Rollemberg é o terceiro governador do DF a perder a reeleição
Segundo especialistas, ter a “máquina pública na mão” pode ser vantajoso, mas também é desgastante ao mandatário
atualizado
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Derrotado nas urnas por Ibaneis Rocha (MDB) neste domingo (28/10), Rodrigo Rollemberg (PSB) é o terceiro governador não reeleito no Distrito Federal. O socialista não conseguiu reverter a alta rejeição que adquiriu nos últimos anos e repetiu o desempenho de Cristovam Buarque em 1998 e o de Agnelo Queiroz em 2014, quando eles tentaram sem sucesso a reeleição pelo Partido dos Trabalhadores. O único que conseguiu renovar um mandato em Brasília foi Joaquim Roriz, em 2002.
Desde o início da campanha, Rollemberg patinou nas pesquisas eleitorais. No primeiro turno, permaneceu sempre na margem de erro dos 12% das intenções de votos, mas acabou seguindo nas eleições devido ao mau desempenho dos concorrentes, que perderam sufrágios na reta final. No dia 7 de outubro, ele conquistou 210 mil votos, o equivalente a 10% do eleitorado brasiliense.
Já no segundo turno, da primeira à última pesquisa, a vantagem de Ibaneis Rocha (MDB) ficou na casa dos 50 pontos percentuais. Rollemberg não conseguiu mostrar reação suficiente e chegou a ser rejeitado por 63% dos eleitores. No fim do pleito, o socialista recebeu 451.329 sufrágios – 30,21% dos votos válidos.
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles atribuem ao cenário nacional conturbado, com escândalos e acusações de corrupção e descrédito à classe política, um empecilho para o socialista. “Toda essa questão fez com que a população buscasse votar naqueles que ainda não estão envolvidos com a política. Estar à frente da máquina pública pode ser positivo, mas também desgastante”, explica o cientista político Aurélio de Abreu.
Histórico
Desde quando a reeleição foi instituída no Brasil, em 1997, o primeiro governador da capital que não conseguiu dar continuidade à gestão foi Cristovam Buarque (PPS). À época pelo PT, o político comandou o DF de 1994 a 1998, mas perdeu o novo mandato, numa disputa acirrada e polêmica no segundo turno, para Joaquim Roriz, filiado ao então Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), por uma diferença de 36.230 votos.
Em 2002, Roriz venceu outro petista, Geraldo Magela, por 15.775 votos, e se manteve no poder. Quatro anos depois, José Roberto Arruda (então pelo DEM) derrotou a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia (à época no PSDB) no primeiro turno. Como foi abatido pelas denúncias da Operação Caixa de Pandora, no maior caso de corrupção descoberto no Distrito Federal, Arruda perdeu o mandato e não pôde tentar a nova disputa.
O segundo governador derrotado na tentativa de se reeleger ao Palácio do Buriti foi Agnelo Queiroz (PT). Em 2010, o petista disputou o cargo com a ex-primeira dama Weslian Roriz. Ele venceu por 426.502 votos. Mal avaliado pela população do DF, Agnelo terminou em terceiro lugar nas eleições de 2014 e nem sequer passou para o segundo turno.
Segundo Aurélio de Abreu, os brasilienses estão cada vez mais exigentes. “Cada um enfrentou uma situação diferente. O Cristovam teve que lidar com forças políticas. O Agnelo teve o desgaste do mandato. O Rollemberg desde o início teve um problema muito grande com a comunicação. É difícil as pessoas entenderem que não tem dinheiro, mas que ele diz que as contas estão equilibradas”, comenta.
O professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer acredita que Rollemberg assumiu o governo sabendo que seria difícil disputar a reeleição. “Ele recebeu a bomba de seu antecessor, que aumentou o salário dos servidores e causou um déficit nas contas públicas. Por isso, já começou perdendo”, afirma.