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Briga de Bolsonaro e Haddad deixa Ibaneis e Rollemberg em encruzilhada

O PSB declarou apoio a Haddad, mas deixou Rollemberg livre para decidir. Ibaneis tende a seguir Bolsonaro, mas quer garantias para o DF

atualizado

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1 de 1 balanca - Foto: Kacio Pacheco/Metrópoles

Os dois dias que sucederam o primeiro turno destas eleições, no último domingo (7/10), foram de intensas negociações e avaliações de estratégias. A polarização nacional entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) na disputa pela Presidência da República refletiu-se diretamente nos núcleos de inteligência das campanhas do Distrito Federal para o segundo turno. Até agora, nem Rodrigo Rollemberg (PSB) nem Ibaneis Rocha (MDB) cravaram apoio a algum dos presidenciáveis, embora já haja algumas sinalizações.

Tanto o emedebista quanto o candidato do PSB sabem que o caminho escolhido, seja qual for, pode trazer bônus, mas também ônus eleitoral. Os brasilienses destinaram 58,37% dos votos a Bolsonaro, o que o tornou líder no primeiro turno no DF. Fernando Haddad conquistou a terceira posição, ao obter 11,87%, ficando atrás do pedetista Ciro Gomes, com 16,6%.

Os números inflamam os debates e têm grande peso na escolha dos eleitores que ainda não definiram em quem votar para o Governo do Distrito Federal (GDF) no segundo turno. Outro ponto a se considerar é a expressiva votação obtida pelo candidato Paulo Chagas (PRP), apoiado por Jair Bolsonaro.

Chagas surpreendeu ao ultrapassar nomes tradicionais da política brasiliense, como Eliana Pedrosa (Pros) e Alberto Fraga (DEM), e chegar à quarta posição na corrida eleitoral. O militar da reserva recebeu 7,35% dos votos, o que representa mais de 110 mil eleitores, apesar do pouco tempo de TV e do baixo investimento na campanha – ele declarou à Justiça Eleitoral ter gastado R$ 53 mil.

A busca pelo espólio do general vem dos dois lados: tanto Ibaneis quanto Rollemberg estão de olho nesses eleitores. Apesar disso, Chagas firmou posição neutra. Conforme o Metrópoles antecipou, o candidato derrotado não apoiará ninguém ao GDF. Dedicará seu tempo para tentar eleger Bolsonaro para o Palácio do Planalto.

Derrotado nas urnas no último domingo (7), Alberto Fraga (DEM) também ficará neutro no segundo turno. Já Eliana Pedrosa (Pros) ainda não sinalizou se apoiará um dos dois remanescentes na disputa ou se ficará também em cima do muro na reta final destas eleições.

Movimentações
Essa terça-feira (9/10) foi movimentada na capital. O PSB, de Rollemberg, declarou apoio nacional ao petista Fernando Haddad, mas deixou livres os diretórios de São Paulo e do Distrito Federal. O candidato à reeleição ao Palácio do Buriti se reuniu com o diretório local, mas não firmou nenhuma posição oficial. A tendência é os socialistas de Brasília ficarem neutros no segundo turno presidencial.

“Nós não vamos nos posicionar contra ninguém. Vamos nos posicionar a favor de teses. Apoiaremos uma candidatura que defenda os princípios democráticos e o desenvolvimento social”, afirmou Rollemberg. “Sempre tivemos uma postura muito coerente ao longo de toda nossa trajetória, em defesa dos direitos sociais e fortalecimento da democracia”, completou.

Já Ibaneis Rocha recebeu apoio de políticos declaradamente pró-Bolsonaro, como Rogério Rosso (PSD), terceiro colocado na briga pelo GDF, e o senador eleito Izalci Lucas (PSDB).

O emedebista ainda não bateu o martelo sobre o palanque para o presidenciável do PSL, mas nomeou Rosso como interlocutor das negociações com o capitão do Exército. O buritizável quer um “gesto” de Jair Bolsonaro sobre a prioridade do Distrito Federal dentro do projeto nacional.

Ibaneis está incomodado com um dos slogans de campanha: “Mais Brasil, menos Brasília”. Por mais que seja uma figura de linguagem, referindo-se à esfera nacional, o candidato ao Buriti espera uma mudança na associação pejorativa com o nome da capital.

