metropoles.com

Datafolha: brasilienses rejeitam, como nunca, candidatos ao GDF

Números reforçam insatisfação do eleitorado local com figuras conhecidas e crescimento do buritizável que aposta no discurso de “outsider”

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela / Metrópoles
debate2
1 de 1 debate2 - Foto: Igo Estrela / Metrópoles

A divulgação da mais recente pesquisa Datafolha, na noite dessa quinta-feira (4/10), revela uma fotografia inédita: nunca antes na história do Distrito Federal o eleitor teve tantas opções rejeitadas pela população.

De um conjunto de 11 nomes que se colocam na corrida ao Palácio do Buriti, apenas um deles está descolado: Ibaneis Rocha (MDB), com 32% das intenções de voto. Todos os outros 10 candidatos têm menos de 15% da preferência do eleitorado. Entre eles, Eliana Pedrosa (Pros), Rogério Rosso (PSD), Alberto Fraga (DEM) e até mesmo o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB).

Os números do estudo reforçam que a maior parte da população brasiliense rejeita os políticos conhecidos. Os mais tradicionais oscilam nas posições seguintes com praticamente um terço do que mantém o primeiro colocado, novato nas urnas. Um exemplo flagrante desse quadro acontece com Rollemberg, integrante desse segundo pelotão de buritizáveis, que se embola na disputa pelo concorrido segundo turno.

Tradicionalmente, quem tem a “chave do cofre” do Palácio do Buriti, pelo fato de estar em constante exposição, costuma levar certa vantagem na corrida pelos votos, mesmo quando é mal avaliado pela população. Basta observar a situação do ex-governador Agnelo Queiroz (PT).

O petista ficou com a pecha de um dos piores gestores do Distrito Federal, em quesito de competência, e, mesmo assim, chegou nas proximidades das eleições com 23% das intenções de voto. Agora, o atual governador não passa de 15% da preferência do eleitorado, segundo sondagens do Datafolha.

Ocupante da principal cadeira do Palácio do Buriti entre 2010 e 2014, Agnelo foi o primeiro governador do DF a tentar a reeleição e não chegar ao segundo turno. Se as recentes pesquisas de intenção de voto estiverem corretas, Rollemberg corre o risco de vivenciar a mesma realidade – até porque a situação do petista às vésperas da votação há quatro anos, segundo levantamentos da época, era melhor do que a do socialista hoje.

Apesar dessa perspectiva, a campanha de Rodrigo Rollemberg disse, por meio de nota, “não fazer sentido uma análise comparativa dos cenários eleitorais com quatro anos de diferença”. Segundo o texto, “os candidatos são outros, o momento político é outro e as propostas são absolutamente distintas”.

2 imagens
Rejeição de Agnelo, há quatro anos, era de 48%. A de Rollemberg, atualmente e também em período pré-eleitoral, chegou a 52%
1 de 2

Então candidato à reeleição ao GDF, Agnelo (PT) chegou a arrebanhar 23% dos votos. Atualmente, Rollemberg não passou de 11%

Arte / Metrópoles
2 de 2

Rejeição de Agnelo, há quatro anos, era de 48%. A de Rollemberg, atualmente e também em período pré-eleitoral, chegou a 52%

Arte / Metrópoles

Ascensão
Pelos números da sondagem do Ibope de quarta (3), era vislumbrada a possibilidade, ainda que remota, de a campanha se encerrar no primeiro turno. O cenário Datafolha, porém, aponta para uma disputa acirrada com vistas ao segundo turno entre nomes conhecidos do eleitorado brasiliense: Eliana, Rollemberg e Rosso, os três tecnicamente empatados dentro da margem de erro, de três pontos percentuais para cima ou para baixo.

Líder nas intenções atuais de voto, Ibaneis iniciou a corrida com 2% das intenções de voto, mas conseguiu criar na população a narrativa do novo.

Com uma oratória incisiva, o emedebista conquistou parte do eleitorado por adotar o discurso de “outsider”, aquele que não pertence a um grupo determinado – mesmo tendo como padrinho político o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB), o qual chegou a ser preso em decorrência da Operação Panatenaico, sobre desvio de recursos na obra do Estádio Mané Garrincha.

Por outro lado, em oscilações positivas e negativas, o segundo pelotão se reveza na segunda colocação. Em ponto de auge, Eliana chegou a manter-se na liderança da busca pelos votos. Alberto Fraga conseguiu, mesmo que por pouco tempo, assumir a vice-liderança nas pesquisas. Rollemberg, contudo, permaneceu de forma retilínea.

No auge do seu desempenho, em setembro, Eliana alcançou 20% das intenções de votos, seguida por Fraga, que tinha 14%; Ibaneis, com 13%; e Rollemberg, com 12%. Ele era acompanhado de perto por Rogério Rosso, com 11%.

No entanto, coincidentemente após a divulgação de notícias negativas contra o democrata e a ex-distrital, a tendência de crescimento inverteu-se e resultou numa queda considerável na preferência dos brasilienses.

Fraga foi condenado em primeira instância por recebimento de propina enquanto ocupava a Secretaria de Transporte no governo de José Roberto Arruda (PR). Por sua vez, Eliana foi denunciada, com outras 46 pessoas, por suposta formação de cartel no Rio de Janeiro.

Apesar de também ter sido alvo de uma denúncia por superfaturamento e dano ao erário e de pertencer a um partido com histórico de corrupção, Ibaneis manteve a tendência de crescimento.

Sempre que era questionado acerca da escolha da legenda pela qual decidiu concorrer, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF) tinha esta frase na ponta da língua: “Não existe partido corrupto, existem pessoas corruptas”, repetia.

Com o cenário cada vez mais definido, o candidato emedebista também aparece em favoritismo num eventual segundo turno, de acordo com o levantamento Datafolha divulgado nessa quinta-feira (4). Em suposta disputa entre os dois primeiros colocados, Ibaneis alcançaria 57%, contra 27% de Eliana.

Se a decisão fosse contra o atual governador, o emedebista teria ainda mais eleitores: 61% contra 23% do candidato socialista. Na avaliação com Rosso, o pessedista também seria derrotado pelo novato nas urnas: Ibaneis teria 63%, e o deputado federal, 20%.

“Outsider”
Vários fenômenos se apresentam na disputa ao Buriti de 2018, entre eles, a estagnação de Rollemberg. Mestre em ação política pela Universidad Rey Juan Carlos, na Espanha, e coordenador do curso de pós-graduação em relações governamentais do Mackenzie, Márcio Coimbra comenta que Rollemberg não soube se promover enquanto governador.

“Essa história de que não há corrupção e que ele arrumou as contas da casa, geralmente, não dá votos. Não é um político articulado, que saiba receber e transitar no povo. Há políticos no DF que têm mais essa habilidade”, afirmou.

Outro ponto é o comportamento de Ibaneis. Professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), consultor, jornalista e colunista do Metrópoles, Hélio Doyle observa que o emedebista se destaca em debates e entrevistas. “Sem entrar no mérito do conteúdo, independentemente do que Ibaneis argumenta, ele fala bem e passa credibilidade. Esse e outros fatores trabalham a favor dele”, analisou.

Na opinião do mestre em comunicação política e governança pela George Washington University (EUA) Aurélio Maduro, Ibaneis decolou porque tem o perfil de “outsider”, uma pessoa que não pertence ao mundo político. “O outsider tem a vantagem de ter uma camada de proteção porque as pessoas não enxergam nele um político profissional”, comentou.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?