“Ele gosta de humilhar”, diz atendente de pizzaria no DF sobre Wassef
Garçonete do Pizza Hut Danielle da Cruz, 18, comentou em detalhes o dia em que teria sido ofendida pelo ex-advogado da família Bolsonaro
atualizado
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A atendente do Pizza Hut que denunciou o ex-advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, após ter sido chamada de “macaca” diz que o homem “gosta de humilhar”. “Eu acho que ele [Wassef] gosta de humilhar as pessoas por ele ser, vamos dizer assim, de ‘alto padrão’ [financeiro]”, disse a Danielle da Cruz de Oliveira, 18 anos. “Ele falou que não queria ser atendido por mim porque eu era negra e disse que eu tinha cara de sonsa e não saberia anotar o pedido dele”
Danielle fez a declaração nesse domingo (15/11), em entrevista ao Fantástico, da TV Globo. Wassef nega as acusações e diz ser “vítima de uma armação montada”. Durante a entrevista, Danielle contou detalhes do dia em que o advogado teria proferido as ofensas contra ela, em 11 de novembro.
“Ele [Wassef] quis vir até onde eu estava, que era o balcão, onde eu só fecho as mesas, e aí ele veio do meio da pizzaria até onde eu estava. Falou que a pizza estava uma bosta, perguntou se eu tinha comido a pizza, eu falei que não. E aí ele começou a falar: ‘ah, mas você é uma macaca. Você come o que derem para você comer’.”
A atendente ainda contou que assim que o gerente da loja soube do caso, ele repassou a informação à direção da franquia. No boletim de ocorrência que a jovem registrou, três funcionários da pizzaria são testemunhas e confirmam as agressões.
“Na mesma hora que o superior ficou sabendo, já ligou para o advogado e falou que eu tinha todo o apoio deles para fazer um boletim de ocorrência contra o cara, porque eles não aceitam que uma pessoa faça isso com outras pessoas”, comentou.
Em vídeo divulgado pelo próprio advogado, ele repete que Danielle “não é negra”. Rebatendo as falas de Wassef, a atendente reforçou: “sim, eu sou negra”. “Com toda a certeza, eu sempre me reconheci como uma”, completou.
Entenda o caso
Segundo a atendente, ela foi ofendida por Wassef, depois que ele reclamou que a pizza não estava boa. A situação teria ocorrido no domingo (8/11) e foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, como injúria racial.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve acesso, o advogado já teria agredido verbalmente Danielle no mês passado. Na ocasião, ele teria dito que não queria ser atendido pela mulher. “Você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar o meu pedido.”
Por meio de nota, Wassef afirmou que tudo que foi dito pela funcionária são mentiras e calúnias e, na verdade, ele teria sido “vítima de uma armação montada”. O advogado alega que uma denunciação caluniosa foi organizada sob a orientação de terceiros para ganhar dinheiro visando uma futura ação indenizatória.