Debate do Metrópoles esquenta disputa entre candidatos ao GDF
Sete postulantes ao Palácio do Buriti apresentaram propostas e fizeram questionamentos entre si durante o evento realizado nesta terça (23)
atualizado
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Sete candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) participaram do debate promovido pelo Metrópoles na noite desta terça-feira (23/8). No evento, os postulantes ao Palácio do Buriti apresentaram propostas de governo e questionaram os adversários. Em certos momentos, houve troca de farpas e, ao longo de duas horas e meia, os aspirantes ao GDF puderam expor suas ideias ao público presente no auditório do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e aos milhares de internautas que acompanharam a transmissão ao vivo no canal do Metrópoles no YouTube, nas redes sociais do portal e na Rádio Metrópoles (104.1 FM).
Ibaneis Rocha (MDB), Izalci Lucas (PSDB), Leandro Grass (PV), Leila Barros (PDT), Keka Bagno (PSol), Paulo Octávio (PSD) e Rafael Parente (PSB) participaram do debate.
Confira como foi:
Abertura do debate
A abertura do embate de ideias foi feita pela diretora-executiva do portal, Lilian Tahan, que ressaltou a importância do evento a fim de ajudar a população do DF a escolher o próximo governador. “Em poucas semanas escolheremos os candidatos que nos representará nos próximos quatro anos. Por isso, conhecer suas biografias, o que fizeram no passado, os questionamentos que respondem, promessas cumpridas e as não cumpridas são parte fundamental nesse processo de escolha”, destacou.
Na sequência, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), desembargador Roberval Belinati, fez considerações sobre o debate para o fortalecimento da democracia. “É uma honra para o TRE-DF participar da abertura desse debate muito importante. Existe um ditado popular que diz: ‘O povo tem o governo que merece’. Esse ditado existe porque a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Se escolhemos bem os representantes, teremos um bom governo. Daí a importância de prestar atenção no debate para poder avaliar ideias e propostas”, ressaltou.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si.
Leila Barros quis saber de Izalci Lucas sobre as propostas para melhorar a mobilidade urbana na cidade. “Temos de investir em ferrovias, VLT e metrô. Há estudos de novos modais, inclusive. Temos de expandir ainda para chegar a Santa Maria e ao Gama”, respondeu o tucano. Em sua tréplica, Leila foi além e prometeu, caso eleita, expandir o metrô para Asa Norte, Sobradinho, Santa Maria e Ceilândia.
Para Ibaneis, Keka Bagno indagou sobre a morte de uma mulher na fila do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), no Paranoá. O atual chefe do Executivo local citou avanços na área durante sua gestão. “Eu venho de família humilde, pobre, que passou por muita dificuldade para vencer na vida. Então, eu me coloco na posição dessa pessoa. Não só ela, mas outros que estão na fila dos Cras. Mas temos de reconhecer que este governo foi o que mais ampliou os benefícios sociais nos últimos tempos no Distrito Federal. Só o Cartão Prato Cheio são 60 mil famílias contra 6 mil cestas básicas que eram entregues no governo anterior. No Vale Gás, nós entregamos 70 mil botijões de gás”, respondeu.
Na sequência, Rafael Parente convidou Leila a destacar suas propostas sobre a redução dos casos de feminicídios, que já vitimaran 12 mulheres este ano. Leila disse que uma de suas bandeira é a segurança das mulheres. “Vamos investir em casas abrigos, construir delegacia da mulher na região norte e trazer mais Casas da Mulher Brasileira para a Região Norte”.
A cultura foi o assunto escolhido por Leandro Grass, que criticou as atuais políticas. “Eu e o Lula, a gente tem o compromisso de reabrir o Teatro Nacional de Brasília, que é fundamental. Mas não só ele, também o Teatro da Praça, de Taguatinga. Eu falei com o Lula sobre isso e a gente vai fazer”, disse Grass.
Na tréplica, Parente disse: “Então, eu também vou buscar com o Alckmin [candidato a vice-presidente na chapa de Lula] esse compromisso, para que a gente também possa reabrir o Teatro Nacional. Já que o Lula tem esse compromisso, o Alckmin certamente vai ter também”.
Segundo bloco
No segundo bloco, jornalistas do Metrópoles fizeram perguntas aos candidatos. Paulo Octávio foi questionado pelo colunista Rodrigo Rangel sobre a operação Caixa de Pandora. Na época, vice-governador de José Roberto Arruda, o agora candidato pelo PSD deixou o governo em meio ao escândalo de corrupção. Rangel também lembrou a prisão do empresário, em 2014, por suspeita de corrupção para liberação do alvará de um shopping de sua propriedade. Diante disso, quis saber como ele conseguirá garantir um eventual mandato íntegro.
