Candidatos ao GDF participam do primeiro debate de 2022
Sete postulantes ao Palácio do Buriti apresentaram propostas e fizeram questionamentos entre si na noite deste domingo
atualizado
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Sete candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) participaram de debate na TV Band na noite deste domingo (7/8). No evento, os postulantes ao Buriti apresentaram propostas e questionaram os adversários.
Ibaneis Rocha (MDB), Izalci Lucas (PSDB), Leandro Grass (PV), Leila Barros (PDT), Keka Bagno (PSol), Paulo Octávio (PSD) e Rafael Parente (PSB) participaram do programa.
Embora este tenha sido o primeiro debate realizado após o lançamento dos nomes pelas convenções partidárias, o evento foi morno. Houve ataques pontuais entre os adversários, mas a temperatura não chegou a subir em momento algum.
Saúde e educação
No primeiro bloco, quatro candidatos falaram sobre o que fazer para reduzir as filas na saúde pública. Os outros três postulantes ao Buriti falaram sobre melhorias na educação.
O governador Ibaneis ressaltou que a capital avançou, ainda que passando por um período difícil. “Mesmo no período de pandemia nós não paramos: construímos sete Upas, fizemos nove unidades básicas de saúde, aumentando equipes de saúde da família de 372 unidades para 596”.
Na sequência, Izalci classificou a saúde pública da capital de “caos”. As pessoas não são atendidas. “O governo é para cuidar das pessoas, principalmente das que mais precisam. Deve-se colocar saúde com remédios, com médicos, contratar os profissionais. É isso que nós vamos fazer.”
Rafael Parente voltou artilharia à atual gestão. “A pandemia não pode ser usada como desculpa para o caos na saúde. É urgente recompor os quadros da saúde. Precisamos de mais médicos, mais enfermeiros. A gente também tem problemas de corrupção. Precisamos acabar com o Iges”, afirmou.
Paulo Octávio destacou que pretende investir nas policlínicas. “Nelas, vamos ter pediatria, ginecologia, ortopedia e endocrinologia. Porque as pessoas vão às unidades básicas de saúde e voltam para casa, não resolvem os problemas. Aí vão para os hospitais. A opção de criar as policlínicas é a opção nova que vamos apresentar”.
Para Keka Bagno, não se pode justificar a crise na educação pública pela pandemia. “A grave crise na evasão escolar é a falta de assistência para a permanência dessas crianças nas escolas. A grande deficiência que a gente tem é de crianças com deficiências ou doenças raras, que não tiveram recursos para frequentar as escolas, mesmo em período de aulas remotas”.
Já Leila Barros quer trazer a comunidade para as escolas e melhorar o ambiente estudantil. “A questão da evasão foi um problema. A gente via a disparidade entre escolas públicas e privadas e vamos tentar resolver isso, principalmente com a busca ativa”.
Leandro Grass emendou que a educação foi prioridade dele ao longo do mandato de deputado distrital. “Quando iniciou a pandemia, em março de 2020, a única coisa que o governo foi capaz de fazer foi jogar para a televisão um conjunto de aulas completamente desconectadas dos projetos pedagógicos.”
Assistência social, segurança pública e desempregados
No segundo bloco, os candidatos puderam fazer perguntas entre si.
Na primeira pergunta, Izalci questionou Ibaneis sobre as filas nos Centros de Assistência Social (Cras).
O governador respondeu que “nós tivemos o período mais difícil de todas as populações o que agravou todas as questões sociais, gerando fechamento de empresas e desemprego”. “Passamos a atender 60 mil famílias com o Cartão Prato Cheio, no valor de R$ 250. Criamos o programa do vale-gás e hoje distribuímos botijão de gás a 70 mil famílias. Temos problemas nas filas e vamos resolver. Abrimos mais quatro Cras e faremos mutirões”.
Ainda no tema assistência social, Ibaneis questionou Keka Bagno sobre o que ela faria para ajudar essa população.
A candidata do PSol, que é assistente social e conselheira tutelar, disse que, nos últimos meses, atendeu mães “que tiveram que dar farinha e água para seus filhos” “Essa é a realidade do DF. Assistentes sociais, todos e todas adoeceram na pandemia pela irresponsabilidade da sua gestão.”