“O Distrito Federal já demonstrou que quer Bolsonaro como presidente. Falta, no entanto, uma demonstração dele sobre o que pode fazer pelos brasilienses. Por isso, autorizei o Rosso a buscar um entendimento sobre nossas prioridades mais urgentes”, disse Ibaneis ao Metrópoles.

Apoios declarados
Rodrigo Rollemberg caminhou, no primeiro turno, ao lado de PV, PCdoB, PDT e Rede. Na jornada que se iniciou nessa segunda-feira (8/10), a tendência é atrair outros partidos da esquerda progressista e também amenizar rusgas com apoiadores insatisfeitos.

É o caso do PSol, da agora ex-candidata ao Palácio do Buriti Fátima Sousa, que publicou nota na qual condiciona o apoio a Rollemberg ao repúdio do buritizável à candidatura de Bolsonaro. Nesta semana, o governador intensificará a busca por alianças no segundo turno.

O candidato a vice na chapa de Rodrigo Rollemberg, Eduardo Brandão (PV), afirmou que vários apoios foram costurados durante esses dois dias, porém o foco da coligação Brasília de Mãos Limpas não é atrair partidos, mas pessoas.

“Estamos conversando com a sociedade organizada, com a população, com os eleitores. Essa eleição mostrou que a questão partidária não tem sido determinante para as pessoas. Apoio de A ou de B não transfere voto para ninguém. As pessoas querem acreditar no candidato que tem coerência”, afirmou Brandão.

Ibaneis também está correndo. Além de PSD e PSDB, a Democracia Cristã (DC) anunciou que caminhará com o emedebista. O postulante já tem em sua coligação PP, Avante, PSL e PPL. Flerta intensamente com PHS, PPS e PRB, da Igreja Universal do Reino de Deus, além do PR, do ex-pré-candidato ao GDF Jofran Frejat. Ex-secretário de Saúde, ele deve confirmar apoio ao emedebista na manhã desta quarta (10).

A adesão ao projeto do advogado foi aprovada por unanimidade em assembleia da Comissão Executiva do PPS nessa terça-feira (9). A oficialização do apoio, no entanto, só ocorrerá após avaliação do diretório da sigla. Os membros do partido se encontrarão nesta quarta-feira. “Apresentamos nossas propostas, que foram prontamente acolhidas por Ibaneis”, afirmou o presidente do PPS no DF, Chico Andrade.

Sigla do senador e candidato à reeleição derrotado nas urnas Cristovam Buarque, o PPS é aliado de primeira hora de Rogério Rosso.

Já o PHS estava na coalizão de Eliana Pedrosa (Pros). Em meio a uma batalha judicial em pleno processo eleitoral, o presidente provisório da legenda chegou a anunciar apoio a Ibaneis poucos dias antes dos eleitores irem às urnas. Decisão liminar, no entanto, devolveu o comando a Cristian Viana.

“Reunimos nossos candidatos, entre eles o Hermeto, que foi eleito deputado distrital. Quase todos manifestaram a intenção de apoiar Ibaneis. Teremos novos encontros nos próximos dias”, explicou Viana.

De acordo com ele, para oficializar o embarque, a legenda espera que o emedebista assuma compromissos com os policiais militares. “É a categoria que o Hermeto representa e precisamos de garantias”, disse o presidente do PHS.

PT, um caso à parte
O PT, de Fernando Haddad, perdeu força no Distrito Federal depois do governo de Agnelo Queiroz e dos escândalos de corrupção nacionais com a Operação Lava Jato. Parte da insatisfação foi demonstrada nas urnas em 2014, quando o então postulante à reeleição ao GDF não chegou sequer ao segundo turno, mesmo com a máquina nas mãos. A rejeição foi ratificada em 2018, com a baixa aceitação no DF de Haddad e do mais recente candidato petista ao Palácio do Buriti, Júlio Miragaya.

Entre os 11 postulantes ao Governo do Distrito Federal, Miragaya ficou em nono lugar na disputa. Teve 60.592 votos (4,01%). A rejeição à legenda é perceptível, tanto que Rollemberg e Ibaneis não querem nem considerar uma eventual aliança. Eles sabem que, hoje, uma aproximação não traria benefício algum: em vez de ganharem votos, muito provavelmente perderiam eleitores. Na etapa decisiva da briga pela cadeira número um do DF, qualquer voto conta muito.

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