Usando seu um minuto e meio de tréplica, o empresário disse que teve “desprendimento ao renunciar pela pressão política”. Sobre sua passagem pela cadeia, respondeu: “Se fui preso por ter feito um empreendimento privado, sem recursos públicos, me prendam mil vezes. Essa é minha vida. Não temo nada. Minha vida é muito tranquila”.
Já o editor-chefe do Metrópoles, Otto Valle, questionou Keka sobre a proposta da candidata do PSol de construir, caso seja eleita, Varas de Execuções Criminais a fim de evitar que pessoas que cometam crimes de menor potencial ofensivo fiquem atrás das grades. Keka respondeu que o DF tem mais de 16 mil presidiários e a solução não passa por erguer mais cadeias. “Não temos propostas de ressocialização. Acredito na potencialidade da restauração da população. As políticas públicas que diminuem a criminalidade”, respondeu.
O colunista Ricardo Noblat questionou Grass sobre a falta de envio de emenda parlamentares à Secretaria de Desenvolvimento Social, pasta responsável por liberar benefícios sociais e que, nos últimos dias, tem tido dificuldades para administrar filas nas portas das unidades. O postulante ao GDF do PV ressaltou que as emendas são destinadas pelos deputados, mas [eles] não têm poder de executar. “É o governo que tem de pegar esse dinheiro e transformar em ação”.
Carlos Carone, repórter e colunista da Na Mira, questionou o candidato Izalci Lucas (PSDB) acerca das propostas para a segurança pública. Carone deu exemplos de problemas como o da Floresta dos Sussurros, onde há sexo explícito no Parque da Cidade, e o Banheiro do Pó, com tráfico de drogas a poucos metros da Torre de TV. O aspirante ao GDF não respondeu diretamente sobre os dois assuntos abordados por Carone e falou sobre questões relacionadas à saúde e qualificação profissional.
O colunista Guilherme Amado perguntou à candidata Leila Barros sobre a recente comissão da Terracap que recomendou ao Tribunal de Contas a efetivação da cobrança de R$ 637 mil pela não prestação de contas de um repasse à Secretaria de Esporte à época em que ela era secretária da pasta no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Amado questionou como Leila, se eleita, pretende administrar recursos e prestar contas de um governo inteiro, sendo que não conseguiu fazê-lo em uma pasta específica.
“Nós fizemos um termo de cooperação internacional onde assinamos um convênio com a Terracap, que repassou esse recurso. E essa execução não passou diretamente pelas minhas mãos. A Unesco, que é um órgão internacional de muito respeito, veio aqui e realizou os 10 jogos que estavam planejados para as Olimpíadas, um evento incrível que nunca tinha ocorrido aqui e que tive muito orgulho de trazer. E, detalhe, dos R$ 8 milhões que foram recebidos, nós devolvemos R$ 3,8 milhões. Isso mostra nosso compromisso com a transparência e o respeito com os recursos públicos”, destacou Leila.
A repórter Isadora Teixeira, da coluna Grande Angular, indagou o governador Ibaneis Rocha sobre soluções para a saúde em uma eventual reeleição e questionou se o chefe do Executivo local ainda avalia o Instituto de Gestão Estratégica (Iges-DF) como forma de solução dos problemas para o setor. “O Iges-DF prestou grande contribuição para a população do DF, em especial durante a pandemia. Temos 7,8 mil servidores lá que prestam um excelente serviço”.
O colunista Igor Gadelha questionou o candidato do PSB, Rafael Parente, sobre como ele pretende lidar com a queda de arrecadação devido à redução da alíquota de ICMS de combustíveis. “Os impostos precisam ser mais baixos. Temos como fazer mais cortes de tributos. Precisamos de uma reforma tributária séria no DF. Nossos pequenos e médios empresários pagam muitos impostos”, respondeu Parente a Gadelha.
Terceiro bloco
O terceiro bloco foi o mais quente. No enfrentamento de ideias, alguns candidatos se exaltaram. O deputado distrital Hermeto (MDB), que acompanhava o debate da plateia, se retirou do auditório após ser vaiado. Tudo começou quando o parlamentar passou a desconcentrar os participantes durante as respectivas falas no debate.
