elas para tirar o lado positivo disso tudo. Vamos mostrar que o preconceito ainda existe e precisa ser combatido. Não deixaremos esse crime ficar impune”, acrescentou.
A Cufa DF publicou na página oficial do Facebook, também nessa segunda (15), uma nota de repúdio.
Confira o post: