“Ele assassinou minha filha. Tenho certeza disso”, diz mãe de Natália
Edivânia Ribeiro afirmou nesta sexta (5/4) que filha, encontrada morta no Lago Paranoá, namorou jovem suspeito e havia terminado dias antes
atualizado
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Embora as informações preliminares das investigações indiquem que a universitária Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, tenha se afogado no lago, a família e os amigos insistem que a jovem foi assassinada pelo rapaz de 19 anos filmado dentro do lago com ela, momentos antes de a modelo submergir e desaparecer. “Ele assassinou a minha filha. Tenho certeza disso. Tramou essa ida para o lago, pois lá iria ficar indefesa”, disse Edivânia Ribeiro, mãe da vítima, nesta sexta-feira (5/4).
A família e a advogada contratada para o caso, Juliana Zappalá Porcaro Bisol, contaram que Natália falou para parentes e colegas que estava namorando um rapaz da Asa Norte, mas que dias antes de desaparecer afirmou que a relação havia terminado.
“Me disse que ia na casa da mãe dele e que era uma pessoa muito boa. Na semana do caso, voltei a falar com ela e me disse que havia terminado”, reforçou Edivânia. “Creio que ela terminou e ele a matou por vingança. Foi premeditado, planejado”, completou.
Ele não tem para onde correr. Temos provas de que ele a conhecia. Ela me disse que estava namorando um rapaz alto, que morava na Asa Norte e estudava para entrar na polícia, mas pouco tempo depois acabou o relacionamento, dias antes do crime
Edivânia Ribeiro, mãe de Natália
Para a advogada, a informação desmente, mais uma vez, a versão do jovem investigado. Ele informou em depoimento à polícia que não conhecia Natália, e a viu pela primeira vez na festa no Clube Almirante Alexandrino, no último domingo (31/3). O corpo dela foi encontrado boiando no Lago Paranoá na segunda (1º/4).
O suspeito já havia mudado o primeiro depoimento, quando imagens de câmeras de segurança da Marinha mostraram que os dois entraram juntos no lago, mergulharam algumas vezes e, ao final, ele emergiu e saiu da água, deixando a jovem submersa no local.
Em seu primeiro depoimento, o rapaz disse que tinha ficado em terra, apenas observando a universitária. O conteúdo das imagens foi divulgado em primeira mão pelo Metrópoles.
Veja fotos de Natália:
Justiça
“A família só me pediu uma coisa: justiça. E isso significa descobrir o que realmente ocorreu com a Natália. São muitas contradições, comportamentos fora do normal. Está tudo muito estranho. Como ela foi embora deixando as chaves, celular e a bolsa no clube? Os relatos são muito esquistos”, pontuou a advogada. “É fato que eles tinham esse relacionamento. Outras pessoas nos confirmaram”, acrescentou.
De acordo com a advogada, a universitária tinha dois aparelhos celulares. “A família descobriu esse segundo celular agora. O primeiro já está sendo periciado e vamos encaminhar o outro para a perícia. Para a advogada, há indícios de luta corporal: “Pelo estado do corpo, acredito que não tenha sido um simples afogamento. Marca de socos nos olhos, lábio superior cortado, arranhões no sentido vertical, da bochecha pra baixo, e nariz quebrado”.
A defesa argumentou que a jovem não estava bêbada: “Ela não bebeu. Sabia nadar e, inclusive, mergulhava fazendo uso de equipamentos próprios. Além do fato de a água no local ser rasa e o ponto mais fundo atingir o pescoço dela”. Segundo a advogada, um áudio enviado para a mãe momentos antes da morte atestaria que a jovem não estava embriagada.
Ouça o áudio:
Outra versão
As informações levantadas pela defesa contratada pela família de Natália são rebatidas pelo defensor público André Praxedes, que acompanha o caso a pedido de parentes do jovem de 19 anos, a última pessoa a ser vista por testemunhas no Lago Paranoá com a modelo. “Foi com a namorada para o churrasco e, em determinado momento, saiu para tomar uma ducha sozinho. E encontrou com a Natália”, ressaltou.
Praxedes contou ainda que, logo após deixar Natália no Lago Paranoá, o suspeito voltou para a festa e informou o que estava ocorrendo. “Falou com as pessoas do grupo dele que a menina tinha ficado lá”, assinalou. Mas Praxedes não soube explicar por que o rapaz não voltou para buscá-la. “Talvez, pela inexperiência. Eram meninos jovens que podem não ter percebido a gravidade da situação na hora, por conta da embriaguez”, disse.
O defensor afirma ainda que o jovem foi embora do churrasco acompanhado de duas pessoas. “Eles chamaram um carro e foram para o Subway. Ele ainda precisou ficar deitado, dada a situação de embriaguez”, afirmou.
Apenas no dia seguinte, conta André Praxedes, o jovem foi atrás de notícias da garota. “Ele voltou ao clube na segunda [1º/4] pela manhã para buscar informações da menina. Lá, ficou sabendo que a polícia estava atrás dele”, disse.
O defensor chegou a afirmar que o suspeito teria se desesperado ao ver que a universitária teria desaparecido, mas diz que foi mal interpretado. “O sentido de desespero é o de que ele ficou sem saber o que fazer. Chegou a sair do lago e tentou procurar a Natália”, garantiu.
Dor na despedida
Parentes e amigos se despediram de Natália nessa quarta-feira (3). Muito abalada, a mãe da jovem estudante de letras, Edivânia Ribeiro, 47, cobrou justiça. “Minha menina. Está doendo. Mataram minha filha”, disse, aos prantos, durante o cortejo do corpo.
Natália foi com um grupo de quatro amigos a um churrasco no domingo (31/3) e sumiu quatro horas depois. Câmeras de segurança flagraram o momento em que os dois jovens entraram no lago. Ele saiu. De acordo com Célio Ribeiro, 51, tio de Natália, a jovem estava com o rosto machucado. “Quando vi o corpo no IML [Instituto Médico Legal], já percebi as marcas. Como se tivesse levado um soco”, disse.
Cautela
Investigadores da 5ª Delegacia de Polícia (área central) analisam outras imagens de câmeras de segurança que podem ajudar a esclarecer a morte de Natália Ribeiro dos Santos Costa.
Os policiais tiveram acesso a mais um vídeo. Segundo o Metrópoles apurou, ele indica que o rapaz que estava com a vítima também teria se afogado, mas conseguiu sair do espelho-d’água.
Em um determinado momento, é possível ver que os dois ficam submersos. Logo depois, o jovem, também de 19 anos, morador da Asa Norte, volta para a margem, observa e vai embora. As gravações foram feitas entre as 18h e 18h30 de domingo (31/3). Todas mostram os dois dentro do lago. Ele disse não ter entrado no espelho-d’água, mas foi desmentido pelas imagens. Os investigadores têm convicção de que ambos estavam completamente embriagados.
A Polícia Civil trata o caso com cautela e não afirma oficialmente se já é possível apontar algum crime. O Metrópoles, no entanto, apurou que a possibilidade de ter ocorrido um feminicídio é praticamente descartada pelos investigadores. Eles esperam concluir o caso após receberem o laudo preliminar cadavérico, que vai apontar as causas da morte e se houve algum tipo de agressão ou violação à vítima.
De acordo com a defesa do rapaz, as inconsistências nos dois depoimentos prestados por ele são por que, no primeiro, na 6ª DP (Paranoá), ele estava sob “muita pressão”. O jovem foi levado ao IML na quarta (3) para exame da arcada dentária. “Isso porque ele não consegue afirmar categoricamente que foi ela quem o mordeu”, justificou Praxedes.