Segundo convidados que estavam sentados próximos a Hermeto, nas primeiras fileiras, o deputado começou a atrapalhar o candidato Leandro Grass, enquanto ele respondia. Depois, o distrital passou a provocar Leila Barros, mas a senadora reagiu.
“Estou muito tranquila e digo à Terracap e àqueles que comandam a Terracap que não vão me desmoralizar nesse pleito e muito menos me intimidar querendo colocar no bojo, no mesmo saco que políticos desta cidade que sempre se envolveram com corrupção”, respondeu Leila a Hermeto, que ainda tecia comentários a respeito da pergunta feita no bloco anterior pelo colunista Guilherme Amado.
Depois do entrevero, a plateia passou a gritar pela retirada do parlamentar, que decidiu deixar o local.
A temperatura também subiu quando Parente ironizou o patrimônio de Ibaneis Rocha e se ele tinha “ciência de casos de corrupção em seu governo”. O chefe do Executivo retrucou também em tom provocativo: “Desconheço qualquer ato de corrupção no meu governo. Quanto ao meu patrimônio, ele é totalmente declarável. Tenho muita tranquilidade em relação ao meu patrimônio, ao que comprei, deixei de comprar, e isso só devo satisfação à Receita Federal e não a você — que não sei nem de onde vem o seu patrimônio”.
Leandro Grass quis saber de Keka as propostas da psolista sobre “a exclusão econômica das mulheres no mercado de trabalho”. “Uma das grandes dificuldades que a gente que trabalha na ponta tem com mulheres que sofrem violência doméstica é a questão da autonomia de suas rendas. Nós colocamos na renda básica permanente que as mulheres consigam ter o dobro do benefício social, porque elas chefiam as famílias, e a pobreza é feminina”.
Quarto bloco
O quarto bloco foi de perguntas feitas pelos parceiros do Metrópoles: Senac e Fibra. Cada candidato teve 1 minuto e meio para responder aos questionamentos.
Veja a pergunta do Senac:
“A mobilidade e a segurança dos trabalhadores são questões que impactam diretamente no desempenho do comércio, responsável por 50,3% do PIB do Distrito Federal. Muitos reclamam do tempo gasto nas viagens, da falta de linhas urbanas e da restrição de horários que afetam o funcionamento de bares e restaurantes durante a madrugada, por exemplo. Há também a questão da segurança em muitas regiões, principalmente no período da noite. O que o (a) candidato (a) acha que pode ser feito para melhorar esse cenário, garantindo tranquilidade para os trabalhadores se deslocarem a qualquer hora?”
Grass prometeu fazer uma “revolução” no sistema de transporte público do DF com a mudança no modelo de gestão e expansão de todo o sistema. Ibaneis citou a retomada de obras que estavam paralisadas “há muito tempo” e prometeu colocar em andamento o BRT Oeste e o BRT Norte. Izalci defendeu o investimento em tecnologia para fazer com que os passageiros passem menos tempo dentro de ônibus ou metrô. Keka defendeu a integração do DF e Entorno com tarifa única. Leila garantiu ressuscitar “projetos engavetados que são fundamentais para a melhoria do transporte público”. Paulo Octávio considerou a expansão do metrô “necessária” e, por fim Rafael Parente disse que é preciso “diversificar e ter mais tipos de transporte público disponíveis, bem como estimular a competição entre os modais”.
Veja a pergunta da Fibra:
“Estudo da Confederação Nacional da Indústria indica que a cada real produzido pela indústria, outros R$ 2,43 são gerados para a economia nacional. Este valor é quase o dobro do retorno obtido com investimentos em outros setores. Este alto retorno de investimento se dá porque a indústria tem a capacidade de movimentar toda a economia. Uma região industrializada tem os setores do comércio e de serviços fortes, fator que impulsiona a geração de empregos de qualidade e de renda, além de promover o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Diante desses fatos, qual sua proposta para o efetivo desenvolvimento industrial do DF?”
Keka disse que irá construir polo industrial. Paulo Octávio disse ser preciso “pensar em um novo aeroporto em Planaltina para escoar toda nossa produção”. Para Leila, a interlocução com Goiás e Minas Gerais é fundamental para expansão dos negócios em Brasília. Izalci aposta na qualificação e Parente, no investimento em logística. Já Leandro Grass disse ser importante estimular as pequenas empresas. Ibaneis falou de realizações e ressaltou que o caminho é avançar na pauta da indústria limpa e investir num polo logístico”.
Equipe do Metrópoles que participou do debate: