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Em 2022, DF teve a maior taxa de injúria racial registrada no Brasil

Número registrado no é três vezes superior ao total do Brasil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta

atualizado

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Homem com olhar voltado à esquerda
1 de 1 Homem com olhar voltado à esquerda - Foto: Divulgação

O Distrito Federal é a unidade da Federação com a maior taxa de injúria racial do país, com uma taxa de 22,5 casos a cada 100 mil habitantes. O índice é três vezes superior ao total do registrado no Brasil, com uma taxa de 7,6%. Os dados constam na 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e são referentes ao ano de 2022.

Segundo as informações apresentadas em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (20/7), a taxa distrital do ano passado indicou um pequeno aumento em relação ao mesmo período de 2021, que teve 20,8 casos para cada 100 mil habitantes. A variação é de 7,58% de um ano para o outro.

Para o pesquisador do fórum Denis Pacheco, os dados são subnotificados. “A variação dos dados mais oculta do que revela. Temos dados de baixíssima confiabilidade, até porque há recusa e erros de tipificação em muitas delegacias do país”, explica.

O DF também registra casos recentes. Na semana passada, uma mulher de 71 anos foi presa em flagrante após proferir uma série de injúrias raciais contra uma enfermeira negra em um hospital do Lago Sul, área nobre da capital. A suspeita já acumulava uma série de denúncias de crimes de racismo.

No mês anterior, outro idoso, de 70 anos, foi preso pelo mesmo crime, em um restaurante do setor de mansões do Lago Norte. Ele teria se dirigido a uma mulher, de 58 anos, e a um homem, de 48, e gritado que a “carne preta é a carne mais barata”.

Em março, o Metrópoles denunciou que, em média, duas ocorrências de injúria e racismo são registradas por dia no DF.

Os dados da capita federal vão na mesma linha da região Centro-Oeste, em que todas as UFs apresentaram números superiores à taxa nacional. No panorama nacional, Santa Catarina é o estado com a segunda maior taxa, seguida por Mato Grosso do Sul.

Feminicídio

Os dados do fórum indicam uma redução de 24% no número de feminicídios ocorridos no Distrito Federal, do ano passado em comparação ao ano anterior. A pesquisadora do fórum Marina Bohnenberger alerta que a queda não significa a mudança de comportamento local.

“Provavelmente, a gente vai ver um aumento no ano que vem”. A pesquisadora destacou que até o momento o DF já apresenta números maiores do que os 19 contabilizados em 2022. Em apenas seis meses de 2023, foram registrados 20 casos.

A pesquisadora chamou a atenção para outro dado. No ano passado, houve aumento de 15% nos números de tentativa de feminicídio. “Para chegar a uma tentativa, de alguma maneira o Estado não conseguiu proteger antes”, explica.

Nessa linha, o estudo também apresenta que o DF é a segunda unidade da Federação com a maior taxa de ameaças contra a mulher. Pelos dados, 1.231,9 mulheres são ameaçadas a cada 100 mil habitantes.

O número é proporcional à quantidade de mulheres que têm medidas protetivas de urgência concedidas, também em segundo lugar. A taxa distrital registrada em 2022 é de 902,4 para cada 100 mil habitantes.

Estupro de vulnerável

A pesquisadora destacou a metodologia adotada pelo Distrito Federal ao registrar estupro de vulnerável. “O DF é a única unidade da federação que só considera estupro de vulnerável quando a vítima tem menos de 14 anos. Isso demonstra a interpretação que a Polícia Civil tem sobre a lei e que não considera casos de uma mulher adulta em situação que possa ser violada”, destaca.

Pelos dados analisados, o DF registrou 484 caos de estupro de vulnerável. A especialista ainda ressaltou que o número é subnotificado, já que estatísticas demonstram que apenas 8,5% dos crimes chegam de fato a uma delegacia.

O estudo também indicou que o Distrito Federal tem a menor letalidade policial em números absolutos. No ano passado, foram registradas 15 mortes causadas por intervenções policiais. Apesar de ser o menor número, a pesquisadora alerta que o DF vai na contramão do país. “O número nacional diminuiu e o DF aumentou. Então chama a atenção se não é um número velado”.

Divulgado nesta quinta, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública é um levantamento realizado desde 2007 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A produção do material é feita a partir de dados e indicadores oficiais e traz também informações sobre o números de segurança pública nacional.

O levantamento também apresentou dados do país de mortes violentas intencionais, violência contra a mulher, letalidade e vitimização policial, desaparecimentos, gastos com segurança pública, violência contra população LGBTQIA+, entre outros.

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