Em seguida, Leila Barros questionou o que Paulo Octávio faria para diminuir a sensação de insegurança entre os estudantes, principalmente, entre as mulheres.
O candidato do PSD afirmou que “cada vez mais, a proteção à mulher é essencial”. “Nas escolas, pelo menos nas que frequentei, sempre tivemos excelente relacionamento com as mulheres. Nunca presenciei agressão às colegas mulheres. Essa agressão às mulheres nas escolas, não consigo enxergar. Não tem casos comprovados. Não vejo isso.”
Depois, foi a vez de Leandro Grass questionar Izalci sobre a violência no DF.
O tucano disse que o DF tem “uma defasagem grande na área de segurança pública, na Polícia Militar, no Corpo de Bombeiros e na Polícia Civil”. “Em 2009, era para termos 19 mil PMs e, hoje, temos 10 mil. Nós temos um déficit. A segurança passa por emprego, assistência social e dignidade no atendimento das pessoas”, comentou.
Depois, Paulo Octávio perguntou a Leila Barros como ela diminuiria o desemprego no DF.
A senadora ressaltou que criaria uma agência de desenvolvimento no Banco de Brasília. “O BRB pode dar sua maior contribuição como banco de fomento e desenvolvimento para, justamente, apoiar o pequeno e micro empresário. São eles que, de fato, empregam no DF. Nós vamos aumentar o crédito a esse setor.”
Rafael Parente quis saber de Leandro Grass como o rival pretende ajudar os desempregados e endividados do DF.
O deputado distrital afirmou que conhece a realidade dos superendividados. “Tem a ver com a forma como os bancos tratam as pessoas. Na CLDF, debatemos esse tema e cobramos do BRB juros menores e parcelamentos. Em relação à geração de emprego e renda, a gente precisa apoiar os pequenos e micro negócios”, afirmou Grass.
Na última pergunta do bloco, Rafael Parente foi questionado por Keka Bagno sobre como resolver os problemas no transporte público.
O ex-secretário de Educação disse que o DF tem a quarta passagem mais cara do Brasil. “Precisamos, urgentemente, resolver isso. A gente tem cidades pensadas para os carros. Precisamos trazer as vans de volta. Precisamos pensar nos VLTs, pensar na mobilidade verde. Precisamos de ônibus, vans e bicicletas elétricas para que a população possa andar no DF e no Entorno pagando, por dia, R$ 4.”
No terceiro bloco, os candidatos foram questionados por jornalistas. Cada um respondeu sobre um tema diferente: Centro Administrativo, privatizações, pandemia, espaços culturais, separação entre público e privado, violência nas escolas e seca no DF.
Verbas públicas, Entorno, transporte
No bloco seguinte, os candidatos voltaram a fazer perguntas entre si.
Leandro Grass disse que o DF recebeu R$ 22 milhões de verbas do orçamento secreto federal e que, desse valor, destinou R$ 7 milhões para o Piauí. O distrital questionou Ibaneis Rocha por que essa verba não ficou no DF.
Ibaneis respondeu: “Fui procurado por um senador de Tocantins, Eduardo Gomes, que nos propôs trazer recursos para o DF pela Codevasf, para Planaltina e Brazlândia. Eu, por ser do interior do Piauí, sou procurado por diversas pessoas e lideranças, e coloquei essas lideranças em contato com esse senador, que destinou recursos solicitados por esses prefeitos. Mas não fui eu quem destinei, quem destinou foi a União, dentro das regras existentes e que já foram analisadas pelo STF. Tudo isso feito através de um orçamento público, que tem toda a fiscalização”.
Logo depois, Paulo Octávio perguntou para Leila Barros qual será a solução dela para integrar o Entorno com o DF.
Leila Barros disse que é precisso “estar em contato com os governadores que estão perto do nosso território”. “Por exemplo, o governador do Goiás. Acho que faltou um pouco de tato do governo atual para resolver as demandas dessa população da Ride [Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno]. Nem o DF nem Goiás assumem o compromisso de melhorar as estruturas, o diálogo”.
A pergunta seguinte foi de Ibaneis Rocha para Paulo Octávio. O governador destacou que o rival tem empresas que atuam na área pública do DF e se não haveria conflito de interesse caso ele venha a ser eleito governador.
