Em ato no Palácio do Buriti, ciclistas do DF exigem segurança no trânsito
Manifestação ocorre no início da tarde desta quinta-feira. Grupo instalou 12 cruzes brancas em frente à sede do GDF
atualizado
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Dezenas de ciclistas reuniram-se em frente ao Palácio do Buriti, no início da tarde desta quinta-feira (5/11), em manifestação pela segurança no trânsito do Distrito Federal. O protesto é organizado pela ONG Rodas da Paz, com apoio de grupos de pedal do DF e do Entorno.
O grupo pede ações do Governo do Distrito Federal (GDF) em relação aos acidentes fatais envolvendo ciclistas na capital. Segundo Eduardo Guimarães, um dos organizadores do ato, o grupo marcou uma reunião, com representantes da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), do Departamento de Estradas de Rondagem (DER-DF) e do Departamento de Trânsito (Detran-DF), para apresentar as reivindicações neste início de tarde.
“São vários itens que elencamos, como a redução de velocidade em algumas vias e o controle melhor da velocidade no trânsito mesmo”, exemplificou o representante do Grupo de Coordenadores de Ciclismo do DF e Entorno.
Veja vídeo da manifestação:
Durante o ato, o grupo instalou 12 cruzes brancas em frente ao Buriti, representando o número de ciclistas mortos neste ano no DF, segundo os próprios manifestantes. O dado oficial, conforme o Detran-DF, porém, é de sete ciclistas mortos na capital entre janeiro e setembro deste ano.
Vítimas
Raphael Dornelles, coordenador-geral da Rodas da Paz, reforçou os anseios dos manifestantes.
“Nosso principal pedido é a criação de um comitê para investigar os fatores que levaram aos atropelamentos de ciclistas nos últimos dois anos, a situação que gerou aquele atropelamento”, afirmou ao Metrópoles.
Momentos antes da reunião com os representantes do GDF, os ciclistas colaram nas cruzes os nomes das vítimas. São elas:
• Edson Moreira Farias
• Vitor Pullig Salgado
• Ricardo Aragão
• Francisco de Sales
• Anísio de Souza
• Ilda Barbosa
• Antônio Silva
• Eduardo Carvalho
• Renato Carlos Rezende dos Santos
• Manoel Almeida da Silva
• Jailson Barbosa de Oliveira
• Francisco Lourenço Filho
Questão de justiça
No mês passado, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou por homicídio o homem suspeito de atropelar e matar o ciclista Ricardo Campelo Aragão, 58 anos. O acidente fatal ocorreu em 10 de outubro, na 703 Norte, e teve grande repercussão na capital.
O indiciado é Marcelo Damasceno Barroso, 35 anos, servidor concursado do Superior Tribunal Militar (STM). Conforme consta no site da Corte, ele trabalha no gabinete da Presidência do órgão.
De acordo com as investigações da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), o condutor não prestou socorro à vítima e fugiu do local. Além de ter sido enquadrado pelos crimes de omissão de socorro e evasão do local de acidente, ele responderá por homicídio e lesão corporal, uma vez que outra pessoa também se feriu.
Nádia Bittencourt, 55 anos, pedalava com ele no local e também foi atropelada, mas sofreu apenas escoriações. Ao Metrópoles, ela diz que agora espera que o autor do atropelamento seja preso.
“Ter descoberto o nome dele foi para nós um alívio, porque, até então, a sensação era de impunidade. Agora, aguardamos a finalização do inquérito”, comentou. “Não é uma questão de vingança, é uma questão de justiça”, completou.
Conscientização
Segundo o secretário de Trânsito e Mobilidade, Valter Casimiro, o objetivo do governo é ouvir os ciclistas e estudar as demandas dos manifestantes. “A gente sabe que Brasília é uma cidade que tem muito veículo, e a gente tem trabalhado no sentido de diminuir essa quantidade de na cidade, seja com estacionamentos rotativos, seja com as ciclovias”, disse.
“Tivemos conhecimento de algumas das reivindicações, que ainda vamos estudar. A questão de redução de velocidade, por exemplo. Vamos ver o que é possível fazer para dar mais segurança no trânsito aos nossos ciclistas e pedestres”, ressaltou.
Zélio Maia, diretor-geral do Detran-DF, também esteve no local e comentou sobre as campanhas educativas para promover maior segurança a quem anda de bicicleta no trânsito. “A cultura de que Brasília é uma cidade de carro é algo que eu acho que tem de acabar”, destacou.
“O principal é que o maior protege o menor, e isso a gente só consegue com a conscientização da sociedade. Temos campanhas permanentes que o Detran faz, como a Bike em Dia. Na última semana de novembro, estaremos durante quatro dias em Planaltina. Então, procuramos atender a toda a população”, assinalou.