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“Ele parecia ser normal”, diz mulher mantida refém pelo namorado

Vítima ficou 11 dias em cárcere privado, enquanto era agredida e ameaçada de morte pelo então companheiro, o tatuador José Messias Alves

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1 de 1 agredida-por-namorado - Foto: Reprodução

A jovem torturada e espancada pelo namorado com barras de ferro, em Ceilândia, não consegue esquecer dos momentos de terror vividos em sua própria casa. *Viviane (foto em destaque) foi mantida 11 dias em cárcere privado pelo tatuador José Messias Alves, 37 anos, enquanto era agredida e ameaçada de morte. A vítima falou pela primeira vez após o seu resgate, em entrevista ao Metrópoles, e relatou que a violência começou de forma silenciosa: “Ele aparentava ser um homem normal”, disse.

Segundo ela, as mudanças no comportamento do tatuador começaram após três meses de relacionamento. À época, a jovem nem imaginava que a possessividade de José resultaria nas agressões, físicas e psicológicas sofridas durante 15 dias seguidos, 11 deles trancada em casa.

“Ele era muito ciumento. Não me deixava sair para lugar nenhum. Não gostava nem que eu fosse trabalhar”, relembra ela, amparada por familiares, que têm dado apoio emocional à jovem após o ocorrido.

A balconista foi ameaçada diversas vezes, inclusive com uma faca no pescoço. Era amordaçada com um pano enquanto recebia os golpes de barra de ferro por todo corpo. A jovem ainda carrega as marcas roxas causadas pelo ódio do então namorado.

A vítima conheceu José no ano passado, no estúdio de tatuagem onde ele trabalhava. Ele tinha uma namorada, com quem estava junto havia seis meses. Após conhecer Viviane, porém, o agressor passou a enviar mensagens para ela, demonstrando interesse e dizendo que tinha terminado o relacionamento.

“Nos conhecemos no trabalho dele. Eu fui fazer uma tatuagem e, depois, começamos a nos envolver. Ele parecia gente boa. […] Com o tempo, começou a se mostrar ciumento com as minhas coisas”, narra.

Apesar de assustada com o comportamento de José, Viviane nunca procurou a polícia nem falou com amigos sobre o jeito controlador do homem. Não por conivência, mas por medo do que ele seria capaz de fazer, caso ela o denunciasse. Foi na véspera de Natal que o agressor mostrou seu lado violento, frio e cruel.

“Eu estava tomando banho e demorei um pouco. Ele começou a reclamar e, do nada, já saiu me batendo”. Os golpes que sofreu começaram por volta das 18h e só cessaram na manhã seguinte. Desde então, a mulher não teve paz.

A vítima trabalha em uma padaria e, no dia após o início das agressões, foi questionada por colegas sobre as marcas em seu corpo. Ela mentiu. “Eu disse que tinha caído, fiquei com medo”, conta.

Em 31 de dezembro, José não deixou Viviane retornar ao emprego. Desde então, a vítima foi mantida em cárcere privado. Foram 11 dias presa dentro da própria casa. O local, que era um ambiente seguro para a jovem, virou uma prisão, onde ela passou a ser agredida diariamente, de várias formas.

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Ficou em choque

De acordo com o delegado à frente do caso, Gutemberg Santos Morais, da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia), Viviane estava em estado de choque e de submissão quando prestou depoimento.

A mulher tinha dificuldades para denunciar o agressor e falava por diversas vezes que tinha medo de morrer. “Ela parecia não estar ciente da situação. Estava em choque”, afirmou Morais.

As marcas da barbárie estão nos braços, nas pernas, na barriga e no rosto da mulher. Segundo depoimento prestado pela vítima e por uma ex-namorada de José que denunciou o caso, Viviane teria passado dias amordaçada enquanto era açoitada.

O tatuador teria enviado mensagens com vídeos da barbárie à ex-namorada e a amigos pelo telefone da própria vítima. Tudo foi documentado na 15ª Delegacia de Polícia, e José, autuado em flagrante.

A fúria do tatuador teria sido motivada, segundo Viviane, por um aplicativo de músicas instalado no smartphone da vítima. Ao ver uma notificação, ele teria pensado que se tratava de um app de relacionamento e acreditou que estava sendo traído. O celular de Viviane foi apreendido e os arquivos serão recuperados para análise do conteúdo, uma vez que o autor do crime repassou mensagens a diversas pessoas por meio dele. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso.

*Nome fictício para preservar a identidade da vítima.

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