Eleitora de Lula sobre bilhete escrito “voto em ladrão”: “Me sinto ameaçada”
Moradora revelou que, em 2019, também foi repreendida por expor apoio político contrário aos dos vizinhos
atualizado
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A moradora do condomínio Park Residence, no Sudoeste, que amanheceu com um aviso incomum colado na porta de seu apartamento por apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz estar revoltada e ter se sentido ameaçada com a situação. O texto, escrito em folha de papel A4, carregava os seguintes dizeres: “Meu voto em ladrão corrupto é herança para meu filho”.
À pedido da entrevistada, de 30 anos, sua identidade será preservada pela reportagem.
A mulher conta não ser a primeira vez que vivenciou uma situação de divergência política no local. “Uma vez, em 2019, durante pronunciamento do Bolsonaro, estava havendo panelaço e interfonaram na minha casa solicitando que parasse de fazer barulho, sendo que o panelaço estava ocorrendo na quadra como um todo”, relembra.
Apesar de ainda não haver suspeito, um boletim de ocorrências deverá ser registrado nos próximos dias. “Revolta em presenciar uma agressão dessa, em que a pessoa se sente no direito de importunar a segurança e privacidade do outro, em sua própria casa, para deferir esse tipo de agressão. Porque é uma agressão, você se sente exposto, se sente ameaçado dentro da própria casa e, ainda, é covarde, em ser uma ameaça anônima”, critica a moradora.
A vítima disse ainda considerar comum haver divergências políticas entre as pessoas, mas rechaçou a atitude que tenta inibir o outro lado. “É quase um ‘fica ligada’, tem gente aqui que sabe em quem você vota, não coaduna com isso e vamos te importunar se continuar manifestando sua opinião política”, lamenta.
“Divergência política sempre houve e sempre haverá. Agora, uma pessoa que apoia Bolsonaro se sente no direito de ir até a porta da minha casa e colar um recado? Como se eu tivesse que ter vergonha de assumir meu voto”, reclama.
Apoio do condomínio
“Prestei toda a minha solidariedade e indignação à moradora. Esse não é um comportamento adequado a conduta de vizinhança e também ao estado democrático de direito”, diz o síndico do prédio, Bruno Tempesta.
O responsável pela gestão do condomínio orientou a moradora a registrar um boletim de ocorrência, ainda não realizado até a última atualização desta reportagem. O autor também não foi identificado, mas Bruno garantiu: “Vamos colaborar com as autoridades policiais no sentido de imagens”.
Em nota enviada a todos os moradores do prédio, o condomínio reforçou o apoio à dona do apartamento. Leia na íntegra:
“Senhoras e Senhores Moradores, damos publicidade a nota de repúdio, pois o nosso condomínio não aceita e nem admite nenhuma forma de ataque a outro(a) morador(a), e muito menos à democracia.
Reafirmamos que toda e qualquer manifestação política, de forma pacífica e ordeira, faz parte do estado democrático de direito, sendo assim, solicitamos a todos que respeitem a opinião do outro, mesmo que essa seja divergente.
Iremos cooperar com as autoridades policiais para identificação do(a) autor(a), assim como apuração de responsabilidades”.