metropoles.com

Em 2023, Distrito Federal teve 5ª maior taxa de feminicídios do país

Com alta de 73% dos casos entre 2022 e 2023, DF teve 5ª maior taxa de feminicídios por 100 mil mulheres entre as 27 unidades da Federação

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
Imagem em preto e branco para ilustrar feminicídio com duas mãos apoiadas como se pedisse ajuda - Metrópoles
1 de 1 Imagem em preto e branco para ilustrar feminicídio com duas mãos apoiadas como se pedisse ajuda - Metrópoles - Foto: Getty Images

Valderia da Silva Barbosa Peres era policial civil e atuava na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia. Treinada para ajudar mulheres vítimas de violência, a servidora pública foi assassinada pelo ex-marido com 64 facadas, dentro da casa onde morava, em Arniqueiras. Ensanguentado, o corpo dela foi encontrado pelo filho da vítima, assassinada aos 46 anos. O autor do crime fugiu, mas acabou morto em confronto com a Polícia Militar de Goiás (PMGO).

O feminicídio ocorreu em 2023, mesmo ano em que o Distrito Federal registrou 33 casos e aumento de 73,6% no total desses crimes na comparação com o ano anterior, quando 19 mulheres foram assassinadas por motivo relacionado a gênero. Os números são do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

Os dados, publicados no Mapa da Segurança Pública 2024, revelam que o DF ficou em quinto lugar – com 2,24 – entre as unidades da Federação com as maiores taxas de feminicídios por 100 mil mulheres, atrás de Tocantins (2,39), de Rondônia (2,4), do Acre (2,41) e do Mato Grosso (2,53).

O número de casos de 2023 foi o maior desde o início da série histórica da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), a contar de 2015, a partir da criação da lei que tipifica o crime do feminicídio. O recorde trágico, até então, era de 2019, quando 28 mulheres foram assassinadas.

Veja fotos de algumas das vítimas de feminicídio de 2023:

28 imagens
 Brenda Almeida Michnik, 20 anos
Valderia da Silva Barbosa Peres, 46 anos
Patrícia Pereira de Sousa, 41 anos
Sofia Antunes Queiroz, 20 anos
Rayane Ferreira de Jesus Lima, 18 anos
1 de 28

Cristina de Sousa Santos, 32 anos

Reprodução
2 de 28

Brenda Almeida Michnik, 20 anos

Reprodução
3 de 28

Valderia da Silva Barbosa Peres, 46 anos

Reprodução
4 de 28

Patrícia Pereira de Sousa, 41 anos

Reprodução
5 de 28

Sofia Antunes Queiroz, 20 anos

Reprodução
6 de 28

Rayane Ferreira de Jesus Lima, 18 anos

Reprodução
7 de 28

Letícia Barbosa Mariano, 25 anos

Reprodução
8 de 28

Simone Sampaio de Melo, 40 anos

Reprodução/Facebook
9 de 28

Izabel Aparecida Guimarães de Sousa, 36 anos

Reprodução
10 de 28

Giovana Camilly Evaristo Carvalho, 20 anos

Reprodução / Redes sociais
11 de 28

Jeane Sena da Cunha Santos, 42 anos

Material cedido ao Metrópoles
12 de 28

Mirian Alves Nunes, 26 anos

Reprodução redes sociais
13 de 28

Fernanda Letícia da Silva, 27 anos

Reprodução
14 de 28

Gabriela Bispo de Jesus, 33 anos

Reprodução
15 de 28

Anariel Roza Dias, 39 anos

Reprodução
16 de 28

Valdice Veiga Santana Schettine, 47 anos

Reprodução
17 de 28

Adrielly Thauana Pereira de Carvalho, 29 anos

Reprodução
18 de 28

Andreia Crispim de Lima Silva, 50 anos

Reprodução
19 de 28

Claudia Barbosa de Melo, 40 anos

Reprodução
20 de 28

Denise dos Santos Alves Cardoso, 21 anos

Reprodução
21 de 28

Deylilane Alves Santos Conceição, 34 anos

Reprodução
22 de 28

Elaine Vieira de Jesus Dias de Oliveira, 35 anos

Reprodução
23 de 28

Emily Talita da Silva, 20 anos

Reprodução
24 de 28

Maria Ivonilde Abreu, 45 anos

Reprodução
25 de 28

Itana do Amparo dos Santos, 36 anos

Reprodução
26 de 28

Jaqueline Reis, 29 anos

Reprodução
27 de 28

Patrícia do Nascimento Feitosa, 44 anos

Reprodução
28 de 28

Regiane da Silva Oliveira, 21 anos

Reprodução
Menosprezo e discriminação

Em 9 de março de 2015, a então presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei do Feminicídio, que também o incluiu na lista de crimes hediondos. O Código Penal ainda estabelece que, para que o assassinato de uma mulher seja enquadrado dessa maneira, leva-se em consideração a questão do gênero relacionada ao delito – que, geralmente, envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação contra o gênero da vítima.

Para Jéssica Marques, especialista em direito penal do escritório Kolbe Advogados e Associados, o aumento do número de feminicídios tem diversos fatores como motivação, sendo o principal deles a falha nos mecanismos de segurança para pessoas do sexo feminino. “Sabemos que há um movimento progressivo para trazer mais rigor à punição para quem comete algum crime de violência contra a mulher ou mesmo feminicídio. Mas os instrumentos de prevenção ainda são falhos”, critica.

A especialista acrescenta que a Lei Maria da Penha precisa ser mais conhecida: “Ela tem diversos itens que conferem proteção, integridade física, psicológica, sexual, patrimonial e moral à mulher. Só que, muitas vezes, elas não têm conhecimento efetivo dos próprios direitos. Isso aliado à falta de profissionais preparados para o atendimento [dos casos] e de fiscalização efetiva da vítima beneficiada por medidas protetivas acabam por levar ao feminicídio”.

Arte sobre feminicidio no Brasil em 2023 - Metrópoles

Posse e ciúme

De 2015, ano da promulgação da lei, até atualmente, o Monitoramento dos Feminicídios do Distrito Federal, da SSP-DF, contabiliza 180 feminicídios. Desse total, 111 (62%) tiveram como motivação posse e/ou ciúme. A segunda razão mais frequente, com 41 casos, foi a não aceitação do término do relacionamento.

Para Amaury Andrade, especialista em direito penal, apesar de precárias, as políticas públicas de combate a esse tipo de crime são importantes. Ele lembra, ainda, que cabe às instituições, como Ministério Público e Três Poderes, criar políticas de conscientização a toda a sociedade.

“Devemos manter as penas, os inquéritos policiais, as investigações e as medidas protetivas inseridas pela Lei Maria da Penha, para que possam ser somadas a medidas cautelares mais duras e que os agressores não cheguem ao extremo de causar um mal tão injusto como o de tirar a vida de uma mulher”, avalia.

Procurada pela reportagem, a SSP-DF informou que o combate à violência contra a mulher é uma das principais prioridades do programa DF Mais Seguro – Segurança Integral.

“A pasta ressalta que nenhum feminicídio foi registrado no mês de abril de 2024, no Distrito Federal. Esse foi o segundo mês consecutivo em que não houve registro do crime neste ano. A redução é resultado do novo programa da SSP-DF, que tem como uma das iniciativas o incentivo à denúncia como meio de interromper o ciclo de violência, permitindo que a rede de apoio aja de maneira mais eficiente”, completa a secretaria.

A SSP-DF informa, também, sobre a criação do eixo Mulher Mais Segura, no novo programa da pasta. A iniciativa reúne uma série de ações e projetos que buscam fortalecer o trabalho entre órgãos de governo e a sociedade civil na proteção delas.

Canais de apoio

Há, ainda, o Programa Viva Flor, que disponibiliza um aparelho similar a um smartphone às vítimas acompanhadas pelo Sistema de Segurança Preventiva para Mulheres em Medida Protetiva de Urgência. Caso esteja em perigo, ela pode usar a ferramenta para acionar o serviço de emergência da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

A distribuição do equipamento passou a ocorrer nas delegacias especiais de Atendimento à Mulher (Deams) I e II, diretamente pelos delegados responsáveis.

“Os programas de monitoramento têm sido ampliados. Em dezembro de 2023, o Viva-Flor passou a contar com 875 equipamentos. Atualmente, 507 mulheres são monitoradas, das quais 13 foram assistidas diretamente pela autoridade policial, ou seja, antes de decisão judicial”, destaca a pasta.

Já a PMDF oferece policiamento especializado para atendimento às mulheres, por meio do Policiamento de Prevenção Orientado à Violência Doméstica e Familiar (Provid). O trabalho ajuda a prevenir, inibir e interromper o ciclo de violência. De janeiro a novembro, a corporação fez 22.474 visitas, com trabalho de conscientização.

Além disso, há quatro meios para registros de denúncias:

15 imagens
A violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a ela, tanto no âmbito público como no privado
Esse tipo de agressão pode ocorrer de diferentes formas: física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral
A violência psicológica caracteriza-se por qualquer conduta que cause dano emocional, como chantagem, insulto ou humilhação
Já a violência sexual é aquela em que a vítima é obrigada a manter ou presenciar relação sexual não consensual. O impedimento de uso de métodos contraceptivos e imposição de aborto, matrimônio ou prostituição também são violências desse tipo
A violência patrimonial diz respeito à retenção, subtração, destruição parcial ou total dos bens ou recursos da mulher. Acusação de traição, invasão de propriedade e xingamentos são exemplos de violência moral
1 de 15

Getty Images
2 de 15

A violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a ela, tanto no âmbito público como no privado

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 15

Esse tipo de agressão pode ocorrer de diferentes formas: física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral

Arte/Metrópoles
4 de 15

A violência psicológica caracteriza-se por qualquer conduta que cause dano emocional, como chantagem, insulto ou humilhação

Hugo Barreto/Metrópoles
5 de 15

Já a violência sexual é aquela em que a vítima é obrigada a manter ou presenciar relação sexual não consensual. O impedimento de uso de métodos contraceptivos e imposição de aborto, matrimônio ou prostituição também são violências desse tipo

iStock
6 de 15

A violência patrimonial diz respeito à retenção, subtração, destruição parcial ou total dos bens ou recursos da mulher. Acusação de traição, invasão de propriedade e xingamentos são exemplos de violência moral

IStock
7 de 15

A violência pode ocorrer no âmbito doméstico, familiar e em qualquer relação íntima de afeto. Toda mulher que seja vítima de agressão deve ser protegida pela lei

Imagem ilustrativa
8 de 15

Segundo a Secretaria da Mulher, a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência no Brasil. A pasta orienta que ameaças, violência, abuso sexual e confinamento devem ser denunciados

iStock
9 de 15

A denúncia de violência contra a mulher pode ser feita pelo 190 da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), na Central de Atendimento da Mulher pelo 180 ou na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), que funciona 24 horas

Rafaela Felicciano/Metrópoles
10 de 15

O aplicativo Proteja-se também é um meio de denúncia. Nele, a pessoa poderá ser atendida por meio de um chat ou em libras. É possível incluir fotos e vídeos à denúncia

Marcos Garcia/Arte Metrópoles
11 de 15

A Campanha Sinal Vermelho é outra forma de denunciar uma situação de violência sem precisar usar palavras. A vítima pode ir a uma farmácia ou supermercado participante da ação e mostrar um X vermelho desenhado em uma das suas mãos ou em um papel

Rafaela Felicciano/Metrópoles
12 de 15

Representantes ou entidades representativas de farmácias, condomínios, supermercados e hotéis em todo DF que quiserem aderir à campanha devem enviar um e-mail para sinalvermelho@mulher.df.gov.br

Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
13 de 15

Os centros especializados de Atendimento às Mulheres (Ceams) oferecem acolhimento e acompanhamento multidisciplinar. Os serviços podem ser solicitados por meio de cadastro no Agenda DF

Agência Brasília
14 de 15

Homem que jogou água fervente na própria irmã é preso em Manaus

Agência Brasília
15 de 15

A campanha Mulher, Você não Está Só foi criada para atendimento, acolhimento e proteção às mulheres em situação de violência que pode ter sido consequência, ou simplesmente agravada, pelo isolamento resultante da pandemia. Basta ligar para 61 994-150-635

Hugo Barreto/Metrópoles

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?