“Me prendam mil vezes”, diz Paulo Octávio em Debate do Metrópoles
Comentário diz respeito à prisão do candidato, em 2014, por suspeita de corrupção para liberação do alvará de um shopping de sua propriedade
atualizado
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O candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF) Paulo Octávio (PSD) falou, na noite desta terça-feira (23/8), durante debate do Metrópoles com outros postulantes ao Palácio do Buriti, sobre os motivos que o levaram, em 2014, à prisão por suspeita de corrupção para liberação do alvará de um shopping de sua propriedade.
O comentário ocorreu durante o segundo bloco do debate, quando os jornalistas do Metrópoles questionaram os candidatos. O colunista Rodrigo Rangel perguntou sobre a operação Caixa de Pandora e sua saída do cargo de vice-governador de José Roberto Arruda, além da prisão já citada. Diante do contexto, o jornalista quis saber como ele conseguirá garantir um eventual mandato íntegro.
“Em relação à questão que você se refere ao Shopping JK, foi um empreendimento que me orgulha muito, levantou autoestima de Ceilândia. Se fui preso por ter feito um empreendimento privado, sem recursos públicos, me prendam mil vezes, pois não vou deixar de gerar empregos. Essa é minha vida. Não temo nada. Minha vida é muito tranquila”, afirma.
@rodrigo_rangel aborda honestidade com Paulo Octávio (PSD) pic.twitter.com/fvZzyzEmEG
— Metrópoles (@Metropoles) August 23, 2022
Entenda
Em janeiro de 2022, a 6ª Vara da Fazenda Pública do DF condenou Paulo Octávio, a empresa Paulo Octávio Investimentos Imobiliários Ltda. e mais quatro réus, sob a acusação de improbidade administrativa.
A ação de autoria do Ministério Público do DF (MPDFT) refere-se a irregularidades em autorizações para a construção do JK Shopping, reveladas pela Operação Átrio, deflagrada em 2014; na ocasião, Paulo Octávio chegou a ficar preso por cinco dias.
Na sentença, a juíza Sandra Cristina Candeira da Silva disse que Paulo Octávio “exerceu influência com ares de hierarquia inconcebível” para “contornar” as exigências dos órgãos públicos referentes ao relatório de impacto de trânsito do empreendimento, emitido posteriormente ao alvará de construção.
A magistrada registrou que o empresário também “requereu a aprovação de projeto de arquitetura irregular e não atendeu às exigências previstas para a aprovação, especialmente o pagamento de Onalt [Outorga Onerosa de Alteração de Uso]”.
No início do mês, esta coluna noticiou que Paulo Octávio havia feito um acordo com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) para se livrar da condenação à inelegibilidade por 10 anos. Com esse propósito, ele pagaria multas de R$ 65,4 milhões, em valores corrigidos, conforme determinava a sentença.
Operações
Ex-vice-governador do DF, Paulo Octávio deixou o GDF em 2010, em meio a um escândalo, quando foi acusado de integrar o maior esquema de corrupção já revelado na capital da República, que ficou conhecido nacionalmente como Caixa de Pandora.
Quatro anos depois da saída do GDF, Paulo Octávio voltou aos holofotes após ser preso por suspeita de integrar esquema de corrupção de agentes públicos para a concessão de alvarás, no âmbito da Operação Átrio. Ele ficou cinco dias na cadeia.
Paulo Octávio foi acusado de corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha e improbidade administrativa. Porém, o caso de formação de quadrilha prescreveu. E ele acabou absolvido em um dos processos sobre corrupção passiva, que tratava de uma das contratações envolvendo a empresa Linknet.