Paulo Octávio disse: “No tempo todo em que fui deputado, senador e vice-governador, eu nunca tive contratos de obras públicas aqui no DF. Fiz questão de não ter. No seu governo, que eu saiba, só temos uma obra pública em que a Paulo Octavio participa. Se for governador, abro mão de qualquer recurso público do GDF para qualquer emissora de TV minha, rádio ou construtora, até porque, 99% da nossa atividade é totalmente privada”.
Na sequência, Leila Barros perguntou para Rafael Parente qual a proposta dele para o transporte público do DF.
Parente ressaltou que “nós precisamos andar mais de ônibus, sentir o que a população sente”. “Passar de duas a três horas dentro do trânsito, dentro de um ônibus lotado, é massacrante. No nosso governo, nós vamos fazer a expansão do Metrô do Gama para Santa Maria e construir o Metrô da Asa Norte”.
Izalci Lucas também fez questionamento a Rafael Parente e quis saber o que aconteceu na saída dele da Secretaria de Educação.
Parente falou sobre a ruptura com o atual governador. “Depois de alguns meses, começaram a aparecer as interferências políticas e econômicas e as questões relacionadas às escolas. A gente colocou como algo inaceitável o governador atravessar uma decisão das comunidades escolares, que não queriam a implementação da gestão compartilhada [com a Polícia Militar]. Isso foi a gota d’água para minha saída do governo.”
Na sequência, Rafael Parente indagou Keka Bagno sobre o que a candidata faria para combater a fome no DF.
Para a candidata do PSol, “essa situação das filas dos Cras e dos Creas não tem justificativa”. “Poderíamos ter de volta o 156, que é a proposta do nosso governo. Nós também trazemos como proposta o cadastramento por meio de aplicativo. Assim como os trabalhadores da assistência que fizerem hora extra possam receber para fazer esse trabalho.”
Na última parte do bloco, Keka Bagno acusou Ibaneis Rocha de ter “abandonado a saúde pública” e perguntou se ele teria condições de fazer algo para resolver os problemas do setor.
O governador lembrou as ações na pandemia. “Nessa área da saúde, somos nós que enfrentamos a maior pandemia da história. As primeiras decisões foram tomadas exatamente por mim, no sentido de fechamento de escolas, colocar as pessoas em regime fechado para que a gente pudesse ter a possibilidade de avançar na saúde. Abrimos leitos para Covid, criamos hospitais de campanha. O investimento na saúde durante a pandemia, com auxilio do governo federal e dos senadores, foi de mais de R$ 3 bilhões.”
Após esse bloco, cada candidato teve 2 minutos para as considerações finais.
Após o debate
Ao fim do debate, os candidatos fizeram uma avaliação da troca de ideias que ocorreu durante cerca de duas horas.
O atual governador Ibaneis Rocha destacou que ainda tem muito mais a falar da gestão dele. “Não dá pra se falar de tudo, principalmente para quem fez tanto por essa cidade. Nós temos muito a mostrar ainda, o que ficará para a propaganda eleitoral, onde poderemos prestar contas à sociedade”.
Já o deputado distrital Leandro Grass destacou a possibilidade de apresentar ideias. “Foi um debate bom, de caráter propositivo. Consegui mostrar os problemas da atual gestão e também mostrar quais as nossas soluções”.
O senador Izalci Lucas lembrou que é necessário ter planos claros a apresentar à população. “O eleitor precisa saber as propostas. O DF tem que ser um modelo para o país, não dá para ser no improviso”.
Paulo Octávio salientou a importância do debate no sentido de possibilitar uma melhor escolha da população. “Um momento democrático, muito oportuno, para que os candidatos apresentem suas ideias, seus projetos, suas metas”.
A senadora Leila Barros pontuou que houve muito respeito entre todos os pré-candidatos. “Nós precisaríamos mais tempo, mas foi um debate educado, todo mundo bem moderado, as pessoas se respeitaram”.
Rafael Parente, no entanto, disse que aguardava mais ação de todos os pré-candidatos. “Meio monótono, às vezes um blá blá blá, essa coisa de política. Eu esperava um pouco mais de adrenalina”.
Por fim, Keka Bagno lembrou da importância do papel que ela representa na pré-candidatura. “Foi muito bom, nos diferenciamos. Mostramos que nós mulheres negras estamos prontas para enfrentar uma conjuntura política tão difícil”.