metropoles.com

Em 2022, DF teve média de 14 tentativas de suicídio por dia

Até o início de maio, foram 1.828 atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros do DF. Ano passado, o valor chegou a 4.611

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Camila Quintero Franco/Unsplash
saúde mental
1 de 1 saúde mental - Foto: Camila Quintero Franco/Unsplash

Este ano, no Distrito Federal, a cada dia, pelo menos 14 pessoas tentaram tirar a própria vida. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), 2022 soma 1.828 ocorrências do tipo.

O valor é referente até o início de maio e corresponde a 39,64% do total registrado no ano passado.

Henrique França, 47 anos, conta que já atentou contra a própria vida três vezes. Ex-dependente químico e limpo há 14 anos, ele considera que é importante tratar o tema como forma de alerta.

“Hoje, me tornei pai, professor e empresário. Voltei a praticar exercício físico. Mas cheguei muito perto da morte. Quando se fala disso temos que ter cuidado, mas é importante falar para que não seja um assunto tabu. E para incentivar as pessoas a buscarem ajuda”, diz.

3 imagens
Ele acredita ser importante falar sobre o tema a fim de desmistificá-lo
Hoje, Henrique tem uma ONG que acolhe dependentes químicos
1 de 3

Henrique é ex-usuário de drogas e já atentou contra a própria vida

Reprodução
2 de 3

Ele acredita ser importante falar sobre o tema a fim de desmistificá-lo

Arquivo pessoal
3 de 3

Hoje, Henrique tem uma ONG que acolhe dependentes químicos

Igo Estrela/Metrópoles

Morador do Jardim Botânico, Henrique afirma que familiares e amigos são essenciais no apoio e no combate ao suicídio. “É preciso estar observando os sinais que a pessoa dá, porque, muito dificilmente, a pessoa que está nessa situação vai falar antes. E, o mais importante é: se você for quem está nessa situação, procure ajuda profissional. Não tenha vergonha. Tirar a própria vida não vai resolver”, completa.

Importância do alerta

João Leal Neto, 70, é fundador da organização não-governamental (ONG) Ação Brasil Sem Dor. O grupo tem atendimento especializado para pessoas que estão com pensamentos suicidas.

“A maioria que atendemos têm de 13 a 19 anos. Já chegamos a ter pacientes de 10 anos. É algo muito delicado, mas que precisa de atenção. E, hoje, acredito que não temos políticas públicas que sejam de fato eficientes. Temos o Maio Amarelo, mas esse alerta deve ser contínuo, durante o ano todo”, defende.

O psiquiatra e professor da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Sodré explica que a pandemia agravou a saúde mental da população e alerta para a importância do tratamento. “Saúde mental é algo sério e, até que se chegue à tentativa de retirar a própria vida, é um caminho longo. Se a condição for identificada e tratada corretamente, o paciente pode obter uma melhora significativa”, diz.

Sodré considera que é preciso se ter mais políticas públicas que facilitem o acesso da população ao atendimento psicológico.

“As pessoas precisam de um local para serem ouvidas e atendidas. Aos pacientes, o que posso dizer é: procure ajuda. Você não está sozinho e não precisa estar sozinho. Busquem por uma pessoa em que confiam para poderem ajudar. Pode ser familiar, amigo, líder religioso, alguém de confiança que possa te levar ao serviço psiquiátrico. É algo urgente e tem como sair disso”, completa.

Busque ajuda

Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.

Arte/Metrópoles

O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, atendendo em ambulância, como a distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.

Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?